Dia Mundial do Café
Distrito Federal produz mais de 6 mil toneladas
Presente no cotidiano de quase todo brasileiro, a
produção do insumo, cuja inflação cresceu acima dos 70%, está em expansão na
capital.
“O café para
mim representa uma nova vida”, afirmou o coronel aposentado da Polícia Militar
do Distrito Federal (PMDF), Leonardo Moraes, de 56 anos, que há pouco mais de
cinco anos decidiu começar a cultivar o grão celebrado neste Dia Mundial do
Café (14 de abril), na região de Planaltina. Nomeado Granutto Cafés Especiais,
, para ele, o cultivo produzido pela família foi uma escolha acertada sobre o
que fazer após a aposentadoria da corporação militar.
De acordo com
dados do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), o DF
produziu cerca de 6.577,06 toneladas de café no último ano. Entre 2017 e 2020,
o valor máximo da produção havia sido de 1.335,77 toneladas, há cinco anos. Em
relação a 2020 para 2021, a quantidade produzida foi 5,5 vezes maior. A área de
cultivo também cresceu, expandindo de 485,610 hectares para 729,160 hectares.
Presente no
cotidiano de quase todos os brasileiros, e tradicional desde os tempos do
Brasil colonial, o país ocupa o segundo lugar na lista dos países que mais
consomem a iguaria, perdendo apenas para os Estados Unidos (EUA). Segundo a
Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), o consumo chegou a 21,5
milhões de sacas em 2021.
“O mundo do
café foi uma grata surpresa. Fui funcionário público por muitos anos e agora
estou mexendo com uma terra que é minha juntamente com minha família. Isso é ótimo
para mim”, disse Leonardo. Ao lado dele na administração do negócio está a
esposa, que cuida das finanças e do marketing, a filha, gerente administrativa,
e o filho, que é o mestre de torras e responsável pela gerência comercial do
café.
Ao todo, são 99
produtores de café no DF espalhados em 12 Regiões Administrativas, sendo a
maioria de São Sebastião, com 25 agricultores do ramo. Em seguida aparecem Sobradinho,
com 17, Paranoá/PAD-DF, com 13, Brazlândia, com 12, e Gama, com 10. Todos eles
compõem 3,06% dos produtores do DF, cujo produto final representa 0,71% da
produção total.
Ainda segundo
a Emater, o Valor Bruto da Produção (VBP) do café em 2021 foi de mais de R$ 12
milhões no DF – VBP é o faturamento bruto de um insumo, calculado multiplicando
o valor da produção pelo preços médios recebidos pelos produtores (produção x
R$), conforme especificou a Emater.
Consumo cresceu em meio à inflação
Mesmo em meio
ao aumento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) sobre o
produto, que chegou a um acumulado de 9,08% nos últimos 12 meses no Brasil, o
consumo do café teve crescimento de aproximadamente 1,71% em relação a 2020. No
DF, a variação acumulada do preço do café moído no mesmo período foi de 76,25%,
muito acima da média nacional.
O maior
responsável pelo aumento nos preços foi o alto câmbio do dólar. Segundo o
cafeicultor aposentado da PMDF, o café tem um cultivo complexo, que exige
cuidados especiais desde a adubação até a venda do produto. Com o aumento da
moeda estadunidense crescente no último ano e meses, o preço dos fertilizantes
específicos para o plantio do café, por exemplo, todos importados, cresceram.
“Os custos de
produção explodiram. […] Estamos tentando desenvolver um adubo similar no
Brasil, mas ainda somos dependentes dos que vêm de fora. Com a pandemia, o
adubo também demorou para chegar, e depois ainda tivemos a chegada da guerra”,
destacou Leonardo.
Além disso,
ele dá destaque para as altas taxações no consumo de água frente às
dificuldades hídricas nas quais o DF enfrentou. “Toda cafeicultura é irrigada e
como a conta de água e de energia cresceram assustadoramente, isso também
impactou o custo da produção”, acrescentou. Com a colheita 100% mecanizada no
DF, o aumento do preço do Diesel para os tratores também influenciou no
sobrepreço.
“Mas é um
produto que faz parte da cesta básica do brasileiro e, particularmente em Brasília,
há uma proporção maior de cafeterias de cafés especiais que São Paulo, então o
mercado é bom. O brasiliense sabe apreciar um bom café”, opinou o cafeicultor,
que agora pretende aumentar a área de plantio, que hoje tem 20 hectares.
Ademais,
Leonardo tem apostado agora na produção de chopps, cervejas artesanais e
kombuchas com base no insumo. “Dá pra fazer muita coisa com o café; tem muitas
possibilidades”, finalizou.
Por Vítor Mendonça/Jornal de Brasília, Fotos: Reprodução
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