COMÉRCIO & INDÚSTRIA

 Francisco Maia, um apaixonado pela família e pelo trabalho

Maior prazer do presidente da Fecomércio, falecido hoje de covid-19, era estar entre os parentes e “ser útil” para as pessoas 

Francisco Maia com a família: a esposa, três filhos e seis netos. Foto: Divulgação

​O coração de Francisco Maia Farias não resistiu às complicações da covid-19 e parou às 2h30 da madrugada desta Quarta-Feira de Cinzas (17). A morte do presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF) entristeceu o meio empresarial e os muitos amigos que construiu ao longo dos seus 71 anos de vida. E enlutou a família pela qual era apaixonado e dedicava os seus melhores esforços.

 

​Chico Maia, como gostava de ser chamado pelos mais próximos, era casado há 45 anos com Solange Pinheiro Farias. Eles tiveram três filhos (os gêmeos Valéria e Rafael, de 44 anos, e o caçula Daniel Farias, de 42). Cada um deles lhe deu dois netos, que, nos últimos anos, centralizavam suas atenções nos momentos de descanso do trabalho à frente da entidade do Sistema S.

 

Nascido em Teresina, capital do Piauí, foi criado em São Luís (MA), de onde mudou-se para Brasília aos 13 anos, em 1963. Formou-se em Jornalismo pela UnB e nas décadas de 1970 e 1980 atuou em vários veículos de comunicação, como o extinto Diário de Brasília, o Jornal de Brasília, a Rádio Nacional e o Correio Braziliense.

 

Grupo Apoio – Maia sempre teve espírito empreendedor. Nos anos 1980, ainda como redator da extinta Agência de Notícias dos Diários Associados (ANDA), incorporada pelo Correio Braziliense, criou, juntamente com o irmão Airton Maia, o Grupo Apoio, que atuava nas áreas de produção de vídeo, turismo e evento. Também fundou a TV Apoio, que transmitia em sinal UHF.

 

​Foi um dos fundadores do Sindicato das Empresas de Promoção de Eventos (Sindeventos-DF), um dos 26 sindicatos filiados ao Sistema Fecomércio-DF. Como presidente do sindicato, tornou-se homem de confiança do então presidente da Adelmir Santana, a quem veio a suceder em fevereiro de 2019. Desde então, transferiu a gestão dos negócios da família para a filha Valéria.

 

Atualmente, ela administra os hotéis Like Ü, no Setor Hoteleiro Sul de Brasília e na Avenida República do Líbano, em Goiânia, e o Casa Blanca, no Setor Hoteleiro Norte da capital da República.​“Meu pai foi um exemplo de perseverança. O exemplo que ele deixa para todos nós é o de um homem que jamais desistiu de seus objetivos. Era determinado e sempre levou seus projetos até o fim”, diz Valéria Farias.

 

​Missão – A responsabilidade com os compromissos assumidos acabou sendo determinante na trajetória de Francisco Maia. Desde o início da pandemia, embora tomando cuidados como o uso de máscara e álcool em gel, ele manteve uma rotina de ir ao trabalho e participar de solenidades e eventos. “Deus me deu esta oportunidade de fazer coisas boas para as pessoas. Não posso me omitir desta missão”, repetia para os assessores.

 

​Em algum momento, ele foi contaminado pelo novo coronavírus e foi internado com os sintomas da covid-19 no dia 17 de janeiro. Trinta dias depois, mesmo apresentando sinais de melhora com o tratamento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santa Lúcia Norte, sofreu uma parada cardíaca e faleceu.

 

Fecomércio destaca legado

 

“Francisco Maia procurou integrar, fortalecer e reestruturar as instituições – dando voz aos sindicatos, atendendo a população mais carente e unindo os empresários do comércio”. Foto: Divulgação

 

A Assessoria da Fecomércio-DF distribuiu um informe sobre o legado humanitário de assistência social de Francisco Maia. “O pioneiro de Brasília deixa uma marca, sobretudo, de inovação, integração e responsabilidade social. Empresário dos segmentos de hotéis e de comunicação, Francisco Maia assumiu o Sistema Fecomércio-DF em 6 de fevereiro de 2019 e desde então procurou integrar, fortalecer e reestruturar as instituições – dando voz aos sindicatos, atendendo a população mais carente e unindo os empresários do comércio da capital do País”, diz o comunicado.

 

“Como presidente da Fecomércio, do Sesc e do Senac no DF, Francisco Maia deixa um legado histórico de combate à pandemia do coronavírus e de luta contra a fome e a desigualdade social. Assim que a pandemia surgiu, no primeiro trimestre de 2020, ele não mediu esforços para auxiliar a população e os empresários. Foram diversas ações: disponibilização de crédito junto ao BRB; doação de marmitas, sopas, máscaras e testes para a população. Também foi realizada uma campanha para ajudar os pequenos negócios, os mais afetados pela crise”.

 

O texto diz, ainda, que “no turismo, ele criou, com apoio de diversas entidades, a Marca Brasília e promoveu o DF como um grande destino turístico. Modernizou a gestão do Sistema Fecomércio-DF, procurou sanear as entidades e inovar com bandeiras como a criação de um corredor cultural na W3 Sul. Também abraçou projetos como o Fome de Música, que por meio de lives arrecadava alimentos para entidades sociais”.

 

Ações – Sabendo da importância em buscar a autossustentabilidade dos sindicatos que compõem a Fecomércio-DF, a gestão de Francisco Maia remodelou o trabalho e assessoria prestada para os sindicatos. Em 2019, foi lançado um novo modelo de gestão do núcleo de atendimento sindical apoiado na inovação e busca por novas fontes de receita. Com essa diretriz, foram realizados três encontros sindicais para dar novo direcionamento às entidades patronais do comércio brasiliense.

 

“Outro destaque foi a criação de novas câmaras setoriais para discutir e aprimorar o setor terciário em Brasília. Em 2019, foram lançadas as câmaras de tributação e finanças públicas; de mulheres empreendedoras; e de economia criativa. Além disso, foi relançada a câmara de inovação e tecnologia da informação. A câmara de turismo e hospitalidade, lançada em 2016, presidida por Francisco Maia, trabalhou incansavelmente pelo crescimento do turismo e realizou grandes projetos. Em 2020, a câmara de comércio Argentina – Distrito Federal foi a última lançada.

 

“Com a missão de contribuir para qualidade de vida, o Sesc manteve a promoção de atendimento nas áreas de educação, saúde, esporte, alimentação, cultura, ação social, turismo e lazer. Outro projeto que ganhou força com Francisco Maia foi o Mesa Brasil, um programa de combate à fome e ao desperdício de alimentos.

 

“O Senac-DF, por sua vez, se tornou uma instituição com capacidade de levar ao cidadão o sucesso pessoal e profissional – munindo as pessoas de conhecimento e habilidades para o sucesso no mercado de trabalho. Um dos destaques foi o programa Senac de gratuidade. Ainda na área de educação, a instituição fechou acordo com Sebrae-DF. A finalidade foi a de criar uma atuação conjunta em ações direcionadas para a educação empreendedora nos cursos de graduação e pós-graduação da Faculdade Senac”.

 

Serviço:

 

O velório de Francisco Farias Maia começa às 14h desta quarta-feira (17) na capela 7 do cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul de Brasília. O sepultamento está marcado para as 17h.

 

 

Fonte: Orlando Pontes