Uma estudante, 14 anos, do Centro Educacional 3 de Sobradinho sofreu racismo religioso ...
Aluna de escola cívico-militar do DF sofre racismo religioso
Após a negativa da jovem de retirar um colar que traz referências religiosas, uma tenente do colégio tentou remover o adorno à força do pescoço da aluna. Caso foi registrado na Polícia Civil do DF
Colégio
Cívico-Militar (CCM) 3 de Sobradinho faz parte de projeto-piloto da gestão
compartilhada da Secretaria de Educação com a Polícia Militar
Uma
estudante, 14 anos, do Centro Educacional 3 de Sobradinho — uma escola
cívico-militar da região — sofreu racismo religioso por usar fios-de-conta,
objeto típico dos adeptos do candomblé e umbanda. Segundo a denúncia, após a
jovem se recusar a retirar a indumentária, uma tenente do colégio tentou
remover à força o colar do pescoço da aluna, que não terá a identidade revelada
para preservá-la.
O caso foi
apresentado pelo deputado distrital Fábio Felix (PSoL) à ministra da Igualdade
Racial, Anielle Franco, e à secretária-executiva da pasta federal, Roberta
Eugênio na última terça-feira (28/2), após visita do parlamentar e da Comissão
de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).
A denúncia
resultou em uma reunião entre a família da estudante, o sacerdote e a direção
da escola. No encontro, a tenente pediu desculpas à aluna, e ficou combinado
que a adolescente poderia seguir usando a indumentária por dentro do uniforme
escolar.
Junto à
família, a comissão registrou boletim de ocorrência na Delegacia Especial de
Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa, ou por Orientação
Sexual, ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin), que apura o caso.
Após a
reunião, o diretor da escola se disse incomodado com a gravação do encontro e
insultou o sacerdote de umbanda responsável pelos cuidados religiosos da
estudante. A equipe do Ministério da Igualdade Racial (MIR) se prontificou a
acompanhar de perto a situação e pedir mais informações à Secretaria de
Educação do DF (SEEDF), Segurança Pública (SSP) e à Polícia Militar do DF
(PMDF).
Ministra da
Igualdade Racial, Anielle Franco prometeu acompanhar a situação de perto.
"O racismo religioso vitima nossas crianças desde cedo e cria um ambiente
que não é propício ao aprendizado”, afirma a chefe da pasta. Ela se comprometeu
a mobilizar, também, o Ministério da Educação no acompanhamento da pauta.
Fábio Félix
se mostrou preocupado com os casos de racismo religioso no DF, que têm sido
constantes, não somente no ataque a indivíduos como aos próprios terreiros de
candomblé e umbanda. “São muitos os casos de ataques aos espaços sagrados e às
pessoas no DF, por isso essa tem sido uma luta prioritária, tanto no nosso
mandato, quanto na Comissão de Direitos Humanos”, explicou o parlamentar.
Integrante
do projeto-piloto de gestão compartilhada entre a Secretaria de Educação e a
Polícia Militar, iniciado em 2019, o CED 3 atende alunos com idades entre 10 e
18 anos e tem aproximadamente 1, 6 mil estudantes cadastrados.
Em fevereiro
deste ano, a ministra Anielle Franco esteve na festividade de Yemanjá promovida
na Praça dos Orixás, às margens do Lago Paranoá. No local, que está depredado e
precisa de manutenção, ela ouviu das lideranças religiosas as necessidades para
o local e para o enfrentamento ao racismo religioso no DF. Na ocasião, a chefe
do MIR colocou o Ministério à disposição para participar de um grupo de
trabalho que discuta a temática.
Em nota, a
Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal informou que vai apurar o
caso por meio de processo administrativo no âmbito da Corregedoria, bem como
irá adotar as providências administrativas para assegurar o melhor atendimento
à estudante envolvida no caso.
A pasta
ressaltou, ainda, que repudia qualquer tipo de racismo e reforçou o compromisso
e empenho na busca por elementos que permitam o esclarecimento dos fatos, bem
como o suporte aos envolvidos.
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Fonte:
CB/Correio Braziliense, Fotos: Geovana Albuquerque/Agência Brasília
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