ARTIGO
Há algo de exemplar no reino da Dinamarca
(*) Henrique Matthiesen
Na tragédia de Hamlet, Willian Shakespeare eternizou a
expressão de que: “Há algo de podre no reino da Dinamarca”. Frase essa que se referia
às deslealdades e homicídios que sobrevinham na estória.
Esse pequeno reino nórdico na Europa, que tem intensos laços
históricos e culturais com a Suécia e com a Noruega, tem um regime de monarquia
constitucional, num sistema de economia mista - capitalista e de bem estar
social -, e tem um dos mais altos níveis de igualdade de riqueza do mundo. Classificado
em 2008 como o país menos corrupto no globo.
Há uma conexão direta na distribuição de renda com a
percepção de corrupção. Estudos das Nações Unidas indicam que os países mais
desenvolvidos, no principio distributivo e no Estado de bem estar social, são
os países que têm menor indicador de corrupção.
Todavia, uma das notícias que mais chamaram a atenção nos
últimos dias, é que o príncipe Christian, de 10 anos, estuda em escola pública
desde os seis anos. Um dos filhos dos príncipes herdeiros Frederick e Mary é o
primeiro membro da Casa Real dinamarquesa a ingressar em escola pública.
Coisa inimaginável no Brasil, o filho de um governador ou do
presidente, submeter-se a tal sistema educacional.
Isso ocorre porque a educação brasileira é relegada como não
prioridade. Apenas como plataforma de palanque ou para o debate das
hipocrisias.
Os nossos políticos comuns trabalham sempre na perspectiva
da manutenção do poder. Não conjecturam e edificam uma educação honesta para as
próximas gerações. A educação brasileira é a síntese da manipulação de nossa
classe política, afinal, a crise na educação não é uma crise, é um projeto
calcado no insucesso.
A experiência dos países desenvolvidos está firmada na
elevação da educação como um projeto de Estado, de desenvolvimento da
identidade pátria, de afirmação das potencialidades de uma nação.
O exemplo do príncipe herdeiro da Dinamarca nos demonstra
como a educação nos países civilizados é tratada e confiada. Embora seja o
primeiro dentro da Casa Real Dinamarquesa é um importante modelo que deve ser
refletido e seguido.
Decisivamente, os nórdicos não contam com uma elite opulente,
anti-social, e conservadora como a brasileira.
Afinal, há algo de exemplar no Reino da Dinamarca.
Que bom que seja a educação e sua distribuição de renda.
(*) Fonte: Henrique Matthiesen (foto)- Bacharel em
Direito e Colaborador do Jornal de Sobradinho
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