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CULTURAL: Sobrado


Não tem mais tuas janelas. Todas envidraçadas, que quando o sol da lagoa despontava. Sua luz em seu interior repousava. Não existem mais tuas escadas. Nas peraltices de criança, muitas vezes, desci pulando de três em três degraus. Nela até rolei, mas o seu portal sempre me amparava.

Não existem mais teus salões. No salão frontal, em alguns fins de semana eu via meu pai com sua pandeireta e seus amigos, todos com instrumentos de cordas. Uma senhora com uma voz muito bonita cantava. Com certeza naquele local, um sarau se concretizava. Na parte central uma oficina montada. Meu pai em seu banco de marceneiro, a sua bela arte executava.

Não tem mais o coqueiro, que embaixo do seu sombreiro eu realizava minhas brincadeiras de criança, e junto a ele idealizei meus sonhos de adolescente.

E os seus irmãos, alguns depredados e escorados por madeira, com um visual lamentável. Pois um restauro a eles nunca chegou. Como o "Solar dos Imperadores". Título dado por ter hospedado Dom Pedro I e II. Retratado por diversos artistas plásticos, até estrangeiros. Hoje, lamentavelmente sua beleza quase esquecida. Mas com certeza nas telas dos artistas a sua originalidade ficará para sempre retratada.

Obs: O sobrado citado no início do texto não tem mais o seu andar superior, pois estava em risco a passagem das pessoas que transitavam em sua calçada. O sobrado não era meu, mais o meu amor por ele será para sempre.

Por Maria Marta/Ilustração Google Images

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