SOBRADINHO PRESERVA CULTURAS DO BRASIL
Principal festejo é em memória à tradição secular do Bumba meu boi
Sobradinho
preserva há mais de meio século uma das principais riquezas da cultura
maranhense: a tradição secular do Bumba meu boi. A história, que começou na
cidade com a chegada de Teodoro Freire na década de 60, tem continuidade até
hoje no Centro de Tradições Populares.
No local, o
filho do nordestino, Guarapiranga Freire, conhecido como "Guará",
organiza os ensaios do grupo que reúne cerca de 120 atores, a maioria do
Maranhão, sendo 80 para as apresentações do Bumba meu boi, e 40 para o Tambor
de Crioula.
"Esses
dois espetáculos são um casamento. Quase todas as vezes que apresentamos o
Bumba meu boi também fazemos o Tambor de Crioula. A primeira dança é folclórica
e existe desde o século 18, enquanto a segunda representa a cultura
afro-brasileira, encontrada em vários estados do paÃs", destacou Guará.
Ele lembra
que a dança do Bumba meu boi é misturada ao teatro para falar sobre o Pai
Chico, um trabalhador da fazenda que rouba um boi para satisfazer sua mulher
grávida, Catarina, que sente um forte desejo de comer a lÃngua do animal.
O boi, que
foge, é encontrado doente pelos empregados do fazendeiro e, com a ajuda de um
pajé, é curado. "Nós também contamos essa história em escolas públicas,
eventos e até em outras cidades. Nosso objetivo é dar continuidade ao trabalho
iniciado pelo meu pai, que lutou para conseguir trazer a cultura
maranhense", complementou Freire.
Segundo ele,
para as apresentações o grupo faz um trabalho preparatório, que inclui ensaios
e contratação de costureiras e bordadeiras para produzir os trajes. O trabalho
começa em janeiro e tem seu ápice em junho, com apresentação do espetáculo na
'Grande Festa de São João', realizado no próprio espaço do Centro de Tradições
Populares.
Maria da
Conceição Tavares de Oliveira, 60 anos, faz parte do grupo e conta que
participa das apresentações desde os 25 anos de idade. "Já atuei como
Catarina, vaqueira e chapéu de fita. Venho a todos os ensaios, porque aqui
resgato um pouco do ambiente que tinha lá no Maranhão", disse.
Outro
integrante e também maranhense, José Everaldo Ferreira, 33 anos, destacou que,
em sua opinião, a principal marca de Sobradinho é contar a história folclórica
de seu estado.
"E nós
temos que respeitar esse trabalho, iniciado pelo seu Teodoro, que veio para
BrasÃlia embaixo de sol e chuva e lutou para dar continuidade à cultura do
nosso estado", contou, ao destacar que Teodoro morreu aos 91 anos, em
fevereiro de 2012.
CIDADE CULTURAL – Além de preservar a cultura folclórica, Sobradinho possui outras
marcas artÃsticas. Uma delas se refere à Casa do Ribeirão, que funciona onde
antes era um viveiro da Novacap e hoje recebe exposições, apresentações e
grupos para discutir cultura.
No local, a
comunidade, professores e estudantes participam de um curso sobre educação
patrimonial e imaterial, idealizado pelo artista plástico e professor, José
Ivacy de Souza. "Sobradinho é conhecido como cidade da arte. Nós queremos
despertar um olhar diferente nas pessoas, que devem aprender a ter uma
percepção diferente do ambiente que temos", destacou Souza.
Segundo ele,
os alunos do curso farão um inventário do patrimônio material e imaterial da
cidade. O trabalho será executado com o apoio do Arquivo Público do DF,
Instituto do Patrimônio Histórico e ArtÃstico Nacional (IPHAN), Coordenação de
Diversidade, da Secretaria de Educação, e Casa do Ribeirão.
Outro forte
de Sobradinho são as bandas musicais locais, que somam cerca de 70, sendo 50 de
rock, segundo levantamento do Fórum de Rock da cidade, que surgiu em 2012.
O grupo,
formado por jovens da cidade e por artistas locais, tem como objetivo dar apoio
à produção independente dos artistas e conjuntos musicais. Um dos artistas, que
faz parte da banda 'Função Inversa', é Andrew Wallace Souza, 20 anos.
O estudante
de filosofia, que toca baixo e violão, ressalta que a cultura é a principal
marca da região administrativa. "Nos apresentamos em escolas e locais
públicos, mas queremos ampliar nosso trabalho", disse.
Fonte: Ailane Silva, da Agência BrasÃlia/Foto:Mary
Leal
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