CÂMARA LEGISLATIVA
OLÁ, CANDIDATO A DISTRITAL!
QUEM TEM 50 MIL VOTOS NA URNA?
(*) Marc Arnoldi
O número de
candidatos a uma das 24 cadeiras da Câmara Legislativa em 2018 não é recorde.
São cerca de 850, enquanto eram mais de 1,1 mil há quatro anos. Mas o volume de
coligações ou partidos sozinhos é inédito: são 24 listas, contra 19 em 2014. E
a maioria, 14, é de partidos que preferiram uma chapa “puro-sangue” a um acordo
que arriscava levar os votos de uma legenda para a eleição de membro de outra
agremiação.
A desilusão
do PSB em 2014 continua nas memórias: o partido do então futuro governador
Rodrigo Rollemberg trouxe mais de 40% dos votos da coligação, mas nenhum dos
quatros eleitos (Joe Valle, Celina Leão, Prof. Reginaldo Veras e Sandra Faraj)
era correligionário.
A obrigação
de realizar o quociente eleitoral era um freio às ambições temerárias. Em 2014,
somente 11 coligações/partidos atingiram o número mágico (63.553 votos) que
abria não só as portas de um mandato, mas também entregava o convite para
participar da rodada de distribuição das vagas que sobravam. E foram sete
vagas, permitindo com sua média mais alta à coligação PT/PP de eleger 3, e
levar mais 2.
O quociente
eleitoral não é mais barreira, pelo menos não para sentar à mesa das sobras. E
partidos que teriam o risco de passar perto, mas ficar abaixo, como o PPS há
quatro anos a quem faltaram 4,5 mil votos para eleger seu campeão, Eduardo
Pedrosa, desta vez entram na batalha sozinhos. Contando com um número de votos
válidos inferior, e a modificação do artigo do Código Eleitoral, o objetivo é
50 mil votos (na soma dos candidatos) para alcançar uma vaga, no quociente
partidário ou na média.
Das 24
listas, duas não têm ambição de eleição. PSTU e PCO participam sem chances. O
primeiro até bradando em sua propaganda eleitoral que “eleições são uma farsa”
e o segundo tendo problemas de deferimento de candidaturas. Das 22 restantes, é
difícil descartar por completo a chance mesmo das mais fraquinhas.
O Novo
estreia com proposta diferente. Tem 30 candidatos, nenhum com experiência. Mas
Alexandre Guerra, candidato ao Governo, é creditado em volta de 3 ou 4 % nas
intenções de votos. Se conseguir uma “fidelidade partidária” com seus
eleitores, pode trazer 50 ou 60 mil para Distrital. Mesmo raciocínio para a
coligação PSL/PPL, que tem como expoente para a Presidência da República Jair
Bolsonaro (PSL) e João Goulart Filho (PPL).
Se respingar
para os candidatos a deputado Distrital, o conjunto pode chegar a 50 mil. O
problema é que Bolsonaro em Brasília é sinônimo de PRP-PRTB, com a figura do
General Paulo Chagas puxando votos para Bolsonaro, e vice-versa.
Nessas
coligações “objetivo 50 mil”, é de suma importância chegar em primeiro na
votação nominal. Na prática, o maior adversário é o companheiro. Cada voto
conta. É possível que um candidato até com menos de 5 mil votos se eleja este
ano. Numa coligação com 48 candidatos, se a média de votação for 1,1 mil, o
primeiro pode ter só 3.256 votos, e se beneficiar da soma dos outros para
ocupar a vaga obtida pelo cálculo.
Assim, o
número de partidos/coligações com chances reais de chegar ao objetivo é alto. E
as batalhas internas, no estilo fogo amigo, já começam a aparecer em público
(estavam travadas desde a montagem das nominatas nas reuniões pré-7 de abril.
Se o quociente eleitoral for baixo, em torno de 55 mil votos ou mesmo menos, o
que diminuirá em consequência são as vagas disponíveis na sobra.
É pensando
nessa hipótese que partidos montaram listas estreladas, com nomes de peso. O PT
é um bom exemplo. Avaliando que Érika Kokay tem força suficiente para garantir
uma cadeira Federal, mas que o partido teria dificuldade em obter uma segunda,
e que a corrida ao Buriti estava ainda distante quatro anos após a inédita
derrota em primeiro turno de Agnelo Queiroz, concentrou suas estrelas (com
exceção de Wasny de Roure) na disputa para a Câmara Legislativa. Para eles, o
fim da obrigatoriedade do Quociente Eleitoral não é benéfico. Com a regra
antiga, podiam até esperar seis eleitos. O PSB seguiu o mesmo caminho. Enquanto
o AVANTE (ex-PTdoB) apostou numa nominata de candidatos talvez não tão
“vistosos”, mas de potencial de votos já testado nas urnas, entre 3 e 7 mil
votos.
Esses três
partidos podem legitimamente visar 3 eleitos pelo quociente eleitoral. E há
vários outros que atingiram a segunda vaga. Então, 3×3 = 9, mais 18×1 = 18 e 9
+ 18 = 27. Mas só são 24 vagas. Onde vai sobrar? E quais dos 17 candidatos à
reeleição só vão ficar na saudade?
(*) Fonte: Marc Arnoldi/
Foto/Arquivo Notibras
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