ARTIGO: NÃO EXISTEM CORRUPTOS SEM CORRUPTORES
Por Henrique Matthiesen
Um
dos carcinomas mais devastadores de nossa sociedade é a corrupção. Ela elege a
moral nacional, é demolidora institucional e cria a libertinagem pátria.
Segundo
o grande escritor gaúcho Luís Fernando Veríssimo, “Brasil: esse estranho país de corruptos
sem corruptores” ou seja, a figura nefasta do corruptor sempre fora camuflada,
ocultada, escondida para não afetar aquele que sempre se locupletou deste
carcinoma.
Afinal,
somos roubados por atos de corrupção desde as Capitanias Hereditárias e somente
ladrões de galinha estavam na cadeia.
Nunca
na história deste país se viu legitimamente filhos abastados da elite frequentarem
inquéritos ou carceragens.
Não
era elegante, civilizado, ou cordato questionar donos de grandes empresas sobre
suas atividades ilícitas, afinal esses são os donos incontestes do capital, e consequentemente
sempre foram sócios ocultos do poder.
Ironicamente
uma das razões para esse novo paradigma da sociedade Brasileira é fruto de uma
lei assinada e sancionada pela presidente Dilma Rousseff, que é atacada pelos
representantes da abastada classe e seus partidos.
A
Lei nº 12.846 dispõe sobre “a responsabilização administrativa e civil
de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública,
nacional ou estrangeira, e dá outras providências”.
Embora parte de nosso Judiciário
pratique de forma insofismável a justiça seletiva ideológica na
espetacularização e marginalização de seus oponentes ideológicos, nunca se viu
empresários de grande porte presos, nunca se viu nomes de grandes conglomerados
empresariais na lama da corrupção.
Evidentemente a corda ainda estoura do
lado dos mais fracos, pois inúmeros trabalhadores estão perdendo seus empregos
pela ação muitas vezes irresponsável do Judiciário, que deve separar os agentes
corruptores das empresas.
É necessária sim a investigação, o
indiciamento, e a condenação para quem pratica atos lesivos à sociedade, mas
também é prudente, responsável, separar o joio do trigo, ou seja, preservar as empresas
e os empregos de milhares de brasileiros, que vivem de seu próprio labor
descente e honrado.
Também não é prudente num Estado
Democrático de Direito, um judiciário partidarizado, ideológico, refém do
monopólio midiático.
A lei é unidimensional e não é feita
para determinado partido, grupo social, ou para interesses de poder.
Marginalizar seletivamente um
partido, quando há incontestáveis ações delinquentes de outros partidos é uma
ação fascista, indigna de uma justiça em sua acepção completa de significados.
Passar o Brasil a limpo é agir de
forma equilibrada, sem paixões políticas, ou guiado pelo monopólio midiático, que
em termos éticos e morais não são referências.
Sim nunca se viu tantos filhos das
elites na cadeia, nunca se viu tanta liberdade de investigação, mas também
nunca se viu tanta arbitrariedade judiciaria na busca da seletividade dos
inquéritos.
(*) Henrique Matthiesen
henrique_matthiesen@yahoo.com.br
Bacharel em Direito
Brasília-DF
Nenhum comentário
Postar um comentário