ARTIGO
ESTAMOS
PASSANDO PELA CRISÁLIDA
(*) Henrique
Matthiesen
Cunhado pelo latim como “chrysaliis”,
o crisálida é o estágio de pupa, que é o aprendizado intermediário entre a
larva e o adulto no desenvolvimento de certos insetos que passam por
metamorfose completa. Inúmeras espécies produzem um casulo que protege a pupa durante
o seu pleno progresso.
Os biólogos, com especialização em entomologistas, dedicam-se
em estudar essa parte da zoologia que trata da relação dos insetos com o meio
ambiente.
As borboletas, em especial, que passam por esse estágio de
crisálida; em muitas espécies é o único onde elas pouco se movem ou não fazem
absolutamente nada. Entretanto, algumas borboletas são capazes de mover seus
abdominais para produzir sons que possam afugentar potenciais predadores.
Ressalta-se que a crisálida deriva da expressão crise e,
quanto maior a crisálida metamórfica maior fica as asas das borboletas, ou
seja, quanto maior a crise, mais bela e forte, e mais alto voam as borboletas.
Há uma intrínseca relação desta metamorfose da crisálida com
a espécie humana. A história da humanidade é uma interrupta crisálida, algumas
mais densas, outras mais suaves.
A metamorfose nos insetos é feita por etapas intermediárias,
entre o ovo e o adulto. A eclosão, o que liberta para sua jornada, conforme sua
crisálida determinará se seu voo será alto ou baixo.
Na espécie humana, a metamorfose, no sentido figurado,
verificamos o forjamento do caráter, dos seus valores, e de seus princípios.
Constatamos contemporaneamente que esse processo de crisálida
em que passa a espécie humana tem gerado distorções e eclosões de conceitos
torpes na humanidade.
As crises vivenciadas no mundo hoje têm em sua gênese o
fundamentalismo do egocentrismo, de um ambiente contaminado por aspirações de
ódio, intolerância, e apartheid.
Diferentemente das borboletas que reverenciam a primavera e
contribuem para os novos floresceres, a espécie humana mergulha no mais denso
inverno de escuridões, e autodestruição.
Metamorfosicamente não estamos evoluindo, mas regredindo a
tempos primitivos, onde não coexistimos mais com as diferenças, seja elas, religiosas,
sexuais, sociais.
Vivenciar o autoextermínio dos diferentes, e a objetivação de
uma humanidade doente de poucos, é não compreender que a espécie humana por sua
natureza é plural.
Assim como é plural a natureza, onde as espécies da mesma
gênese biológica não se destroem.
Precisamos de um tempo maior de crisálida interna para ver se
conseguimos maiores asas, para que possamos voar mais alto, e enxergarmos novos
horizontes, de uma nova humanidade.
(*) Fonte: Henrique Matthiesen (foto) - Bacharel em
Direito & Colaborador do Jornal de Sobradinho
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