ECONOMIA / CIDADE
Produção de pão muda a rotina de moradores na área
rural de Sobradinho
Panificação do assentamento Contagem garante escoamento de produtos de
agricultores da região e rendimento para as 12 cooperadas de R$ 1,2 mil por mês
(*) Marlene Gomes
Associadas da empreitada trabalham em dois turnos
para garantir a fabricação de cinco produtos entre pães, bolos e tortas que são
vendidos no DF
A edificação foi construÃda no meio de plantações,
mas é o aroma inconfundÃvel do pão quentinho, recém-saÃdo dos fornos, que
revela que a padaria chegou ao campo. Criada em 2016, a agroindústria de
panificados da Associação do Grupo de Mulheres Produtoras do Assentamento
Contagem está transformando a rotina de moradores e gerando empregos na área
rural de Sobradinho, no Distrito Federal. A panificadora compra dos
agricultores locais mandioca, cenoura, batata-doce, abóbora e outros legumes e
frutas plantados na região para usar como matéria-prima de pães, bolos e
tortas. O empreendimento já produz quase 500 quilos desses produtos por semana.
A panificadora Flores de Contagem foi o primeiro
empreendimento rural do DF a receber o selo da Divisão de Inspeção de Produtos
de Origem Vegetal e Animal (Dipova). O registro, da Secretaria da Agricultura,
Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF), atesta que as instalações e
os equipamentos atendem às normas higiênico-sanitárias vigentes. Garante,
também, o direito de a entidade fabricar os produtos e comercializá-los em todo
o DF.
Tudo que é produzido na agroindústria sai com a
marca Flores de Contagem. O negócio é um sucesso, principalmente quando se
compara com empreendimentos de mesmo porte, das áreas urbanas. São 12 mulheres
que trabalham na agroindústria, com renda mensal de R$ 1,2 mil cada — valor
três vezes maior do que o combinado quando tudo começou no ano passado. “Nossa
meta inicial era que o salário fosse de R$ 400, em média, mas, no primeiro mês
de funcionamento, ultrapassamos esse valor”, comemora a gerente do negócio, Maria
das Dôres de Morais Silva.
A linha de produção conta com cinco produtos: pão
de batata, pão de abóbora, bolo de cenoura, bolo de mandioca e bolo de milho.
Outros produtos estão em processo de certificação, como a peta, que será feita
a partir de polvilho produzido também pela comunidade. A matéria-prima é
comprada diretamente de 15 agricultores da própria comunidade, com preços
melhores dos que os da Ceasa-DF e feiras.
Distribuição
O arranjo local é vantajoso para os dois lados —
produtores e panificadores. Os agricultores garantem rendimento extra e se
beneficiam de um sistema de distribuição menos oneroso, devido à proximidade
fÃsica com a panificadora. Para Francisco de Sousa Carneiro, um dos
fornecedores de mandioca, a agroindústria trouxe um pouco de tranquilidade aos
agricultores. “Agora, podemos escoar o nosso produto rapidamente, sem
burocracia, e negociar o preço de acordo com o que temos para oferecer. E é
ainda mais fácil fazer as entregas”, explicou.
A agroindústria, atualmente, concentra toda a
produção para atender à Cooperativa dos Produtores Rurais de Planaltina de
Goiás e Região (Prorural), que reúne cerca de 100 agricultores. A entrega para
a cooperativa totaliza 200kg de bolos e 250kg de pães por semana. Os produtos
também são vendidos para os moradores do assentamento.
O
empreendimento trouxe também o pão quentinho para a mesa dos agricultores.
“Para a gente que mora no campo e tem filhos, é uma coisa que fazia muita
falta”, diz Zelane Gomes VÃtor, mãe de três crianças.
(*) Fonte: Marlene
Gomes – Correio Braziliense
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