SAÚDE / COVID-19
Asma e coronavírus: como diminuir a chance de gravidade
Reconhecer os gatilhos e os sintomas da asma estão entre as dicas dos especialistas para distinguir a doença da Covid-19 e tomar as providências necessárias
Como diferenciar os sintomas da asma dos
sintomas de Covid-19 - Foto: Getty Images
A asma é uma das condições de saúde pré-existentes que aumenta o risco
de um caso mais grave de Covid-19, a doença
causada pelo coronavírus. “Durante um ataque de asma, a pessoa sente quase como
se respirasse por um canudo, porque a inflamação restringe as vias aéreas”,
explica a médica Lakiea Wright, que se especializou em alergias e imunologia no
Hospital Brigham and Women em Boston.
“Dá para imaginar que vai ser ainda pior se um vírus que causa
inflamação extra entrar nas vias aéreas”, disse Wright. “São os pacientes que
podem acabar usando respiradores para ajudar, porque a Covid-19 causa muitos danos aos pulmões”.
Muitos dos principais sintomas da Covid-19, como tosse, falta de
ar e aperto no peito, também são típicos da asma. Outros sinais potenciais,
como espirros, coriza, olhos vermelhos e fadiga, podem parecer reações
alérgicas.
“Se os sinais são tão semelhantes, como podemos diferenciá-los? Pode ser muito confuso para os
pacientes”, disse a médica. “Falo aos meus pacientes para procurarem por coisas
que seriam sintomas típicos de Covid-19, como febre e dores no corpo. Alergias
ou asma por si só não causariam esses sintomas”.
Pessoas com asma alérgica podem usar anti-histamínicos e outros tratamentos
de alergia, disse o pediatra Dougherty. Se esses tratamentos reduzirem os
sintomas, é sinal de que é só alergia. Quanto à asma, o pediatra conta que
qualquer pessoa que já tenha sofrido um ataque provavelmente tem um histórico
de asma e pode comparar os sintomas.
“Não acho que uma pessoa vá ter o primeiro episódio de asma na vida
pegando o coronavírus. E mesmo que ela tenha o coronavírus e um evento asmático
ao mesmo tempo, seus sintomas de asma devem melhorar usando seu inalador de
alívio rápido”.
Táticas de prevenção
Se o objetivo é manter os pulmões o mais saudáveis possível, como fazer
isso? Conheça seus gatilhos. “A asma não aparece do nada. Ela tem
gatilhos, diferentes para cada pessoa - a fumaça do cigarro pode
ser o seu gatilho, ou a prática de exercício físico”, exemplificou Dougherty.
“Espero que todo asmático tenha uma boa compreensão das coisas que têm
maior probabilidade de desencadear sua asma e tente evitá-las”, opinou o
pneumologista Albert Rizzo, diretor médico da American Lung Association
(Associação Americana do Pulmão).
Ou seja, é preciso analisar seu ambiente e usar o bom senso, disse o
especialista em terapia intensiva pulmonar Mitchell Glass, porta-voz da mesma
associação. "É o momento de encontrar um parente querido que vai
limpar a caixa de areia do gatinho”,
disse Glass. "Por mais que você ame seu gato, esta pode não ser a hora de
ficar com ele no seu colo. Minimize sua exposição à poeira, a cheiros nocivos,
a qualquer coisa que possa desencadear um ataque de asma”.
Mantenha um diário. Os asmáticos devem usar medidores de pico de fluxo
expiratório, dispositivos que medem a força da respiração, para checar a
abertura das vias aéreas, disse Rizzo. Vale a pena manter um registro diário
desses números e de outros sinais reveladores.
“Os pacientes devem avaliar com que frequência estão usando seus medicamentos de
crise e a frequência com que acordam à noite com tosse ou chiado. São os sinais
de alguma instabilidade que pode estar ocorrendo”, afirmou o pneumologista.
“Isso dá aos asmáticos uma maneira de controlar uma pequena mudança em
sua respiração, e traz informações que eles podem transmitir aos seus médicos
se a condição não reverter depois de usar o inalador de alívio rápido ou de
resgate”, acrescentou.
É preciso também registrar a temperatura diariamente, disse Wright.
“Quando chegar na hora da consulta, o paciente já chega com esse tipo de
evidência objetiva”, completou a médica. Localize e verifique seus
medicamentos. “Tive alguns pacientes para os quais pedi que pegassem o inalador
e eles não conseguiram encontrá-lo em casa”, contou Dougherty.
"Temos dados que sugerem que é preciso ter sempre um inalador de
resgate, não importa o que mais o paciente esteja usando”, relatou Glass. “Seja
o inalador com albuterol ou levalbuterol, ele serve estritamente para socorrer
em caso de um ataque agudo”.
Verifique sempre a data de validade do medicamento. “É preciso ter
certeza de que o inalador em uso está ativo e não ficou parado no armário por
dois anos”. Os asmáticos que estão tomando medicamentos biológicos, que
reduzem significativamente a resposta imunológica e tornam o usuário mais
suscetível à infecção, devem discutir seu protocolo com o médico.
Saiba como usar os inaladores corretamente. O pediatra Matt Dougherty,
que trata crianças com
alergias e asma em St. Louis, Missouri, adora fazer consultas por telemedicina
em vez de um telefonema, porque nelas pode pedir a seus pacientes para
encontrar seus inaladores e identificá-los corretamente.
“Eu checo se o paciente pode pegar o inalador e saber qual ele é. Será
que é o inalador que eles tomam como medicamento preventivo para evitar que
fiquem ofegantes? Ou é o remédio de resgate, o inalador usado quando já estão
com falta de ar ou no meio de uma crise asmática? Não entender completamente a
função de cada um altera a forma como um asmático se comporta quando está
tentando se tratar”, contou o médico.
Também é fundamental que os asmáticos saibam como usar corretamente seus
inaladores e espaçadores (um dispositivo que ajuda a administrar a medicação
com mais precisão). “Peço para os pacientes pegarem seus inaladores e espaçadores
e demonstrarem como estão usando, para que eu possa ter certeza de que estão
fazendo tudo certinho”, disse Dougherty, acrescentando que a ação pode depender
do tipo de inalador em uso.
Plano de ação
Use seu plano de ação para a asma. Como todo asmático é diferente em
termos de gatilhos e a forma como seus pulmões respondem, cada pessoa precisa
trabalhar com seu médico para desenvolver um plano de ação individual.
“O plano de ação para a asma ajuda os pacientes a decidir se é preciso
ligar para o médico e pedir algum medicamento adicional. Enfatizo a necessidade
de ligar para o médico para não precisar ir o consultório ou para o
pronto-socorro, a menos que esteja sofrendo muito”, aconselhou Rizzo.
O pediatra Dougherty faz questão de revisar o plano de ação de cada
paciente durante sua consulta
de telemedicina. Depois, pede ao paciente que repita o plano de
ação. “Eu digo que quero que eles aceitem o plano e que o expliquem para outra
pessoa que não estava na consulta. Se eles não conseguirem, digo que tudo bem,
que não é motivo de vergonha. Isso simplesmente significa que eu não expliquei
direito”.
Quando se trata de pacientes pediátricos com asma, é extremamente
importante que cada adulto encarregado de cuidar dessa criança também esteja
intimamente familiarizado com o plano de ação, disse Dougherty.
"Todos que poderiam cuidar daquela criança em uma emergência
precisam saber o que fazer e como fazer quando a criança está respirando
confortavelmente na sua frente", disse o pediatra. “Não dá para ler este
plano e descobrir o que fazer quando a criança já estiver lutando para
respirar”.
Sinta-se bem por estar preparado. Embora isso possa soar como um monte
de itens para marcar numa lista, os especialistas disseram que os pacientes com
asma não devem se deixar dominar pelo medo do coronavírus. Afinal, eles estão
preparados.
“Ninguém deve ter medo”, disse Rizzo. “Acho importante que os asmáticos entendam que não têm maior risco de contrair o
vírus, desde que sigam o distanciamento
social e a lavagem
das mãos. Eles devem usar seus medicamentos e estar em contato
com seus médicos. Portanto, acho que não é preciso ter medo”.
Fonte: Sandee LaMotte, da CNN , (Texto traduzido. Leia o original em inglês)
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