Mulheres negras são maioria no DF, mas têm menor escolaridade e ganham menos
Estudo divulgado
pela Codeplan mostra que apenas 12,9% têm nível superior e 5,2% declararam
ganhar acima de dez salários-mínimos
Com 55% da
população feminina do DF acima de 15 anos, estimada em 1.041.473 pessoas,
segundo o Censo Demográfico de 2010, as mulheres negras têm menor escolaridade
e ganham menos que as não negras. Os dados fazem parte do estudo sobre o perfil
da mulher brasiliense sob a ótica da raça, divulgado hoje pela Codeplan.
A pesquisa
revela que somente 12,9% das negras possuem o ensino superior, incluindo
especialização, mestrado e doutorado, contra 28,8% das não negras. Já a
proporção entre as negras com pelo menos 15 anos de idade que declararam não
ter nenhuma instrução ou o ensino fundamental incompleto atingiu 32,1% contra
20,6%.
Na questão
da renda, 34% das negras recebem até um salário-mínimo contra 21% das não
negras. Na faixa acima de 10 salários-mínimos, a diferença também é grande: são
5,2% contra 14,2%.
Jamila
Zgiet, gerente de Estudos Transversais da Codeplan, em estudo que acompanha o
3º Objetivo do Milênio (promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das
mulheres), destacou que as mulheres no DF recebem, em média, 73% do que é pago
aos homens, e as regiões administrativas que registram o quadro mais negativo
são Lago Sul e Candangolândia, onde mulheres recebem apenas 69% dos valores
pagos ao sexo masculino. Já as regiões menos desiguais são Sobradinho II (86%),
Brazlândia (85%) e SIA, Riacho Fundo e Ceilândia com 84%.
"Com
apoio nas pesquisas socioeconômicas, incluindo escolaridade, trabalho e renda,
observamos que, mesmo com maior escolaridade, as mulheres têm menor
valorização, ocupam menos cargos de chefia e têm renda inferior à dos homens
quando exercem a mesma atividade, em todas as classes sociais, nessa sociedade
machista e patriarcal", afirmou o presidente da Codeplan, Julio Maragaya.
A
subsecretária de Políticas para Mulheres, da Secretaria da Mulher, Sandra Di
Croce Patrício, destaca a importância da autonomia econômica e da equidade no
mundo do trabalho e, para isso, busca trabalhar de forma integrada com órgãos e
entidades que lidam com a qualificação profissional.
"Na
nossa área, tratamos da questão da mulher em relação à raça-etnia, ao local de
moradia (campo e urbano), geracional (menina,
adolescente, adulta, idosa), orientação sexual (hétero, lésbica) e classes sociais", afirmou a
subsecretária.
Na questão
específica de raça-etnia, Sandra Di Croce pediu o apoio da Codeplan para a
criação de indicadores relativos a esse recorte. "Na última turma do
Qualificopa, 70% das formadas eram mulheres, mas não sabemos, desse total,
quantas eram jovens negras, por exemplo", informou.
Fonte: Cláudio Caxito, da Agência Brasília/ Foto
Britto
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