CLDF / EDUCAÇÃO NO DISTRITO FEDERAL
Mensalidades escolares
poderão ser flexibilizadas em até 50%, valores serão pagos depois
Percentuais serão definidos caso a
caso, a partir da avaliação da condição de cada unidade familiar por
"câmaras de conciliação", a serem criadas nas entidades de ensino
A Câmara
Legislativa aprovou, em sessão remota nesta terça-feira (14), substitutivo aos
projetos de lei nº 1.079/20 e 1.080/20, que tratam da possibilidade de
negociação e de redução das mensalidades de instituições de ensino particulares
no Distrito Federal, enquanto durar o estado de calamidade pública por conta da
pandemia de Covid-19. O texto foi aprovado em segundo turno e redação final e
agora precisa ser sancionado pelo governador Ibaneis Rocha para entrar em
vigor.
O
substitutivo, protocolado na manhã desta terça-feira (14), obriga as
instituições de ensino fundamental, médio e superior da rede privada do DF, bem
como os cursos preparatórios e de idiomas, a flexibilizarem o pagamento das
mensalidades em, no mínimo, 30% e, no máximo, 50%, durante o plano de
contingência do novo coronavírus. Os percentuais serão definidos caso a caso, a
partir da avaliação da condição de cada unidade familiar pelas chamadas
"câmaras de conciliação", a serem criadas em todas as entidades
privadas de ensino.
O novo texto
exclui as micro e pequenas empresas inscritas no Simples Nacional, as quais
poderão pactuar, livremente, os descontos. A proposta anterior previa
abatimento linear de 30% nas mensalidades.
Outra
novidade trazida pelo substitutivo é o pagamento posterior dos valores
descontados, desde que a instituição de ensino comprove ter feito a reposição
total do conteúdo programático.
Um dos
autores do projeto, o deputado Rafael Prudente (MDB) afirmou que o substitutivo
resulta de acordo com os sindicatos das instituições de ensino particulares e
dos trabalhadores: "Em duas semanas, amadurecemos a proposta junto com os
interessados". Na avaliação do distrital, o resultado é um "projeto
justo": "Excluímos as micro e pequenas empresas e flexibilizamos os
pagamentos, de forma a desafogar os pais e alunos sem condições de pagar. As escolas
que prestarem os serviços receberão depois". Segundo ele, após a
repercussão gerada pela proposta, outros 16 estados do Brasil caminham na mesma
direção.
O deputado
Daniel Donizet (PSDB), também autor da matéria, reforçou que o projeto é
pioneiro e fez questão de frisar que as escolas que prestarem o serviço pela
internet e que cumprirem o plano de ensino contratado vão receber,
posteriormente, os valores abatidos. "Não é um desconto. A escola que
prestar o serviço vai receber depois", reiterou.
A proposta
gerou longa discussão. Alguns parlamentares, como os deputados Professor
Reginaldo Veras (PDT) e Leandro Grass (Rede), expressaram preocupação com a
possibilidade de demissão de professores a partir da aprovação da norma. O
deputado Rafael Prudente respondeu, contudo, haver uma carta assinada pelas
entidades patronais se comprometendo a manter os empregos.
A questão da
constitucionalidade da proposta foi outro ponto de discussão. Para os deputados
Júlia Lucy (Novo) e Agaciel Maia (PL), por exemplo, a matéria é de direito
civil e, por isso, extrapolaria a competência do Legislativo local. Outros
parlamentares, como Fábio Felix (PSOL), argumentaram haver jurisprudência
recente respaldando a regulação da prestação de serviços educacionais.
A proposição
foi aprovada com o voto favorável de 17 deputados. Júlia Lucy e Agaciel Maia
votaram contra, e Leandro Grass e Prof. Reginaldo Veras se abstiveram.
Fonte: Denise Caputo, Fotos: Silvio
Abdon/CLDF- Núcleo de Jornalismo - Câmara Legislativa
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