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EDUCAÇÃO: Brasil alcança baixos índices em leitura

* Joel Pires

Na última terça-feira (7/12), saiu o resultado do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos, na sigla em inglês). O programa avaliou dados referentes a Leitura, Ciências e Matemática. O nível de proficiência dos alunos em Leitura/Letramento é preocupante. Dos 65 países participantes, o Brasil ficou entre os 10 últimos colocados. É assustador saber que, em Leitura, metade dos estudantes brasileiros alcançou apenas o nível 1, ou seja, o mínimo. Nas outras disciplinas, a situação é semelhante: 50% dos jovens não ultrapassaram o básico.

Isso nos faz refletir sobre as políticas públicas no setor. O índice obtido reflete o pouco investimento na área e revela que Educação ainda não é prioridade. Além do aspecto político-econômico, cabe aqui a análise de uma das faces do problema: o gosto pela leitura pode ser despertado pelo hábito? Os pais devem impor aos filhos disciplina em relação ao estudo?

Em primeiro lugar, é necessário esclarecer uma questão: gosto ou hábito? O que é mais salutar? Eu gosto de doce, sorvete, refrigerante, porém é necessário evitá-los. Preciso pensar nas taxas de colesterol, triglicerídeos, glicemia etc. Por outro lado, não gosto de escovar os dentes, entretanto tenho de fazê-lo no mínimo três vezes ao dia. Sem dúvida, limpar os dentes não é uma questão de gosto, mas de hábito, sedimentado pela necessidade. Ninguém quer um sorriso desfalcado. A higiene bucal é, portanto, algo necessário e salutar.

Em relação à leitura, parece-me que a questão é inicialmente de hábito, podendo se converter em prazer. Assim, a formação do sujeito leitor tem suas bases na prática disciplinada, preferencialmente estimulada na infância. O hábito da leitura, dessa forma, deve começar bem cedo. Os pais devem pesquisar estratégias para aguçar a curiosidade das crianças e oferecer um ambiente letrador em suas casas. Convém ressaltar que o processo de letramento começa antes da alfabetização. Uma alternativa simples e barata é contar histórias para os pequenos. Não há criança que não goste de ouvir causos, peripécias, contos. É preciso reservar um tempo destinado à leitura, criar um espaço-momento lúdico e ler fábulas, lendas, entre outras narrativas. Esses gêneros textuais são os mais indicados; contudo, deve-se ter o cuidado de não transformar as histórias em lição de moral apenas.

Existe um universo ficcional à disposição do público infantil. Não é preciso ir longe. Em Sobradinho temos um escritor talentoso que também se dedica à literatura infanto-juvenil. Trata-se de Geraldo Lima, autor renomado que transita brilhantemente pelos gêneros: conto, crônica e romance. Sua obra alcançou projeção nacional; no entanto, continua residindo em nossa cidade e faz visitas às escolas que desenvolvem projetos literários. Esse autor premiado publicou o livro “Nuvem Muda a Todo Instante”, “texto poético que retrata o olhar de uma criança encantada com as nuvens. Em seu dinamismo, essas nuvens se transformam em animais e fazem do azul do céu o espaço perfeito para um espetáculo divino”.

Nesse passeio pela Literatura infanto-juvenil, não podemos ignorar as fábulas de Esopo. Quem não se lembra da fábula “A tartaruga e a lebre”, transformada em desenho animado. Esopo foi um escravo e contador de histórias que viveu na Grécia Antiga. A tradição popular também nos oferece uma série de narrativas, como as compiladas pelos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm. Cinderela, Branca de Neve, João e Maria são alguns dos contos mais famosos. Cabe destacar, porém, que vários críticos consideram esses textos, na versão dos Grimm, incentivadores do conformismo e da submissão.
Enfim, as histórias estão por aí no imaginário popular. Certamente cada um de nós tem um repertório de narrativas que podem ser adaptadas, transformadas ou enriquecidas conforme a necessidade e a adequação ao gosto infanto-juvenil.

*Joel Pires é professor formado em Letras e Psicopedagogia.
Especial para o Jornal de Sobradinho

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