ECONOMIA
Distrito Federal registra
desigualdade maior que restante do país
Brasília não é ilha da
fantasia, diz presidente da Codeplan
Por Gilberto Costa - Repórter da
Agência Brasil - Brasília
A visão de
que Brasília é uma ilha da fantasia, onde se vive em condição muito melhor do
que em outras partes do país, é uma ideia que desconsidera a maioria da
população do Distrito Federal, defende o cientista político Lúcio Rennó,
presidente Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan). O órgão é
responsável, entre outras atribuições, por estudos e análises sociais,
econômicas, demográficas, além de avaliar políticas públicas para o governo do
DF.
O Distrito
Federal registra desigualdade maior do que o resto do país e da região
Centro-Oeste. O Índice de Gini – medida de desigualdade que varia de 0 a 1 (0 é
o ideal de igualdade e 1 é o pior grau de desigualdade) – foi 0,602 em 2017,
enquanto no país o índice foi 0,549 e no Centro-Oeste, 0,536. Os dados fazem
parte do estudo Projeções e Cenários do DF.
“Quem fala
que é uma ilha da fantasia está se referindo às regiões administrativas do
Plano Piloto, do Lago Sul e do Lago Norte – esse centro muito pequeno do
Distrito Federal onde há uma população que sim tem uma renda diferenciada da
média do Brasil, uma alta qualidade de vida”, afirma Segundo Lúcio Rennó.
Um dado
ilustra a desigualdade. Em 2017, caiu o número de pessoas que usaram ônibus em
cerca de 9%. No mesmo ano, cresceu em 3,11% a frota de carros emplacados do DF.
Segundo
Rennó, de um lado estão pessoas com dificuldades para pagar a passagem de
ônibus, R$ 10 ida e volta das regiões administrativas antigamente chamadas
“cidades-satélites” e o Plano Piloto, de outro estão os cidadãos que podem
comprar carro novo. Mantida a tendência de aquisição de automóvel, em 2025 a
taxa de pessoa por carro será menos que um passageiro e um motorista (taxa de
1,6).
Demandas Sociais
Além da
mobilidade, a capital federal do Brasil terá de fazer grande esforço zerar
problemas de assistência à saúde, universalizar a educação básica e resolver o
déficit habitacional.
Conforme os
dados da Codeplan, a cidade precisa criar 70,5 mil creches para atender todas
as crianças de 0 a 3 anos até 2024 e atingir metas nacionais de educação. No
mesmo período, para pré-escola (4 e 5 anos) serão necessárias 16,5 mil vagas; e
para o ensino médio, 43,9 mil vagas. As projeções não identificaram necessidade
de vagas para outros níveis de ensino.
No caso das
metas de atendimento da saúde pública, há necessidade de ampliação da oferta de
mais 550 leitos até 2025; da contratação de 50 equipes de saúde da Família (com
médico, enfermeiro, auxiliar e agentes de saúde), e da contratação de quase 200
equipes para saúde bucal.
O cálculo da
Codeplan é de que o déficit habitacional esteja em 2020 em 126 mil domicílios e
possa chegar a 133,8 em 2025.
A Codeplan
prevê aumento expressivo e acelerado do número de pessoas idosas no DF. Em
2015, haviam 35,7 pessoas com 60 anos ou mais para cada grupo 100 crianças e
jovens. Em 2025, a relação será de 75,2 para cada grupo 100 crianças e jovens.
Ocupação, crescimento e arrecadação
Se as
necessidades assistência à população em diferentes áreas é dada como certa, não
há sinal seguro na economia de que nos próximos anos Brasília consiga ter
intenso crescimento econômico, geração de emprego e aumento de arrecadação para
atender as demandas sociais da população.
Segundo a
Codeplan, até 2022 a arrecadação deverá crescer 1,8% ao ano (2,5% em cenário
otimista e 1,1% em cenário pessimista). A desocupação deverá permanecer na casa
de dois dígitos nos próximos quatro anos. Num cenário otimista, 11,2% não terão
nem emprego nem trabalho informal no DF em 2022. Em perspectiva pessimista, a
desocupação chegará a 20,5.
Naquele ano,
o Produto Interno Bruto do DF crescerá no máximo a uma taxa de 3,87%; no
mínimo, 2,78%.
(*) Por Gilberto Costa - Repórter da Agência Brasil – Brasília/ Edição:
Talita Cavalcante
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