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O furo jornalístico depende dos alcaguetes


(*)por Marco Antônio Araújo

O furo jornalístico está se tornando uma atividade em extinção. Deveria ficar sob a tutela do Ibama ou da Funai. Questão de tempo para se tornar verbete de enciclopédia.

Antigamente, o furo era a capacidade de um jornalista investigar a fundo o que os poderosos tentavam esconder. Bons tempos. Não voltam mais.

Hoje, o furo é a capacidade que um repórter tem de atender ao telefone na hora certa. Mais nada. Pronto. Acabou. Vergonha.

Basta lembrar alguns dos últimos grandes momentos da imprensa. A começar pela Renata Lo Prete, da Folha de S.Paulo, e o chamado mensalão.

Ela apenas estava sentada na sua cadeira quando o Roberto Jefferson ligou para ela. Ganhou o Prêmio Esso por isso.

E o furo das provas do Enem que foram vazadas? O Estadão investigou isso durante meses? Não. Os bandidos que ligaram para a redação. Emocionante.

Esses são os casos mais comuns. O de um repórter ser arrancado de sua rotina por um telefonema bombástico, um dossiê anônimo, uma proposta indecente.

Perigo é quando passam por bucha de canhão ou laranja de falcatrua. Ficaria seriamente preocupado se o Daniel Dantas ligasse pra mim. Onde foi que errei, perguntaria.

Se não fossem os criminosos ressentidos que querem ferrar os criminosos desavisados, não haveria mais grandes revelações. Algumas entrevistas parecem delação premiada. Há instrumento de vingança melhor do que a imprensa?

Não podemos esquecer as mulheres traíras que destroem a vida dos maridos ladrões. Essas são imprescindíveis. Pobre Pitta, que descanse em paz.

Mas cuidado. Há o furo safado, corrupto, vendilhão – tipo subornar advogados e delegados para noticiar com exclusividade a confissão de algum psicopata.

Ou participar de uma blitz da Policia Federal vestindo colete de agente.

Tem jornalista pra tudo. E leitor, também.

NR: ( Em tempo, hoje comemora-se o Dia do Jornalista!!! )

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