MEIO AMBIENTE
SOS Ribeirão Sobradinho
"Se o
rio Sobradinho fosse uma pessoa, o que ele estaria nos dizendo agora?",
foi com essa pergunta, em uma audiência pública, que um dos diretores da Adasa
(Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF), Diógenes
Mortari, convidou à reflexão sobre a maneira como tratamos nossos rios,
especialmente os urbanos, como é o caso do Ribeirão Sobradinho.
Envolvida
desde o final da década passada em ações de revitalização do ribeirão, como o
plantio de 10 mil árvores nativas nas margens do ribeirão em 2013, a Adasa foi
anfitriã da solenidade de assinatura do contrato para elaboração do diagnóstico
ambiental do Ribeirão Sobradinho. O estudo embasará a criação da Unidade de
Conservação na região, incluindo o Parque Canela da Ema. O objetivo é realizar
análises técnicas para definir uma poligonal ideal, levando em conta as áreas
de abrangência dos parques já existentes na região. A assinatura ocorreu durante a AgroBrasília,
no estande da Adasa, no dia 18 de maio.
O ribeirão,
que nasce próximo ao condomínio Alto da Boa Vista e tem 28km de extensão até
chegar ao rio São Bartolomeu, percorre chácaras, propriedades rurais e áreas
públicas em 153km² de drenagem, sofre há mais de 20 anos com a ocupação
irregular ao longo de suas margens. Segundo a Codeplan (Companhia de
Planejamento do Distrito Federal), a população de Sobradinho (I e II) passou de
133 mil em 2004 para 170 mil pessoas em 2015. O crescimento rápido e
desordenado desmatou e impermeabilizou o solo, fazendo com que as águas
pluviais se misturassem ao esgoto clandestino e aos resíduos sólidos urbanos
desaguando no ribeirão, além de centenas de quilos de entulho e lixo que ali
são diariamente despejados.
A degradação
foi tanta que em 2006 o ribeirão foi tema de mestrado de um pesquisador, o professor
Raimundo Pereira, também morador de Sobradinho, com 52 anos de história com a
região administrativa e com esse curso d´água. Após quatro anos de estudo, o
professor chegou à conclusão de que o rio estava completamente morto do ponto
de vista biológico. Por essa razão, criou a Associação SOS Ribeirão e se
mobilizou junto a entes e agentes locais, obteve a atenção do governo e da
imprensa para atender os gritos de socorro que o rio já dava, agonizando sob os
impactos da deterioração ambiental. Foi criada também a Casa do Ribeirão, um
centro de atividades ecológicas voltadas à comunidade local.
O
diagnóstico do ribeirão deve ficar pronto em seis meses, mas a implementação do
projeto completo levará de 20 a 30 anos. Segundo a Adasa, outros órgãos do governo
também devem realizar levantamento de dados, elaborar pareceres técnicos e
reunir informações para diagnóstico da situação atual de um dos principais
afluentes do rio São Bartolomeu. Todos os pormenores da região serão levados em
conta – situação fundiária, esgotamento e saneamento, agronegócio, drenagem
pluvial, qualidade da água. Segundo a Agência, outras ações devem ser
realizadas para reduzir os impactos ambientais, tais como intensificar a
fiscalização sobre as captações irregulares e as outorgas existentes, melhoria
da base de dados do local, verificação do monitoramento da qualidade da água e
uma intensa campanha de conscientização da população para conservar e proteger
o local e assegurar o direito do rio a coexistir com a humanidade, apesar de ação
nociva do homem.
A exemplo do
que aconteceu na Nova Zelândia em março deste ano, em que o rio Whanganui,
venerado pelos maoris, ganhou personalidade jurídica, quem sabe o documento que
contém as assinaturas do diretor-presidente da Adasa, Paulo Salles, do
presidente da Associação SOS Ribeirão, Raimundo Pereira, do secretário de
Agricultura e Desenvolvimento do DF, José Guilherme Leal, e do responsável
técnico da empresa Géo Lógica Consultoria Ambiental, Cristiano Goulart Simas,
seja o reconhecimento de que os rios, assim como as pessoas, também devem ter
garantido seu direito essencial à vida.
Assessoria de
Comunicação e Imprensa/ADASA - Fotos CB e JS
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