Distrito Federal tem cachaça, sim, senhor. E de boa qualidade !
Cachaças do DF estão entre as melhores do país e são premiadas no exterior
Segunda bebida alcoólica mais consumida no mercado interno, a cachaça do DF entra para o mapa das melhores
Quem
diria, o Distrito Federal tem cachaça, sim, senhor. E
de boa qualidade. O consumo do destilado vem se tornando uma aposta para
produtores de cana. Ao todo, são cinco marcas brasilienses registradas no
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Dessas, duas são
produtoras (Cavaco e Remedin) e duas envelhecedoras, que fazem blend (mistura)
de cachaças (Sara Cura e Sete Cancelas). Juntas, fazem parte da Rota da Cachaça
de Brasília.
No DF, as
primeiras marcas de cachaça surgiram em meados de 2021 e atualmente cinco são
consideradas de excelente qualidade. É o casa da Remedim, reconhecida como a
melhor cachaça branca nacional pelo Prêmio da Confederação Nacional da
Agricultura (CNA). Produzida na Fercal, pelo Alambique Amana Brasil, é
artesanal e feita nas versões prata, ouro e extra premium. É a primeira com
rótulo customizável do Brasil, com produção de 8 mil a 10 mil litros por safra.
A Sara
Cura foi a primeira registrada em Brasília, marca da capital considerada uma
verdadeira preciosidade, foi premiada com medalha de ouro nos concursos Mundial
de Bruxelas, Etapa Brasil 2018, e na premiação de Vinhos e Destilados do
Brasil, em 2019 e 2022. Envelhecida em tonéis de carvalho europeu de 200 e 250
litros, oriundos de fábricas de uísque, com 6,8 e 10 anos de maturação e também
a in natura adquirida de alambiques credenciados pelo Ministério da
Agricultura, com produção de 4 a 5 mil litros por safra.
A Cavaco
foi a primeira cachaça 100% produzida no Distrito Federal. O alambique fica na
região de Sobradinho dos Melos. Possui as versões envelhecidas em inox,
amburana, jequitibá e carvalho por, no mínimo, um ano. A produção é de 30 a 40
mil litros por safra. A cachaça Sete Cancelas-Ouro 500, a segunda lançada pela
Ararauna Cachaçaria, surgiu em 2019, cuja percursora é a Meia-Noite, eleita
entre as 250 melhores cachaças do Brasil. Já a Casal
Cachaceiros nasceu de um projeto de amor entre marido e mulher e é armazenada
em barril de carvalho americano e europeu.
Brasília
representa o terceiro maior polo de venda de cachaças on-line e está em terceiro
e quarto lugar de consumo, tornando-se um mercado promissor. A bebida ainda tem um
consumo caseiro, mas Brasília já pode ser considerada uma terra de cachaça boa,
feita artesanalmente, seguindo todos os padrões de qualidade instituídos pelo
ministério e pela legislação.
Para o
produtor Elio Gregório, dono da marca Sara Cura e sócio da Sete Cancelas, a
cachaça de Brasília tem se tornado uma excelência em termos de produção e
reconhecimento pela qualidade. "As pessoas pagam em média de R$ 15 a R$ 20
por uma dose e R$ 60 a R$ 250 pela garrafa, porque é um produto especial",
ressalta. De acordo com Gregório, os produtores do DF tem um projeto para criar
a rota turística da cachaça de Brasília, com o objetivo de incrementar a
economia da cidade.
O
reconhecimento são as premiações que essas cachaças ganharam e o destaque que
vêm alcançando ao longo dos anos. Brasília tem cachaças premiadas em concursos
mundiais. A Sara Cura levou três prêmios no Festival Mundial de Bruxelas
(2018/2019/2022).
Os
produtores já trabalham novos projetos para divulgar a cachaça no DF.
O responsável pela Sete Cancelas e da Parlamento, Carlos Magnum Nunes
destaca que a criação de uma rota da cachaça no DF vai fomentar o turismo
rural da cidade. "Temos aquelas pessoas que apreciam a bebida, conhecem e
entendem o que estão bebendo, um nicho da população que efetivamente são
cachaceiros, verdadeiros apreciadores e colecionadores, gostam da bebida de
qualidade e fazem um consumo consciente do destilado que é o nosso ouro líquido
brasileiro", afirma.
Vicente
Bastos, integrante da diretoria executiva do Instituto Brasileiro da Cachaça
(Ibrac) destaca que de acordo com levantamento do Ministério da Agricultura, a
produção nacional da cachaça tem crescimento expressivo e vive um momento de
dinamismo. Com Brasília não é diferente. A cidade, mesmo não possuindo
vocação agrícola expressiva, possui um mercado substantivo e desponta pela
presença de público e pela quantidade de bares e restaurantes. "Sem
dúvida, a capital tende a expandir nesse mercado, os produtores locais
apresentam produtos de excelente qualidade e estão em posição privilegiada pela
rotatividade e movimentação", avalia Vicente.
Matéria-prima
A produção
da cachaça tem início na plantação e na colheita da cana-de-açúcar, que é
cortada e moída. O caldo passa pela decantação, para separar as impurezas. O
que pode ser aproveitado segue para a etapa de diluição, para diminuir o teor
de açúcar. Na fermentação, o açúcar é transformado em álcool. Depois disso, o
produto passa pela etapa de destilação, feita em um alambique, e é armazenado
em barris de carvalho.
O
envelhecimento da bebida é uma prática que agrega cores, sabores e aromas
diferenciados. São utilizados barris de madeiras nativas, que possibilitam a
modulação e caracterização da cachaça envelhecida, permitindo blends (misturas)
de duas ou mais espécies para aumentar a complexidade aromática da bebida.
Degustação
Servidora
pública, a somelier de cachaça Andréia de Oliveira Gerk afirma que Brasília tem
a melhor cachaça. Autora do livro 200 Anos 200 Cachaças ela ressalta que a
cachaça é um dos produtos mais tradicionais da nossa cultura. Com um grupo de
amigas ela produziu o blend A Perfeitinha, com um lote de 240 unidades apenas
para o grupo degustar a preciosidade.
Alfredo
Granjeiro Neto, empresário e também apreciador de cachaças diz que conhece
todas as marcas produzidas no DF e relembra que a cerca de 10 anos trocou o
uísque pela cachacinha, pois "temos cachaça de grande qualidade produzidas
no nosso quadradinho que merecem o nosso prestigio".
Fonte: Laezia Bezerra/Correio Braziliense, Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
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