AGRICULTURA - REGIÃO NORTE DO DF
Expedição Safra-Brasília mapeia áreas produtoras de
maracujá
Objetivo
é fazer diagnóstico completo do cultivo. A propriedade de Maria dos Anjos
Silva, no Núcleo Rural Pipiripau, em Planaltina, foi uma das primeiras
visitadas
(*) MARYNA LACERDA
A terceira edição da Expedição
Safra-Brasília fará uma análise completa da cultura do maracujá no
Distrito Federal. A ideia é coletar informações, por meio de questionários,
sobre as técnicas adotadas pelos agricultores e o conhecimento agregado da
atividade.
Maria do Anjos Silva, produtora de
maracujá no Núcleo Rural Pipiripau, recebeu visita da Expedição Safra-Brasília.
Para isso, equipes da Empresa de Assistência
Técnica e Extensão Rural do DF (Emater-DF), da Secretaria da
Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural e da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Cerrados) percorrerão 180 hectares
de cultivo, em 126 propriedades.
O levantamento começa no Núcleo Rural Pipiripau, em
Planaltina, e segue pelas demais regiões administrativas. Os dados serão armazenados
em tablets, o que permitirá a avaliação mais rápida do conteúdo mapeado.
O gerente do escritório local da Emater, Geraldo
Magela Gontijo, espera que o estudo traga benefícios à atividade. “O
diagnóstico vai nos mostrar a real situação da área cultivada. Saberemos também
o nível de tecnologia adotada e como ela está impactando a renda do produtor”,
explica.
"O
diagnóstico vai mostrar a real situação da área cultivada. Saberemos o nível de
tecnologia adotada e como ela está impactando a renda do produtor"
Geraldo
Magela Gontijo, gerente do escritório da Emater em Planaltina
Por meio da expedição, será possível também
elaborar políticas públicas direcionadas para a produção da fruta.
A propriedade de Maria dos Anjos Silva, de 50 anos,
no Núcleo Rural Pipiripau, foi uma das primeiras a serem visitadas pelos
extensionistas e pesquisadores do projeto.
Há dez anos, ela cultiva maracujá na área e conta
as peculiaridades do cultivo. “É serviço de domingo a domingo. Só trabalha com
maracujá quem gosta, porque ele exige muita dedicação”, explica.
Mapeamento das características da cultura
A expedição permite ainda obter mais elementos
sobre o dia a dia dos agricultores. “As informações passadas pelos produtores
vão nos permitir encontrar os gargalos da produção de maracujá”, explica
Gontijo.
Com isso, será possível mapear práticas que
favorecem a produtividade e a mão de obra envolvida na produção. “Aqui, estou
me adequando para trabalhar sozinha. Não consigo manter funcionários para me
ajudar”, explica Maria dos Anjos.
O maracujá aqui cultivado alcança produtividade
muito superior à média nacional. Enquanto o DF produz 35 toneladas por hectare,
o índice nacional é de 14 toneladas por hectare.
Isso se deve, principalmente, aos procedimentos
adotados em Brasília, como irrigação localizada (gotejamento), polinização
manual e plantio de híbridos produzidos pela Embrapa Cerrados.
"É serviço de domingo a domingo. Só
trabalha com maracujá quem gosta, porque ele exige muita dedicação"
Maria dos Anjos Silva, produtora de
maracujá no Núcleo Rural Pipiripau
No caso de Maria dos Anjos, a produtividade
alcançada é de 40 toneladas por hectare ao ano. “Tinha os 2 hectares plantados,
mas reduzi para 1,3 para conseguir cuidar sozinha da plantação”, explica.
Uma parte do que colhe ela destina à produção de
polpa. “Vendo cerca de 70 quilos para meus clientes em Planaltina”, explica.
A polinização manual é feita pelo próprio produtor,
geralmente à tarde. Isso porque a flor do maracujá abre apenas uma vez, no
período das 14 às 18 horas. A polinização natural é feita pela abelha
mamangava, cientificamente chamada de Bombus.
O inseto tem esse curto período do dia para
polinizar a flor. Se isso não ocorrer, não há produção de fruto. “Com a
polinização manual, alcança-se um índice de 68% de flores polinizadas”, compara
Gontijo.
A produtividade elevada se deve também ao método de
cultivo adensado, que estabelece o espaçamento de 2 ou 3 metros entre um pé da
fruta e outro. “Com isso, conseguem-se de 2 mil a 2,5 mil plantas por hectare”,
conta o gerente da Emater Pipiripau.
Os dados coletados pela expedição servirão de
subsídio para a criação de um livro, a exemplo do que ocorreu com a Expedição Safra Brasília — Grãos,
no ano passado. “É uma forma de darmos amplo acesso às informações que
obtivermos”, conta Gontijo. A segunda edição do projeto foi a de cultivo
protegido, no primeiro semestre deste ano.
(*) FONTE: MARYNA LACERDA - EDIÇÃO: VANNILDO MENDES- FotoS: Tony
Winston/Agência Brasília
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