EDUCAÇÃO
Centros de ensino especial oferecem aulas com foco no mercado de
trabalho
Alunos com qualquer
tipo de deficiência podem ser encaminhados para o programa, disponível em oito
regiões administrativas
Serviço de Orientação para o Trabalho, da Secretaria de Educação. O
programa funciona em 8 dos 13 centros de ensino especial da rede.
Quem
não estuda nas unidades, mas está inserido na mesma regional de ensino, também
pode participar. É o caso de Manoel, que é aluno do segundo ano do ensino médio
do Centro Educacional 1 de Planaltina, mas frequenta as aulas do Serviço de
Orientação para o Trabalho no Centro de Ensino Especial 1 da mesma região.
(*) MARIANA DAMACENO
O
sonho de Manoel Pereira da Silva, de 17 anos, é ser advogado. Há quase dois
anos, o garoto, que nasceu com deficiência intelectual leve, dedica suas manhãs
a aulas sobre direitos e deveres no mercado de trabalho. Ele é um dos alunos
que participam do Serviço de Orientação para o Trabalho, da Secretaria
de Educação. O programa funciona em 8 dos 13 centros de ensino
especial da rede — Brazlândia, Gama, Guará, Planaltina, Samambaia, Santa
Maria, Sobradinho eTaguatinga —
e atende pessoas com qualquer tipo de deficiência. A idade mínima é 15 anos.
O
lugar foi o primeiro a receber a iniciativa, implementada pela professora
aposentada Neide Samico, de 57 anos, há cerca de duas décadas. O Centro de
Ensino Especial 1 também é o único que oferece a alunos com deficiência aulas
de informática por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino
Técnico e Emprego (Pronatec), do governo federal. “Isso tem sido muito
importante para mim, pois estou aprendendo muitas coisas, mesmo já sabendo
mexer no computador”, comemora o adolescente.
Para
Neide, os encontros são importantes tanto para a prática profissional dos
alunos quanto para atividades básicas, como mexer no caixa eletrônico para
retirar o salário. “Tudo é informatizado hoje em dia. Esperamos que, com
essa prática, eles tenham maior facilidade para abrir uma conta e
preencher os relatórios no novo emprego, por exemplo.” A capacitação do
Pronatec começou neste ano e também atende pessoas sem deficiência.
“Tudo é informatizado hoje em dia. Esperamos que, com essa prática, eles
tenham mais facilidade para abrir uma conta e preencher os relatórios no novo
emprego, por exemplo.”Neide Samico, idealizadora da iniciativa
Na
sala de aula do Centro de Ensino Especial 1, no contraturno das disciplinas
regulares, além do professor do Pronatec, uma docente auxilia os alunos com
deficiência. A capacitação é seguida pelo encontro do Serviço de Orientação
para o Trabalho, em outra sala, que dá aos estudantes informações sobre
documentos necessários, entrevista e técnicas mais comuns para o emprego. Nesse
caso, a escola ainda mantém contato com empresas interessadas em empregar os
adolescentes com mais de 18 anos e faz o acompanhamento, caso haja a
contratação.
Acompanhamento do aluno no ambiente de trabalho
Somente
em Planaltina, seis pessoas foram encaminhadas ao mercado de trabalho neste
ano. Algum funcionário da escola vai à empresa interessada e checa se o local
tem ambiente e técnicas acessíveis tanto para a entrevista quanto para o dia a
dia do novo empregado. O acompanhamento da rotina do estudante no ambiente é
feito por três meses, geralmente o tempo de experiência. “Se nesse tempo o
chefe ou o aluno encontrar alguma dificuldade, há um contato por meio da escola
com o responsável e uma conversa com o estudante para que aquilo possa ser
melhorado”, detalha Neide.
Além
disso, ainda há atendimento específico às famílias, que muitas vezes têm
dificuldade de aceitar que o filho vá ao trabalho sozinho, por exemplo. Para a
professora aposentada, é preciso evitar tais atitudes. “Existe uma
superproteção que se tenta quebrar durante o processo. Costuma-se pedir para
que os pais deixem o adolescente ir e voltar da escola sozinho, para se
acostumar.” Os estudantes são encaminhados ao Serviço de Orientação para o Trabalho
pela própria instituição de ensino, e o atendimento complementar não é
obrigatório.
(*) fONTE: MARIANA
DAMACENO, EDIÇÃO: PAULA OLIVEIRA, FotoS: Gabriel Jabur/Agência Brasília
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