COLUNA TEXTOS & TEXTOS
FIM
DE ANO
(*) Geraldo Lima |
(*) Por
Geraldo Lima
Tarde molhada. Aqui, recolhido entre livros e
assombros, lapidando o romance cravado ainda de impurezas e armadilhas verbais.
Para o mais fundo da vegetação encharcada escorrega às vezes meu pensamento,
mesclando-se ao coachar dos sapos e ao piar de algum pássaro em busca dos
companheiros. Bom ver a chuva caindo assim, volumosa e constante, repondo o
lençol freático, o nível de água nos reservatórios e nos livrando de
racionamentos incômodos. Bom ver a natureza viva ao redor como um apaziguamento
para a alma aflita e quase sem ilusões. Porque o mar não está para peixe! Dias
loucos e tensos esses que antecederam este instante em que escrevo, e ainda tem
mais, a morte ceifando rente. Vai chegar uma hora em que teremos que dizer:
Chega! Precisamos urgentemente relaxar os nervos e desacelerar o coração. Mas
tenho a impressão de que viveremos ainda dias e noites de tensão e receio.
Depois do golpe, a Nave-Brasil vai à deriva, pondo em risco tudo o que foi
construído dentro do jogo democrático. Por tudo isso e muito mais, 2016 há de
ser lembrado como um dos anos mais dramáticos e esdrúxulos vividos pelos
brasileiros. Avizinhamo-nos das bordas do abismo e tocamos as raias do absurdo
a todo instante. Mas foi lindo ver a juventude indo à luta para garantir seus
direitos, principalmente para evitar retrocessos na Educação. Há uma luz no fim
do túnel e isso nos anima. Dizem que a esperança é a última que morre, tomara!
Dizem que Deus é brasileiro, tomara! Dizem que somos o país do futuro, tomara! Desse
modo, espero que em 2017 o país reencontre, enfim, os caminhos da Democracia e da
paz social. Ou é isso ou marcharemos direto paras trevas.
Boas Festas para todos!
(*) Geraldo
Lima é escritor, dramaturgo, roteirista e colabora com o Jornal de
Sobradinho.
Nenhum comentário
Postar um comentário