GERAL
Povos tradicionais, os quilombolas
retiram seu sustento do Cerrado
Nesta sexta-feira comemora-se o Dia Nacional do Cerrado
Para marcar
o Dia Nacional do Cerrado, comemorado hoje (11), a Agência Brasil publica a
última reportagem em homenagem ao bioma. O tema da quarta matéria são os povos
e comunidades tradicionais que vivem no Cerrado.
Muito se
fala em preservar a flora e a fauna do Cerrado, mas pouco se fala dos povos e
comunidades tradicionais que vivem desse bioma, que sobrevivem dos recursos
naturais como indígenas, quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos, babaçueiras e
vazanteiros. Todos detêm conhecimento tradicional da biodiversidade e fazem
parte do patrimônio histórico e cultural do Brasil.
Apresentação
cultural do povo quilombola Kalunga, durante Encontro de Culturas Tradicionais
da Chapada dos Veadeiros, na Vila de São Jorge, município de Alto Paraíso de
Goiás - Marcello Casal JrAgência Brasil
O
governo brasileiro, no entanto, ainda não tem o mapeamento dos povos
tradicionais. Não se sabe ao certo, quantos são e onde vivem exatamente.
Em uma
iniciativa inédita no país e com o apoio de diversas entidades governamentais e
não governamentais, o Ministério Público Federal desenvolve, em parceria
com o Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT), uma plataforma digital para mapear e disponibilizar
amplo acervo de dados georreferenciados de áreas ocupadas tradicionalmente por
esses povos e comunidades.
O
Cerrado gera renda para as comunidades tradicionais. Esses povos têm uma
relação de pertencimento de seu território com suas raízes, com a família,
modos de vida e sua identidade. O conhecimento popular sobre a biodiversidade
do Cerrado é vivenciado no seu dia a dia dessas comunidades.
O
agroextrativismo de produtos da flora, fauna, frutas, sementes, fibras, cascas
e mel fortalece a economia dessas comunidades e contribuem para a segurança
alimentar além de expressar a cultura e a identidade de cada povo.
Comunidade
de descendentes de escravos Kalunga - Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Cerrado
bom é Cerrado vivo
Maria do
Socorro Lima, quebradeira de coco no Tocantins, é presidente da Rede Cerrado.
Durante a Roda de Conversa Elos do Cerrado, evento virtual promovido pelo
Instituto Cerrados, ela contou que a na sua comunidade foi implantada a prática
de agroecologia para evitar queimadas, e preservar as águas onde elas estão e a
ecossistema da região.
“Cerrado
é bom é Cerrado vivo, é Cerrado de Pé. Eu vivo do babaçu. Eu vivo dos remédios
que vem da natureza, da terra, do Cerrado que a gente coleta pra fazer nossos
medicamentos. É o Cerrado que me dá a condição de sobrevivência. Lutamos no
combate ao desmatamento, nossas comunidades cuidam do Cerrado.”
A
quebradeira de coco convida o povo urbano a conhecer o modo de vida dos povos
tradicionais para sensibilizá-los e despertar a importância da preservação do
bioma.
“Dinheiro
e poder nós não temos, mas somos guardiões do Cerrado então temos que lutar
pela preservação. Nosso valor é vida e isso não tem preço. E vida depende de
água pra beber, da floresta viva, dos animais vivos. É importante conhecer o
Cerrado de pé. É preciso unir todo povo brasileiro para preservar o bioma,
convidar o povo urbano para conhecer o nosso modo de vida, nossa água limpa,
nosso alimento sem agrotóxico, nosso remédio natural.”
O bioma
Cachoeira
do Abismo, vista do Mirante da Janelo, no Parque Nacional da Chapada dos
Veadeiros, em Goiás - Marcelo Camargo/Agência Brasil
Segundo
o Mapa Biomas e Sistema Costeiro-Marinho do Brasil, elaborado pelo Instituo Brasileiro
de Pesquisa e Estatística (IBGE), o Cerrado é o único bioma presente nas cinco
regiões do país. Ele ocupa 23% do território nacional, mas apenas 8% está
protegido.
De
acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o Cerrado é considerado um dos hotspots mundiais
de biodiversidade. Isso significa que é uma área rica em espécies endêmicas,
mas que sofre com alto grau de ameaça na perda de habitat.
De todos
os biomas presentes no Brasil, apenas o Cerrado e a Caatinga não são considerados
Patrimônio Nacional. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 504 tramita no Congresso Nacional
desde 2010 para garantir que os dois biomas se juntem à Amazônia, Mata
Atlântica, Pantanal, Zona Costeira e Serra do Mar garantidos no Artigo 255 da Constituição
brasileira.
Incluir
o Cerrado e a Caatinga como Patrimônio Nacional é importante porque assegura –
na forma na lei - a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso de
recursos naturais.
Veja
na TV Brasil
Confira
o programa Caminhos da Reportagem | Um gole de cerrado, exibido
em 2017, quando o Distrito Federal passou por uma crise hídrica.
Por Liliane Farias - Repórter da Agência Brasil – Brasília, Edição: Denise Griesinger
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