ARTIGO
O TEATRO DO ABSURDO
(*) Henrique Matthiesen |
Contemporaneamente,
o Brasil vive uma de suas laudas mais deprimentes. A onda conservadora,
acompanhada de golpes e contragolpes, dão o tom de tempos sombrios em que
coexistimos.
Pautas
rejeitadas por quatro (04) eleições presidenciais consecutivas são hoje
adotadas de forma desavergonhada pelo governo desprovido de legitimidade e de
votos que é o de Temer.
O
Brasil está à venda, ou melhor, está em liquidação total, onde empresas
sÃmbolos de nosso desenvolvimento e garantidoras de nosso futuro estão sendo
entregues ao preço de bananas, assim como as regras democráticas foram
violadas.
Conceitos
antes superados e de deprimente lembrança voltam de forma cafona e perigosa.
Marchávamos
com a “FamÃlia com Deus” pela liberdade, hoje seguimos o modelo “bela, recatada
e do lar”, e o discurso do mau-caratismo do comunismo, antes impetrado contra
Jango, hoje é ouvido contra as forças progressistas.
Conselhos
antes escusados do FMI voltam a ser docilmente professados pelo nosso complexo
subserviente dos locatários do poder, onde não somos mais donos do nosso
destino afinal, a sina de ficarmos de joelhos para estes órgãos volta à cena.
Retornamos
a mentalidade provinciana. Não compreendem que o Brasil Real não cabe, nem
jamais aceitou uma mentalidade tola, mesquinha e predatória de sua elite e sua classe
média desculturada e escravocrata.
No
Brasil, não bestializado, há arte, pensamento, ciência, compromisso
democrático, luta social, cultivo à memória e da história. Neste Brasil
combativo se faz cinema, música, literatura, ciência, filosofia, e senso
crÃtico. Não aceita a castração vassala das elites. É o Brasil que resiste.
Atônitos,
assistimos honorários bandidos transvestidos de pudicas éticas, e moralmente
irretocáveis, pois exceção da hipocrisia virou regra do cinismo.
Instituições
acovardadas, ideologizadas e despossuÃdas de seu desÃgnio capital, associam-se
as desconstruções de nossas garantias constitucionais e ao desmonte do Estado
Brasileiro.
Direitos
são suprimidos, opressões são cometidas, crimes são praticados, descomposturas
são aceitáveis, e as varadas gourmets ficam em receosos silêncios.
Um
verdadeiro teatro de horrores e retrocesso domina o Brasil.
Inúmeros
programas de inclusão social foram suspensos, como construção do “Minha Casa
Minha Vida”, vagas do PRONATEC e do FIES, acabou-se com a CGU (Controladoria
Geral da União), com o “Ciências sem Fronteiras”, dentre outras ações da
consolidação golpista.
Ministros
citados em delações premiadas na república de Curitiba são nomeados livremente
com a benevolência do Judiciário - antes tão ativo -, e cargos são distribuÃdos
junto a velha prática do promÃscuo e do vale tudo, é largamente adotada.
A
agenda neoliberal é agora o plano do governo, enquanto o monopólio midiático é
abastecido com milhões e milhões de reais para continuarem apoiar esses feitos
retrógrados.
Bem-vindos
ao espetáculo deprimente do desgoverno de Temer.
Esse
é o Brasil do século XXI.
(*)
Por Henrique Matthiesen , Advogado, Escritor e colabora com o Jornal de
Sobradinho
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