O turismo rural tem o importante papel de apresentar uma Brasília que vai muito além do turismo cívico, gerando emprego e renda para o segmento
Cercada por beleza natural, Brasília entra na rota do turismo rural
Após anos sendo
lembrada pela arquitetura, a capital abraça o potencial do Cerrado para ofertar
um novo tipo de passeio aos visitantes
Durante muito tempo, o
turismo no Distrito Federal foi relacionado à arquitetura, aos monumentos
cívicos e à religiosidade. Nos últimos anos, a cidade abraçou o potencial
profetizado por Dom Bosco, quando o santo italiano previu a construção de
Brasília em uma terra de riqueza inconcebível, e passou a apostar nos recursos
naturais criando rotas turísticas rurais, onde a natureza e os recursos dela
são protagonistas.
“O turismo rural tem o
importante papel de apresentar uma Brasília que vai muito além do turismo
cívico, gerando emprego e renda para o segmento. Brasília é cercada por lindas
paisagens, muitas cachoeiras e lugares incríveis de fácil acesso, como, por
exemplo, as regiões de Planaltina, Sobradinho e do PAD-DF [Programa de
Assentamento Dirigido do Distrito Federal]. Precisamos mostrar essas outras
tantas opções que podem ser visitadas”, afirma o secretário de Turismo,
Cristiano Araújo.
“O turismo rural
tem o importante papel de apresentar uma Brasília que vai muito além do turismo
cívico, gerando emprego e renda para o segmento. Brasília é cercada por lindas
paisagens, muitas cachoeiras e lugares incríveis de fácil acesso”
Cristiano Araújo,
secretário de Turismo
Parte da região
administrativa de Sobradinho é localizada entre a Reserva Biológica da Contagem
e o Parque Nacional de Brasília. O Núcleo Rural Lago Oeste oferece uma
experiência que une natureza, cultura e turismo e que está destacada na Rota Lago Oeste, da Coleção Rotas Brasília, da Secretaria de
Turismo (Setur). Entre as diversas propriedades da região é possível vivenciar
experiências em trilhas e cachoeiras, além de visitas a cultivos com direito a
aproveitar a boa gastronomia regional.
O casal Djeini Aparecida Carvalho e Abimael Carvalho está à frente do Sítio Titara, no km 3 da DF-170, que oferece passeios em dez unidades de cachoeiras, cascatas e quedas d’água, hospedagem e culinária da roça. “Meu marido tem essa propriedade há mais de 25 anos. Quando ele comprou o terreno, não tinha nada. Ele comprou para o lazer da família, mas já tendo uma visão de que poderia ser para o turismo, porque é uma região montanhosa, que você nem pensa que está no Distrito Federal”, lembra Djeini.
Sítio
Titara, no km 3 da DF-170, oferece passeios em cachoeiras, cascatas e quedas
d’água, hospedagem e culinária da roça - Foto: Divulgação
O empreendimento
começou graças ao sucesso do queijo que era produzido na fazenda. “O queijo
passou a ser referência na região e os clientes se interessaram em saber onde
era produzido. Daí surgiu a ideia de fazer uma cozinha industrial e eu passei a
alugar minha suíte. Depois construímos outros quartos e um bangalô que acomoda
até seis pessoas e fomos investindo no turismo”, explica a coproprietária.
Hoje, o espaço promove
eventos para incentivar a visitação. “Fazemos colônia de férias, dia da
pamonha, café rural e tantas outras atividades. Começamos do zero, mas já temos
uma clientela muito boa”, revela. O Sitio Titara também investe em parcerias
com outras propriedades do Lago Oeste, seja ofertando os produtos locais na
alimentação, seja combinando passeios em conjunto pela região. “Me orgulho
muito, porque estamos ajudando a divulgar a região. Antes as pessoas só sabiam
o que era Lago Norte e Lago Sul, hoje todo mundo já sabe o que é o Lago Oeste”,
acrescenta.
Propostas diferenciadas
Na região do Paranoá,
o PAD-DF é outra área que tem explorado atividades turísticas a partir da
produção rural. É o caso da propriedade comandada por Ronaldo Triacca, a
pousada Villa Triacca.
“Na verdade, a minha
família é uma das pioneiras. Eles vieram do Sul para cá em 1977. Na época, o
intuito do projeto do PAD-DF era produzir alimentos. A região aqui é produtora
de grãos e cereais. Mas a nossa área é relativamente pequena para isso e
tivemos que otimizar a propriedade. Desde o começo vimos o potencial agroturístico”,
conta.
Em 2010, o clã deu os
primeiros passos para criar a hospedagem que hoje é reconhecida no roteiro de
hotéis de charme do Brasil. “Vimos que era possível e que havia uma demanda por
hotel. Eram dois nichos de mercado: o agronegócio e o turismo. De 2011 para cá,
a gente vem num processo de crescimento e aprimoramento. Em 2018, ampliamos a
pousada e continuamos com melhorias”, afirma Ronaldo Triacca.
A pousada
Villa Triacca possui cinco hectares de vinhedo
- Foto: Divulgação
A proposta do espaço
conta com acomodação, área de lazer, piscina aquecida, pedalinho nos lagos e
ainda cinco hectares de vinhedo, onde é feito tour e degustação de rótulos.
“Oferecemos uma hospedagem de qualidade, com muita natureza, trilhas, passeio
entre os vinheiros e muita tranquilidade. Esse é o nosso propósito e os
clientes se espantam por isso existir em Brasília. Hoje a gente pratica não só
agroturismo, mas o enoturismo, uma coisa inusitada para Brasília. Produzimos
vinhos finos e temos atividades enoturísticas e enogastronômicas”, informa
Ronaldo Triacca.
Conseguir iniciar e firmar o negócio foi um desafio. “Esse lado leste da cidade não tinha tradição nenhuma em turismo. Para reconhecer e o público entender, foi um caminho árduo e que tivemos que construir”, lembra. No início do negócio, a família contou com apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF). “Nos ajudaram muito a planejar e criar um modelo com mais profissionalismo. Foi muito importante nesta caminhada”, avalia.
Apoio aos produtores
A família Triacca não
foi a única auxiliada pela Emater. A empresa conta com uma extensionista rural
especializada em turismo, a turismóloga Zaida Regina Almeida da Silva, para
essa função. “O nosso público são os produtores rurais que têm interesse em fazer
atividade de turismo rural. A gente dá assessoria e as informações técnicas
todas. É um incentivo para que o produtor tenha mais uma possibilidade de
renda”, destaca.
“A ideia é conseguir
desenvolver nossos produtores para que eles tenham no turismo uma
complementação de renda. É importante porque otimiza a propriedade. Em vez
deles terem que procurar uma feira ou levar os produtos até o público, é o
contrário, os clientes vão até as propriedades”, acrescenta Zaida.
Em 2014, a Emater
criou junto com os produtores de Planaltina o Circuito Rajadinha, que reúne dez
propriedades rurais de plantas ornamentais e produtos orgânicos. O projeto visa
unir o turismo rural à venda de mercadorias da agricultura familiar. As visitas
ocorrem em eventos promovidos pela comunidade ou com agendamento antecipado.
A analista de sistemas
Solange Cristina Almeida é a responsável pelo Sol Orquidário, um dos negócios
que integra o Circuito Rajadinha. “Quando comprei a chácara, o circuito já
existia, então me convidaram para participar, porque minha propriedade fica
logo na entrada. Para nós realmente é ótimo, porque é uma oportunidade para
vender, além de ser prazeroso receber as pessoas”, diz.
Solange explica que o público ainda estranha. “As pessoas não vêm o DF com os olhos de natureza e produção rural. Muitos pensam que é só o Congresso Nacional e acabam se encantando quando nos visitam, porque não imaginam o que vão encontrar”, completa.
Conheça as iniciativas de turismo rural
→ Sítio Titara
→ Villa Triacca
→ Circuito Rajadinha
Fonte: Adriana Izel, da Agência Brasília , Edição: Carolina Lobo
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