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Semeão


Um pesquisador interpela o entrevistado numa abordagem invasiva, na rua. Era final de dia e o operário, já cansado da lida, suado, esgotado, doido pra chegar em casa e abraçar seu filho, interrompe a caminhada. A mente estava no caçula, que tinha nascido há pouco tempo. Isso aliviava a dureza da vida, ajudava a suportar a rotina estressante; sua atividade era transportar cargas explosivas e ajudar a descarregar. Ora, não bastava a responsabilidade de manobrar um caminhão velho, sobrecarregado? O ofício exigia-lhe muita perícia, e o risco era constante. Explosivos!

O jovem estudante tinha a experiência de um incipiente cientista social. Fazia mestrado e precisava preencher os formulários, obter as informações necessárias à pesquisa... Não posso concluir essa piada, não vai ter graça nenhuma. Meu ânimo não permite sorrisos. Essa história seria a aproximação de um causo contado por um amigo, em tom coloquial. Seu talento era fabuloso, um exímio narrador. Impossível ficar indiferente às suas tiradas. A linguagem, em sua voz, ganhava vida. E a gargalhada, inevitável.

Uma perda é difícil de ser retratada. O silêncio e as lágrimas substituem as respostas. Um acidente de carro calou um amigo que fazia rir quem estava à beira do desespero. Os amigos sentem sua falta. E à família, nosso pesar.

Por Joel Pires e Equipe do Teatro de Sobradinho.

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