Simba e Shreck, dois cachorrinhos de quatro anos, saíram de casa desorientados, por conta do barulho, e foram atropelados em Sobradinho

 Cachorro morre atropelado após ficar assustado com fogos de artifício e fugir de casa em Sobradinho

Caso ocorreu no domingo (30), quando os cães Simba e Shrek fugiram por conta do barulho; o primeiro não resistiu após ser atingido. Comemorações esportivas e eleições de 2022 aumentaram atendimentos em clínicas veterinárias.

Simba e Shreck, dois cachorrinhos vira-latas de quatro anos, saíram de casa desorientados, por conta do barulho, e foram atropelados, no último domingo (30), em Sobradinho — Foto: TV Globo/Reprodução

O cachorro Simba, de 4 anos, morreu atropelado após fugir de casa ao ficar assustado com o barulho de fogos de artificio, no último domingo (30), em Sobradinho, no Distrito Federal. Outro cão da mesma família, Shrek, também foi atingido e permanece internado, em estado grave.

 

Donos de pets e pessoas com necessidades especiais têm enfrentado problemas nas últimas semanas, por conta do barulho dos fogos de artifício estourados em comemoração às finais de campeonatos esportivos e ao resultado das eleições. Segundo veterinários, também aumentou a busca por atendimentos nas clínicas .

 

Simba e Shrek são os cachorros da designer gráfica Fernanda Guimarães. Ainda abalada pela morte de Simba, conta que espera que Shrek se recupere.

 

"Ainda não tá fora de risco, requer cuidados, mas a gente tem muita esperança de que ele vai sair dessa", diz Fernanda.

 

Pelo menos 8 cachorros morreram em decorrência da soltura de fogos nesta semana no DF

Tutores lamentam morte de Simba, e torcem pela recuperação de Shreck, no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

De acordo com a veterinária Aléxia Serra, muitos animais foram parar na clínica onde ela trabalha, e oito pets morreram, por problemas decorrentes do barulho dos fogos do último domingo. "Recebemos ocorrências como morte em casa, mutilação, fugas com atropelamentos e diversos casos de animais perdidos", conta.

 

"Fogos tão barulhentos geram muito medo nos animais. Esse medo acaba gerando uma rota de fuga de qualquer maneira. Tivemos cerca de oito óbitos no hospital, fora os que ainda estão correndo risco", diz a veterinária. 

Além dos pets, pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) também sofrem com o barulho alto dos fogos de artifício. De acordo com a diretora-presidente da Associação Brasileira de Autismo, Comportamento e Intervenção (Abraci), Lucinete Ferreira de Andrade, a soltura de fogos também é uma preocupação do movimento.

 

"É importante a gente ressaltar que crianças e adolescentes, e pessoas com autismo, geralmente têm um transtorno sensorial ligado à área auditiva. Mediante um barulho tão forte, como de fogos de artifício, essa pessoa entra em surto, e é um desafio para a família acalmar, retomar essa criança pra sua rotina", explica Lucinete.

 

Lei que proíbe fogos no DF foi suspensa

Fogos de artifício — Foto: Divulgação

Em maio deste ano, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) acatou um recurso do governo do Distrito Federal e suspendeu a aplicação da lei que proibia o uso de fogos de artifício de barulho intenso em Brasília. No processo, o GDF alegou que não há nenhuma regulamentação técnica sobre o que seriam fogos de alta intensidade, e que não há lei federal que proíba essa comercialização.

 

O GDF argumentou também que "os fogos de artifício, com ou sem estampido, são mercadorias perfeitamente lícitas e sem possível restrição de uso e comercialização".

 

A norma suspensa impedia o manuseio, a utilização, a queima e a soltura de fogos de artifício ou qualquer artefato pirotécnico que produza estampidos – sons altos e secos – em todo o Distrito Federal.

 

A lei também vedava "qualquer soltura de fogos" em locais de concentração de animais, como:

 

• Zoológicos
• Santuários
• Abrigos de animais
• Parques públicos
• Áreas de preservação permanente
• Eventos com participação de bichos

 

Segundo a legislação, quem descumprisse as normas estaria sujeito a uma multa de R$ 2,5 mil. O valor seria dobrado em caso de reincidência. No entanto, a lei não chegou a sair do papel.

 

 

Fonte: g1 DF e TV Globo