SAÚDE PÚBLICA
Agosto Branco chama atenção para o câncer de pulmão
Instituído há cinco anos, o Agosto Branco chama a atenção para a importância da prevenção do tipo de câncer que mais causa mortes no mundo: o de pulmão. Foram 1,7 milhão de vítimas no mundo em 2020, mais de 30 mil mortes apenas no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).
Entre os principais fatores de risco
para esse tipo de câncer estão o tabagismo, a poluição do ar, o contato com
substâncias químicas como o asbesto (amianto) e derivados da queima de
petróleo, e histórico familiar de câncer.
“O principal fator de risco é o
tabagismo: 85% dos casos de câncer de pulmão são relacionados ao cigarro, ao
fumo direto do tabaco. Há outros 15% dos pacientes que nunca fumaram. E aí
existem vários fatores de risco que podem estar associados no que a gente chama
de população não tabagista, que são fatores genéticos; poluição ambiental;
exposição a determinados gases e metais pesados, principalmente no trabalho,
como sílica; e os fumantes passivos, que são aqueles que convivem com pessoas
fumantes no mesmo ambiente”, destaca a oncologista Aknar Calabrich.
Entre os sintomas principais do
câncer de pulmão estão tosse por mais de um mês, com presença de sangue ou com
piora progressiva; dor torácica persistente não associada a traumas; falta de
ar e dificuldade para respirar; perda de peso inexplicada e não intencional.
O câncer de pulmão normalmente é
silencioso e apenas diagnosticado em estágios avançados. Os sintomas iniciais
da doença não são muito claros e aparecem tardiamente. Diante desse quadro, a
oncologista alerta que a detecção precoce é o ponto-chave para ampliar as
chances de um tratamento efetivo.
“A principal prevenção é parar de
fumar. Isso reduz não só o câncer de pulmão, mas o câncer de bexiga, câncer de
boca, câncer de pâncreas e outros tipos de câncer. E existem alterações de
hábitos de vida que reduzem o risco de câncer de uma forma geral, que são a
prática de atividades físicas, o sono regular, o controle de peso, e priorizar
frutas e verduras”, ressalta.
Para quem é fumante ou fumou no
passado, a orientação é de manter consultas regulares com médico pneumologista
e a realização de tomografias de rastreamento para aumentar as chances de um
diagnóstico precoce.
Calabrich destaca ainda que há
suspeitas de que os cigarros eletrônicos causem o câncer de pulmão. Também
conhecidos como vaporizadores, eles possuem capacidade de promover a
dependência de nicotina ainda maior de que o cigarro comum, além de causar, em
curto prazo, danos respiratórios e cardiovasculares.
“Há uma tendência de diminuição do
tabagismo mundialmente, mas na contramão está chegando o cigarro eletrônico.
Nele existem substâncias que não só causam dependência, como a nicotina, mas
também a combustão de outras substâncias que a gente não conhece, porque não
são produtos regularizados. Existe a queima de produtos que a longo prazo tem
dado não só problemas respiratórios, de queimaduras no pulmão, doenças como
pneumonia lipoídica, mas existe, sim, a suspeita do risco de desenvolvimento de
câncer de pulmão”, explicou.
Apesar de a maior incidência da
doença em pessoas fumantes, o cirurgião torácico do Instituto do Câncer do
Estado de São Paulo (Icesp) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo (USP), Pedro Nabuco, alerta que não é correto
pensar que quem nunca fumou não precisa se preocupar com o câncer de pulmão.
“Existe um estigma de que o câncer de
pulmão ocorre somente em quem fuma ou já fumou, e isso não é verdade. É
importante registrar que o câncer de pulmão pode ocorrer em pessoas que não têm
qualquer relação com o cigarro, existindo, inclusive, mutações genéticas que
podem acontecer de forma independente aos hábitos tabagistas”, destaca.
“É comum que pacientes não fumantes
descubram o tumor ao investigar outras condições, como a covid-19, por exemplo.
Durante a pandemia, foram diagnosticados muitos tumores incidentalmente, por
conta do aumento na quantidade de exames de imagem, como o raio-x e a
tomografia, realizados em pacientes com suspeita de infecção por covid-19”.
Fonte: Agência Brasil
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