ENTREVISTA EXCLUSIVA: com Adilson Barreto - Presidente da FACHO - Federação dos Condomínios Horizontais do DF, Ambientalista e Professor

Comemorando o cinquentenário da cidade serrana, o Jornal de Sobradinho optou em participar, oferecendo uma série de entrevistas com personalidades ligadas a nossa região administrativa. Nessa primeira quinzena, resolvemos optar pela área dos condomínios que compõe a região norte e Adilson Barreto atual presidente da FACHO é morador de condomínio dessa região e profundo conhecedor das benfeitorias e mazelas desse segmento. Nesse bate-papo com Adilson, algumas das perguntas elaboradas por leitores do Jornal foram prontamente respondidas. Confira:

JS- Adilson Barreto, qual é o panorama atual dos condomínios horizontais no DF?

AB-Apesar de termos conseguido a regularização de 30 condomínios após 20 anos de luta, infelizmente a situação atual não é muito animadora, uma vez que ficamos a mercê da vontade política de cada governante que assume o poder. Dessa forma, 600 mil pessoas continuam na expectativa do dia em poderão viver com tranqüilidade junto às suas famílias.

JS-O que falta efetivamente para regularização definitiva?

AB-Como eu disse, falta vontade política dos governantes. Os projetos urbanísticos e ambientais já atendem mais de 100 condomínios, mas apenas 30 foram regularizados. Sem a aprovação desses projetos não temos como buscar a regularização fundiária, escriturando os lotes em nome dos proprietários.

JS-Quais os cuidados que o interessado em morar no condomínio horizontal deve ter, antes de comprar um imóvel?

AB-Primeiro é importante destacar que a opção por morar em condomínios tem sido uma excelente alternativa para quem procura maior espaço, lazer e segurança. Um levantamento sobre o processo de regularização é importante para evitar comprar lotes em áreas com restrições ambientais ou em áreas públicas. Cerca de 18% dos condomínios estão em áreas públicas e os moradores terão que pagar novamente pelo lote. 82% estão em terras particulares e não dependem de novo pagamento, mas todos terão que custear as obras de infra-estrutura e programas ambientais a título de compensação.

JS-Dentre os condomínios da região norte no qual abrange a área de Sobradinho e suas adjacências, qual merece uma atenção especial das autoridades?

AB-Sem dúvida, Sobradinho é a Região Administrativa que mais possui condomínios implantados e já consolidados. Estudos da UNB mostram que todas essas áreas ocupadas devem ser regularizadas a fim de recuperar o que há de passivo ambiental, além de promover o reordenamento urbanístico. Planaltina está na mesma situação.

JS-Quais os projetos da FACHO para 2010/2011?

AB-Desde 1997 quando a Federação dos Condomínios foi criada pelo nosso saudoso Janary, procuramos unir os moradores e associações nos processos de regularização. Veja só: Em 1998 e 99 elaboramos mais de 100 estudos ambientais, a maioria aqui em Sobradinho e no Grande Colorado. Em 1999 com a mudança de Governo tudo parou. Naquela época eram cerca de 150 condomínios regularizáveis em todo o DF. Em 2004 iniciamos o Movimento em defesa dos condomínios envolvendo lideranças de todas as cidades que a essa altura já abrigavam 513 parcelamentos. Em 2006 o Movimento já integrado à FACHO/DF, promoveu um debate com todos os candidatos ao Governo do DF. Conseguimos o compromisso para a criação de um Grupo Governamental específico para analisar os processos dos condomínios, além de priorizar a regularização ambiental e urbanística. São atuações técnicas e políticas que precisamos dar seguimento.

JS- O que te deixa mais apreensivo enquanto ambientalista e conhecedor da região de Sobradinho?

AB-Na década de 80 conheci Sobradinho e logo me apaixonei pela cidade. Logo mudei da Asa Sul para cá. Aqui lecionei, fui diretor de escola pública e coordenador da coleta seletiva de lixo, que infelizmente não existe mais. Fundamos o parque dos Jequitibás e lutamos contra a grilagem de terras. A cidade cresceu e vieram os problemas de ordem social, fundiária e ambiental. Mas acredito no poder de mobilização dos moradores e, juntos, vamos solucioná-los.

JS-O que Adilson Barreto recomenda aos futuros e atuais moradores de condomínios Horizontais do DF?

AB-Prefiro um pedido: O mundo inteiro vem se organizando em condomínios. Somados todos os condomínios do DF, somos a maior sociedade civil organizada, 25% da população do Distrito Federal. A nossa união, com objetivos claros e transparentes, leva-nos a participar como atores, no processo de transformação de toda Brasília. Seria uma revolução sócio-ambiental jamais vista neste país. Vamos cumprir a nossa parte elaborando os projetos ambientais e urbanísticos para que possamos cobrar do Poder Público os seus deveres. Ao cuidarmos do meio ambiente nos condomínios, estamos melhorando a qualidade de vida de toda a sociedade brasiliense.

(*) Por Júnior Nobre / Foto: Divulgação