Geraldo Lima lança livro em ambiente com boa música e inúmeros convidados
ENTREVISTA/Fotos:Júnior Nobre /Texto: Expediente ...
A Luta Entre o Espírito e a Carne Examinada Pelo Ficcionista Geraldo Lima
O escritor Geraldo Lima autografou dia 8 de setembro, o romance UM, no Martinica Café. Com este, somam-se quatro livros publicados. São dois de contos (A noite dos vagalumes e Baque) e um infantil (Nuvem muda a todo instante).
“UM é o meu primeiro romance, embora, em espessura, não aparente”, afirmou o autor em entrevista ao Jornal de Sobradinho. Geraldo Lima faz parte da nova geração de autores residentes no Distrito Federal, que vem publicando sua obra regularmente.
JS: Do que trata este romance?
Geraldo Lima: Trata, basicamente, da velha luta entre espírito e carne, da perda da fé e da busca de outros motivos para se crer de novo, da solidão e do avizinhar-se do suicídio, da incapacidade, às vezes, de se cultivar o amor. Tudo isso vem à tona pelas idas e vindas do pensamento do narrador-personagem, numa linguagem carregada de poesia.
Desse modo, posso lhe dizer que a questão da espiritualidade está presente neste livro. Mas não é só isso. Como não se trata de um livro de auto-ajuda, a questão existencial aí vai mais fundo, adentrando os desvãos do ser humano. Há, também, uma visão crítica do momento em que vivemos. O desencanto do personagem-narrador, a sua descrença e a sua tendência ao suicídio tem origem na sua própria personalidade, no modo como ele foi criado pela mãe excessivamente religiosa e, também, na realidade contemporânea, marcada pelo estresse, pela solidão e pela corrupção.
JS: Como você analisa a literatura produzida em Brasília, às vésperas dos cinqüenta anos?
Geraldo Lima: Analiso de maneira positiva. Temos autores publicando, ainda que às duras penas, textos de boa qualidade literária. O problema é este: o publicar e o distribuir. Faltam-nos editoras que possam apostar nos talentos locais.
Este ano mesmo foram publicados três livros de poesia, de autores locais, de excelente qualidade literária: A máquina das mãos, de Ronaldo Costa Fernandes, Demorô, de Paulo Kauim, e abecedário, de Vicente de Paulo Siqueira. E tem ainda, na prosa, o livro de contos do André Giusti, A liberdade é amarela e conversível, que não faz feio em lugar algum. Mas quantos ouvirão falar desses livros? Este é o problema. Sinto falta, também, de um pouco de teoria entre nós. Teorizar mais sobre o que escrevemos.
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