CIDADE URBITÁ
Decreto aprova plano de urbanização de nova cidade, em
Sobradinho
Empreendimento terá capacidade para abrigar 118 mil moradores, com
movimentação inicial de R$ 4 bilhões
Imagens da nova Cidade Urbitá, que será erguida próximo de Sobradinho - (foto: Reproducao)
O projeto privado que cria uma cidade no Distrito
Federal, com capacidade para 118 mil habitantes, deu mais um passo para sair do
papel. O governador Ibaneis Rocha (MDB) publicou decreto que autoriza o plano
urbanístico da iniciativa, chamada de Cidade Urbitá. O empreendimento, na região norte de Brasília, foi
gestado com discrição pela Urbanizadora Paranoazinho (UP) na última década e
prevê a construção de um empreendimento com estrutura completa e padrão
moderno, com foco na experiência do pedestre, parques e prédios de até 10
andares sem grades ou cercas.
Antes que o processo de construção comece, porém,
outro decreto precisa ser editado por Ibaneis, desta vez, autorizando o início
da primeira etapa do empreendimento. Essa fase inicial foi aprovada pelo
Conselho de Planejamento Territorial e Urbano (Conplan) em dezembro do ano
passado. O órgão havia acatado o plano urbanístico, referendado agora pelo
governador, em novembro de 2018. A demora entre a aprovação do Conplan e a
edição do decreto tem ligação com as adequações feitas nos estudos por causa da
aprovação da Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos), sancionada pelo emedebista
em janeiro. Todos as modificações, segundo a UP, foram concluídas.
A Cidade Urbitá será construída nas proximidades de
Sobradinho. As terras que receberão o empreendimento fazem parte da antiga
Fazenda Paranoazinho. A UP adquiriu o local, que conta com 54 condomínios
irregulares e espaços vazios, em 2007 (leia Memória). Desde então, a
empresa é responsável pela regularização dos lotes e aproveitou as terras
vazias para planejar o novo bairro, que será erguido em uma área de cerca de
900 hectares.
Assim que publicado o decreto do GDF com a
autorização para o início da primeira fase, a UP começará o processo para
erguer o empreendimento. A primeira etapa terá início por lotes comerciais e
institucionais. “Estamos fazendo pesquisas para identificar quais as carências
daquela região. Queremos começar o projeto atendendo a essas necessidades de
comércio, lazer etc. Mas, em seguida, começaremos com o componente
residencial”, adianta o diretor presidente da UP, Ricardo Birmann. A fase
inicial terá capacidade para 11 mil moradores.
Segundo Ricardo, a intenção é que o projeto vá além
do conceito de cidade-dormitório e possa oferecer aos moradores uma estrutura
completa para o dia a dia. “Ao atender essas necessidades localmente, começamos
a contribuir para que Brasília se torne uma metrópole com vários núcleos”,
comenta.
A estimativa é de que as primeiras quatro etapas do
empreendimento movimentem R$ 4 bilhões. “Isso inclui toda a construção da
cidade, em um tempo que pode ser até de 20 anos. Esses recursos são todos
privados, mas não são todos da UP. Podem vir também de parceiros, como
incorporadas”, detalha o diretor. Apenas com a infraestrutura da cidade, estão
previstos gastos de R$ 150 milhões.
Preocupações
Um dos pontos que levantam preocupação em relação
ao empreendimento é a questão do trânsito na região norte do Distrito Federal.
A área registra constantes engarrafamentos, sobretudo na BR-020 (no sentido da
subida do Colorado). De acordo com Birmann, tudo isso foi levado em conta nos
estudos realizados para a empreitada. Portanto, há medidas de compensação
previstas no projeto. “Passamos quatro anos discutindo o problema do trânsito.
Há uma série de mitigações que faremos para evitar os impactos desse
empreendimento nesse sentido. Por isso, é importante fazer algo assim com todas
as licenças e o tempo necessário”, argumenta. Entre as compensações previstas
estão a construção de pista que prolongue a Avenida Sobradinho e de uma ponte
sobre o Ribeirão Sobradinho.
Voto vencido
Em dezembro, quando a primeira etapa do projeto foi
avaliada pelo Conplan, o placar da votação foi favorável à aprovação da Urbitá.
A sessão durou mais de quatro horas e discutiu os impactos da iniciativa. Foram
23 votos a favor, um contra e uma abstenção. Apenas a representante do
Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) no conselho, Carolina Cavalcanti,
defendeu que a análise deveria ser feita por mais tempo.
Ela reconheceu a qualidade urbanística do
empreendimento, mas questiona a atuação do Estado. “É um projeto moderno e
arquitetonicamente é interessante, tem todos os pré-requisitos de bom
urbanismo, mas acho que é omissão o poder público tratar um projeto dessa
envergadura como se fosse um simples parcelamento, sem se debruçar sobre
questões mais específicas, como o lado social”, justifica.
A UP, no entanto, ressaltou que a participação do
Estado foi próxima desde o início do projeto, há mais de uma década. Isso
ficaria evidenciado, segundo a empresa, no processo de concessão de licenças e
aprovações para que o empreendimento, de fato, pudesse começar a ser efetivado.
No detalhe
Dificuldades e
desconfiança
As questões fundiárias
na região da antiga Fazenda Paranoazinho têm mais de uma década. A Urbanizadora
Paranoazinho (UP) tornou-se responsável por administrar o espaço e regularizar
os terrenos ocupados em 2007, quando adquiriu a área. A chegada da empresa foi
vista com desconfiança por moradores, que reclamavam de não ter participado de
projetos elaborados pela Urbanizadora. Isso dificultou o processo de
regularização. Os terrenos ocupados usam cerca de metade do espaço da fazenda.
É na área livre que a UP pretende construir os novos empreendimentos.
(foto: Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)
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A cidade contará com
áreas comerciais, residenciais e institucionais
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Os prédios terão
altura máxima de 37m, o equivalente a 10 andares
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A capacidade do novo
bairro é de 118 mil habitantes
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A ocupação do setor
será a longo prazo, e o processo todo deve levar pelo menos 30 anos
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A Urbitá contará com
parques permeando o empreendimento, com área total de 3 milhões de metros
quadrados
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Por Alexandre
de Paula/Correio Braziliense
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