ENTREVISTA

A atual lei do Silêncio é inexequível, por isso todo mundo descumpre!

Diante dos últimos acontecimentos que marcaram o dia a dia dos profissionais da música e empresários do ramo de bares e restaurantes em Sobradinho, a equipe do Jornal de Sobradinho procurou o Deputado Ricardo Vale – PT para falar sobre:  Lei do Silêncio, Depredações de Arte, Fechamento da UPA, Esporte, Política e Cidade. Confira abaixo, nosso bate papo.

Deputado Distrital Ricardo Vale PT

JS - Deputado Ricardo Vale e a UPA de Sobradinho II vai fechar ou não?  A maior reclamação amplamente divulgado pela mídia e redes sociais é a falta de médicos, e o que esperar para 2018?

RV - A Secretaria de Saúde é quem deve responder a essa questão. Eu espero que não! A UPA precisa de mais profissionais de saúde, porque ela tem uma excelente estrutura, é bem equipada e ajuda muito a desafogar o único hospital público da cidade, o HRS, que atende pessoas da região próxima a Sobradinho e também do entorno. Espero, realmente, que as UPAS não fechem as portas!

JS - É fato que muitos bares e restaurantes estão sendo fechados pelo Ibram. O que o senhor tem a dizer aos empresários, funcionários e músicos do segmento? E aos moradores do DF? Em que pé anda a tramitação da mudança da Lei do Silêncio?

RV - Há três anos espero a votação do PL 445/2015, que apresentei para alterar essa atual lei, que é absurda e inexequível. Parece que em março 2018 ela irá para votação, segundo promessa do presidente da Casa. Parabenizo o setor produtivo e cultural do DF, em especial o pessoal de Sobradinho, que estiveram na Câmara cobrando uma definição para essa situação. Tenho certeza que com a alteração da atual lei estes setores vão poder trabalhar de forma mais tranquila e vários postos de empregos vão ressurgir no Distrito Federal. Existe uma grande mentira espalhada na cidade, que se alterar a lei, a confusão e o barulho aumentarão. Eu afirmo e garanto que será o contrário, pois com os limites ajustados e possíveis de ter música, quem extrapolar será punido justamente. Hoje não existe um estabelecimento que consiga funcionar dentro da legalidade. Desafio quem conhecer uma igreja, bar ou restaurante que consegue cumprir a atual legislação, quem conhecer me levar lá. A atual lei é inexequível, por isso todo mundo descumpre!

  

JS - Recentemente presenciamos a depredação da “Galeria a céu aberto” promovida pelo Artista Plástico Toninho de Souza e convidados internacionais em seu projeto internacional realizado nas paradas de ônibus de Sobradinho I, II, Setor de mansões, Fercal e Planaltina. Como o senhor vislumbra ARTE em nossa região?

RV - Aquilo foi um verdadeiro absurdo, uma coisa de entristecer a todas e todos os moradores de Sobradinho e do Distrito Federal e mostra como nossa sociedade precisa evoluir. A cultura é propulsora da educação e da convivência social pacífica entre as pessoas. Eu acho que o investimento em arte no DF ainda é muito baixo, mesmo tendo grandes artistas em nossa cidade. Temos projetos importantes acontecendo em Sobradinho, como por exemplo, o Arte na Praça. É uma oportunidade de os artistas da cidade mostrarem seus talentos. Estou sempre à disposição da classe artística, pois acredito que a arte é grande responsável pela educação e inclusão das pessoas na sociedade.

   

JS -  Como está a atual situação do Sobradinho Esporte Clube após sua passagem como presidente? 

RV - Está indo bem. O Túlio assumiu com um grupo de gestores extremamente competentes e organizados e nós continuamos ajudando na medida do possível, até porque ainda sou presidente de honra do clube e um torcedor fanático do clube. O Sobradinho está no caminho certo e em breve será campeão outra vez do DF. Tomara que seja já em 2018!

  

JS - Recebemos recentemente um grupo de ciclistas em nossa redação pedindo providências quanto as invasões de terras públicas na região do Polo de Cinema.  Alguns moradores associam essa invasão a movimentos de moradores sem terras ligados ao PT.  Como o sr. vê essa situação?

RV - Acho que o Governo do Distrito Federal deve resolver essa situação no Polo de Cinema. Ou fixa logo aquelas famílias ali no local, fazendo um processo de reforma agrária na região, ou leva aquelas pessoas para um novo assentamento. O que não pode é deixar as famílias largadas lá, sem apoio e estrutura. Eu sou um defensor da reforma agrária e acredito na agricultura familiar.  Quantos aos líderes dos movimentos, ser ou não ser do PT não muda nada, o importante é resolver a situação das famílias que estão ali. Estamos acompanhando a situação!

  

JS - Como está seu projeto político para 2018? O que os moradores de Sobradinho podem esperar do senhor?

RV - Em fevereiro de 2018 vamos decidir como será o futuro da nossa atuação política. Farei uma plenária com os apoiadores do nosso mandato e decidiremos juntos se serei ou não candidato. Quem vai decidir são os eleitores e as pessoas que acreditam e me ajudam nessa missão nobre que é legislar como representante do povo do DF. Caso decidam que devo continuar, a população de Sobradinho e do DF pode esperar um candidato que irá conversar com um a um dos moradores da cidade para mostrar a importância da política, de elegermos pessoas com capacidade e com a vontade de melhorar as condições de vida de todos os moradores. É preciso apostar em pessoas que façam mandatos pensando nos outros, nos trabalhadores, nas minorias e excluídos desta cidade. Foi isso que fiz até aqui. Estou sempre ouvindo propostas e demandas e transformando em atuação política de fato, como projetos de lei, emendas parlamentares e outras ações inerentes ao Legislativo. Vou andar muito, pois acredito que as pessoas precisam ter responsabilidades na hora de votar. Não podemos eleger gente que vai cuidar de seus interesses próprios e de seus negócios particulares e deixar os interesses públicos esquecidos. Infelizmente tem muitos políticos e teremos candidatos assim! A população sabe que são eles e mesmo assim votam nesses políticos. Não podemos aceitar mais isso!

  

JS - Deputado Ricardo Vale, na sua visão, como está atualmente as cidades de Sobradinho I, II e Fercal?

RV - Embora as administrações tenham poucas condições de interferir na vida real da cidade, porque contam com pouca estrutura financeira e autonomia de gestão eu avalio que os administradores dessas regiões têm feito um bom trabalho em defesa dos interesses dos moradores de Sobradinho, Sobradinho 2, Fercal, Condomínios e outras regiões de competência de gestão deles. Espero que continuem assim, sempre atuando em defesa de quem mais precisa e de uma cidade que seja de todos, para todos e todas.

  

Quero desejar a todas e todos os leitores do Jornal de Sobradinho que tenham um excelente natal e que o espírito de solidariedade, respeito e tolerância se fortaleça em cada um de nós. Em 2018 teremos muitos desafios e espero estar mais próximo ainda dessa comunidade que considero minha família.

(*) Júnior Nobre/JS – Foto: Raphaella Bechepeche