SOCIAL
Voluntários
animam rotina em hospitais públicos
Com a missão de
arrancar um sorriso dos pacientes, pessoas doam parte do tempo para visitar
unidades de saúde.
(*) MARIANA DAMACENO
Há
quem acredite que sorrir é o melhor remédio. O grupo Nariz de Palhaço adotou
a teoria e duas vezes por mês tenta arrancar dos pacientes do Hospital
Regional de Planaltina um riso que sirva como alÃvio para a dor. A
equipe, com aproximadamente 15 pessoas, desenvolve o trabalho na unidade há
cerca de um ano e é uma das dezenas que doam tempo aos atendidos na rede
pública de saúde do Distrito Federal.
O grupo Nariz de Palhaço adotou a teoria e duas vezes por mês tenta arrancar dos pacientes do Hospital Regional de Planaltina um riso que sirva como alÃvio para a dor.
Eles
dedicam uma hora e meia de palhaçadas, brincadeiras e palavras de conforto não
apenas a quem está doente. O carinho da atividade também atinge em cheio os
acompanhantes e quem está ali a trabalho, como médicos, enfermeiros e
vigilantes. “Os servidores já chegam para falar com o paciente com o humor diferente
e melhor”, explica o assistente da Coordenação de Voluntariado do hospital,
Josias Bezerra. A visita ocorre em quase todo o hospital, com exceção de áreas
isoladas, como a Unidade de Terapia Intensiva e a maternidade.
Josias
conta que o riso não traz apenas benefÃcios imediatos. A gargalhada, segundo
ele conta, pode acelerar a cura. “Já existem pesquisas cientÃficas comprovando
que a duração da endorfina liberada na risada é longa e melhora o sistema
imunológico.” Isso aumenta a absorção dos medicamentos, por exemplo.
Existem pesquisas cientÃficas comprovando que a duração da endorfina
liberada na risada é longa e melhora o sistema imunológico. Isso aumenta a
absorção dos medicamentos Josias Ribeiro, coordenador de voluntariado do Hospital Regional de
Planaltina
Gerlândia
Lima Braga, de 35 anos, se emocionou com a música que o palhaço Mondrongo
tocava no violino. A pedagoga e psicóloga está acompanhando desde o dia 23 o
irmão doente no hospital e diz que o sentimento pela iniciativa é de gratidão. “Já
quero levá-los para a escola onde trabalho. As crianças também vão amar.” O
grupo também atende, voluntariamente, locais como escolas públicas, asilos e
casas de passagem.
Cadastramento do voluntariado
A
Gerência de Voluntariado da Secretaria de Saúde agora trabalha para
cadastrar todas as iniciativas e mensurar quantos grupos se prestam a ajudar de
alguma forma os pacientes da unidade. Há quem se ofereça para celebrar cultos
ou missas, quem doe roupas, sapatos e alimentos e pessoas que visitam as instalações
para tentar de perto melhorar a rotina dos doentes. “Para fazer a caridade,
basta ter amor”, resume o coordenador do Nariz de Palhaço, Marcelo dos Santos
Martins, de 46 anos — ou palhaço Amarelo.
O
gerente do setor, Cristian da Cruz Silva, conta que existem grupos que fazem
trabalhos esporádicos e outros que já integram a rotina de um ou mais
hospitais. Alguns, inclusive, já são cadastrados, como no caso da entidade Viva
e Deixe Viver, com sede em São Paulo e representação em BrasÃlia.
São
12 associações cadastradas, ligadas diretamente a hospitais como o de Base, o
da Asa Norte, o de Sobradinho, o de Apoio e o do Gama.
No caso da Viva e Deixe Viver, são voluntários capacitados pela própria
instituição para contação de histórias. Em BrasÃlia, eles visitam o Hospital
Regional de Ceilândia e o Hospital Materno Infantil.
Para animar a criançada
“Tum,
tum, tum! Quem é? Pode entrar! Sou contador de histórias e uma história vou
contar.” A rima anuncia a chegada do grupo. Somente no Hospital
Regional de Ceilândia, 22 voluntários, divididos em seis equipes, doam duas
horas do dia para ler de maneira criativa para as crianças da enfermaria e as
que ainda esperam atendimento.
No Hospital Regional de Ceilândia, 22 voluntários, divididos em seis
equipes, doam duas horas do dia para ler de maneira criativa para as crianças
da enfermaria e as que ainda esperam atendimento.
As
visitas ocorrem quase todos os dias, com exceção das terças-feiras. É comum
observar pais atentos e funcionários debruçados nos vidros da enfermaria para
escutar as histórias que os voluntários selecionam. “Eu estava procurando me
tornar útil para o próximo e encontrei o Viva”, conta Leda Dal Magro, de 56
anos, coordenadora da associação na unidade de Ceilândia. Para ela, a
iniciativa também é uma maneira de incentivar o gosto pela leitura nas
crianças.
Gosto
que levou Lêda e os companheiros a escolher a contação de história como forma
de ajudar o outro. Joelma Martins da Silva, de 47 anos, está no grupo há poucos
meses, mas foi inspirada pelo mesmo sentimento de altruÃsmo. “Todos nós temos
uma habilidade que pode ser doada para alguém.”
Caracterizados,
os contadores disfarçam as vozes, interagem com as crianças e arriscam fazer
com que elas esqueçam, pelo menos por um instante, que estão em um hospital.
Para Kristian Samuel da Silva Sousa, de seis anos, deu certo. O menino quebrou
o braço e precisou passar por uma cirurgia, mas era o mais animado para
responder os incentivos dos voluntários. “É muito bom ver os olhinhos deles
brilhando”, dispara a responsável pelo voluntariado no hospital, Arlete Hosana
de Oliveira. “Isso melhora o tempo resposta ao tratamento.”
Atividade regulamentada
Além
dos voluntários que atuam de forma lúdica, há os que prestam serviços como
corte de cabelo, doação de roupas perucas e oficinas de artesanato e pintura,
por exemplo. Todas as atividades de voluntários sociais foram regulamentadas
pela Portaria
nº 180,
de 31 de agosto de 2016.
Os
voluntários sociais são diferentes dos voluntários profissionais. Atuação
também regulamentada pela Secretaria de Saúde no ano passado, pela Portaria
n° 260, publicada em novembro. Nesse caso, são
selecionados profissionais para atuarem em sua área de formação. Ou seja,
médicos, enfermeiros, arquitetos, que atuarão como tais.
(*)
Fonte: Mariana Damaceno - Foto: Tony Winston/Agência BrasÃlia
Um comentário
Excelente iniciativa é disto que precisamos de pessoas que realmente façam a diferença.
Parabéns!
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