Centro Espírita é incendiado durante a madrugada em Sobradinho II
Equipes da
corporação atuaram com três viaturas e cerca de 14 bombeiros trabalharam no
local até a extinção das chamas
(*) Nathália
Cardim
O Centro Espírita
Chão de Flores localizado na Área Especial 14, na avenida principal de
Sobradinho 2, foi incendiado na madrugada desta sexta-feira (29/1). As chamas
tiveram início por volta das 2h45 e um homem, Valdecy de Lima Silva, de 24 anos
ficou ferido e precisou ser levado ao Hospital Regional de Sobradinho (HRS).
Ele sofreu queimaduras nos pés, no rosto e nos braços.
O Corpo de
Bombeiros foi acionado. Equipes da corporação atuaram com três viaturas e 14
militares trabalharam no local até a extinção das chamas. De acordo com
informações do CBMDF, houve queima parcial do espaço. Uma sala de costura que
funcionava no local ficou completamente destruída pelo fogo. Ainda não se sabe
a causa do incêndio. Os militares fizeram perícia no local. O resultado do laudo
deve sair em 30 dias.
O assistente
social responsável pelo local, Guilherme Varandas, disse que as causas do
incêndio serão apontadas após a perícia. “Tinha sinais de arrombamento. Uma
grade de uma das janelas estava arrebentada. Em dois anos, essa é a segunda vez
que sofremos algum tipo de ataque”, lamenta. “Já fiz o registro da ocorrência
na delegacia. Estamos muito tristes com tudo isso. Mas não vamos acabar com o
nosso trabalho de caridade. Continuaremos com fé”, afirma.
A vizinha do
lote, Tamires de Lima Silva Alves, 27, é irmã do jovem que se queimou no
incêndio. “Acordei com um susto. Um dos meus irmãos gritou que o centro estava
pegando fogo e corremos para tentar ajudar. O Valdecy pegou uma mangueira, mas,
como as chamas estavam muito altas, acabou se queimando”, conta. Tamires mora
no local há mais de 18 anos e afirmou que o local já havia sido invadido.
O crime
ocorre uma semana depois de ser criada pelo Governo do Distrito Federal (GDF) a
Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa
ou por Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência. A medida
foi tomada após uma sucessão de ataques contra terreiros de matrizes africanas,
cuja soma atingiu 15 ocorrências em 2015. Por isso, em outubro, representantes
de aproximadamente 50 terreiros do Distrito Federal e do Entorno estiveram na
Câmara Legislativa, em audiência pública, para tentar preservar a religião
africana.
Entre os pedidos deles estavam a nova unidade policial e a preservação da religião. Agora, compete à delegacia especializada registrar, investigar, abrir inquéritos e adotar os procedimentos necessários para resolver os crimes praticados contra pessoas, entidades ou patrimônios públicos ou privados, cuja motivação será a intolerância religiosa.
Durante a
solenidade que ocorreu no último dia 21 a presidente da Fundação Cultural
Palmares, Cida Abreu, ressaltou que a medida representa uma vitória para o
país. “Depois de 300 anos de luta, qualquer medida que combata o racismo e a
intolerância é uma medida atrasada, mas não uma medida que não vem em um
momento importante. Esse é um dia que representa a vitória de todo o país”,
ressaltou. O caso vai ser investigado pela 35ª Delegacia de Polícia (Sobradinho
2). A unidade policial especializada só deve começar a funcionar nas próximas
semana.
(*) Nathália
Cardim /CB
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