SISTEMA S / SENAC / FECOMÉRCIO-DF
Corte de 50% ameaça programas sociais do Sesc e Senac no DF
MP do governo
federal estabelece redução nas contribuições de empresas para o Sistema S, que
oferece capacitação e alimentos na capital
O corte de 50% nas contribuições
das empresas às entidades do Sistema S por três meses ameaça
programas sociais desenvolvidos pelo Serviço Social do Comércio (Sesc) e pelo
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) no Distrito Federal, além de
empregos gerados pelas entidades.
O
presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF
(Fecomércio-DF), Francisco Maia, disse a reportagem que
há um plano de demissão de 1.150 funcionários, 50% do quadro atual, caso a
redução seja mantida.
“Nesses
90 dias, vamos perder 50% e mais as contribuições das empresas que não estão
pagando. A gente calcula que pelo menos 80% da contribuição está perdida”,
frisou.
Com
menos dinheiro em caixa, o Sesc não
consegue manter o programa Mesa Brasil, que recolhe excesso de alimentos em supermercados
ou de produtores rurais, seleciona as mercadorias que estão em condições de
consumo e as distribui para 65 mil pessoas em 265 instituições sociais da
capital do país, como creches e asilos.
“Vamos
cortar o programa pela metade. A gente não compra mercadoria, mas tem
infraestrutura e logística, com caminhões e nutricionistas, por exemplo”,
assinalou o presidente da Fecomércio-DF.
A
federação estima que o corte na arrecadação compulsória resultará no fechamento
de cinco unidades do Sesc e na redução de 884.544 atendimentos, vagas e
inscrições.
Formação profissional
O Senac deve encerrar as atividades de três unidades,
além de diminuir em dois mil o número de assistências, que envolvem
oferecimento de formação profissional. “Os cursos de capacitação saem
praticamente todos de graça, em áreas como gastronomia e hotelaria. Tudo é
feito no Senac”, destacou Francisco Maia.
No DF,
mais de seis mil pessoas perderam os empregos em restaurantes, segundo o
presidente da Fecomércio-DF, e vão precisar de capacitação para voltar ao
mercado de trabalho. “A mão de obra terá que ser reciclada. O papel do Senac,
se já era importante, passa a ser muito mais”, salientou.
A
redução de 50% nas contribuições às entidades do Sistema S, por 90 dias, foi
estabelecida pela Medida Provisória nº 932/2020 e
passou a valer em 1º de abril. Os empregadores destinavam 1,5% sobre a folha de
salários para o Sesc e 1% para o Senac. Com a alteração, a alíquota caiu para
0,75% e 0,5%, respectivamente, até 30 de junho.
Diferentemente
do caminho adotado para a taxa destinada ao Sistema S, o percentual obtido pela
Receita Federal sobre o valor arrecadado cresceu: saiu de 3,5% para 7%. “Em vez
de diminuir, o governo federal aumentou para 7%. Na verdade, estamos ficamos sem
53,5%”, disse o presidente da Fecomércio-DF.
A MP
integra pacote do governo federal para minimizar os impactos da pandemia do
coronavírus na economia. O Ministério da Economia estima
injetar R$ 2,2 bilhões com a medida.
De
acordo com Francisco Maia, a redução não é efetiva para os empregadores. “O
discurso é que está desonerando a folha de pagamento para que as empresas
paguem menos imposto e possam dar mais emprego. Isso não é verdadeiro, porque,
pelas nossas contas, cada empresa que contribui com a gente vai ganhar R$ 350.
Isso vai estimular a dar mais emprego? Claro que não”, destacou.
Presidente
da Fecomércio-DF, Francisco Maia, sobre a necessidade do Senac após a pandemia
de coronavírus: “A mão de obra terá que ser reciclada. O papel do Senac, se já
era importante, passa a ser muito mais”
Fonte: Isadora Teixeira/ metropoles.com – Fotos: Divulgação
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