REGULARIZAÇÃO: Moradores de condomínio no Grande Colorado recebem as primeiras escrituras
Mais de 200
famílias moradoras do Vivendas Friburgo fecharam acordo com a empresa dona da
área e terão direito ao documento até o fim deste ano
(*) Thaís
Paranhos
Os moradores
do Vivendas Friburgo, no Grande Colorado, começaram a receber a escritura
definitiva das casas onde vivem. A última vez que houve conclusão de um
processo de regularização de parcelamento de classe média no Distrito Federal
foi em 2007. Desde então, não ocorreram avanços nessa área. Neste ano, mais de
200 famílias moradoras do Friburgo fecharam acordo com a empresa privada dona
da área e terão direito ao documento. Em 2007, a Urbanizadora Paranoazinho (Upsa)
comprou o terreno na região de Sobradinho onde há 54 condomínios.
Em cerimônia
realizada na noite desta terça-feira (25/11) no Vivendas Friburgo, quatro
moradores foram escolhidos para receber a escritura. O servidor público
aposentado Francisco Domingos da Silva, 77 anos, e a esposa, Maria das Neves
Feitosa da Silva, receberam o documento. Eles compraram o lote há 17 anos e
aguardavam o dia em que teriam em mãos a escritura. “Foi uma luta muito grande
porque aqui não tinha nada. Com o nosso esforço e dinheiro abrimos ruas,
trouxemos luz e água. Não quero ser mais aquela pessoa conhecida por morar em
terras irregulares e ser taxado de invasor”, comemorou.
Francisco
lembra que a compra do terreno pela Upsa em 2007 assustou os moradores, mas,
com as reuniões entre eles e a empresa, chegaram a um acordo e resolveram o
impasse. “Muita gente quis entrar na justiça, mas achei melhor esperar porque
sabia que um dia teríamos uma solução amigável e correta. Eles se prepararam
para vencer os obstáculos da regularização e hoje estamos aqui”, finalizou.
Depois de várias negociações, os moradores aceitaram pagar R$ 73 pelo metro
quadrado do terreno.
O policial
civil Helmuth Felep Zimmer, 49 anos, morador do Vivendas desde 2003, tem o
terreno no condomínio desde a década de 1990 e comemora a conquista. “É um
alívio e uma alegria imensa para nós. Lutávamos há muito tempo por isso. Nos
anos 90 houve proliferação dos parcelamentos e havia um temor muito grande de
perder o lote, pensávamos que o governo podia nos tirar”, lembrou. Para ele, a
entrada da Upsa no processo foi importante para chegar a regularização. “A
realidade de todos os outros condomínios é essa, entra e sai governo, mas
continua tudo irregular”, apontou.
Termo de
compromisso
O
diretor-presidente da Paranoazinho, Ricardo Birmann, lembra que quando a
urbanizadora comprou a área, o processo de regularização engatinhava. Depois de
cumpridas as exigências urbanísticas e ambientais, o processo ainda esbarrava
em questionamentos do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios
(MPDFT) como em relação ao espaços para equipamentos públicos e áreas de
preservação, por exemplo.
”Percebemos
que era preciso dar uma solução para esse impasse. Fizemos um termo de
compromisso com o GDF para cumprir algumas exigências. O Ministério Público fez
as recomendações e assinamos o documento. É um marco histórico e uma
contribuição da Upsa para o processo de regularização”, explicou. “A partir de
agora, esses moradores terão um lote no nome deles e a urbanizadora não terá
nenhum poder sobre ele”, finalizou.
A
Urbanizadora Paranoazinho (Upsa), uma sociedade anônima com capital de
investidores privados, comprou o terreno de 1,6 mil hectares em Sobradinho em
2007. Seis anos depois, registrou no cartório do 7º Ofício. A área faz parte da
Fazenda Paranoazinho, parte da herança de um dos maiores latifundiários da
região José Cândido de Souza. Com a matrícula em cartório, a empresa pode
negociar com os quase 30 mil moradores dos parcelamentos da região. Os
moradores do Vivendas Friburgo foram os primeiros a fechar acordo de compra com
a Upsa.
Em 2007, o
condomínio Morada de Deus, em São Sebastião, erguido em área particular, e os
parcelamentos em terreno público Estância Jardim Botânico, San Diego, Mansões
Califórnia e Portal do Lago Sul foram regularizados. Assim como o Vivendas
Friburgo, esses parcelamentos estão localizados em Area de Interesse Específico
(Arine).
(*) Thaís
Paranhos/CorreioWeb
Nenhum comentário
Postar um comentário