Ribeirão Sobradinho, que contorna a cidade homônima, assim como o próprio curso d’água, necessita de ações urgentes para a sua preservação.
CLDF debate com especialistas e ativistas o futuro do Ribeirão Sobradinho
A iniciativa foi do deputado João Cardoso (Avante), que chamou a atenção para o adensamento populacional que pressiona a região
Considerada
um “conector ambiental” – conceito que traduz a vocação de certos espaços para
servir de ligação entre ecossistemas diferentes – a área em torno do Ribeirão
Sobradinho, que contorna a cidade homônima, assim como o próprio curso d’água,
necessita de ações urgentes para a sua preservação. Entretanto, apesar dos
vários diagnósticos, há anos se prolonga a agonia do rio. Para tentar mudar
esse quadro, a Câmara Legislativa reuniu, nesta quinta-feira (20), entidades
ambientalistas, gestores públicos, órgãos governamentais e especialistas para
debater o futuro do ribeirão e seus afluentes.
A iniciativa
foi do deputado João Cardoso (Avante), que nasceu e reside na localidade, e
acompanhou as transformações do lugar, como o desparecimento de um córrego
conhecido como “Geladeira” – uma referência à temperatura da água. “Hoje, virou
uma lenda”, lamentou, chamando a atenção para o adensamento populacional que
pressiona a região. O parlamentar recebeu apoio dos colegas Ricardo Vale (PT),
também morador da cidade, e do deputado Pastor Daniel de Castro (PP), que se
manifestaram a favor das propostas que visam a salvar o rio.
Uma das ideias, segundo o presidente do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Rôney Nemer, é criar uma unidade de conservação ao longo do leito do ribeirão, medida em estudo. Neste ponto, Mauricio Laxe, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), secretário geral do Comitê de Bacias do Paranaíba, disse ser “preciso construir uma convergência” para que os planos voltados à preservação do rio saiam do papel. Ele também falou da pertinência de avaliação conjunta dos projetos de desenvolvimento dirigidos à localidade.
Águas limpas
Pioneiro do
Projeto SOS Ribeirão Sobradinho, Raimundo Pereira lastimou “ter de chegar a uma
reunião para dizer que o curso d’água corre o risco de desaparecer”, ao mesmo
tempo em que discorreu sobre a relação afetiva que a população estabeleceu com
o rio. “Não há manutenção nem os cuidados que deveria haver”, observou,
declarando que queria legar aos seus netos “águas limpas”, que poderiam ser
consumidas pelos humanos.
Ainda
participaram da Comissão Geral – quando a sessão ordinária é interrompida e
recebe convidados para tratar de temas de interesse da comunidade –, no
plenário da Câmara Legislativa, além de membros de organizações civis voltadas
à temática, representantes de órgãos como a Secretaria do Meio Ambiente,
Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação, SLU, Adasa, Caesb e Emater.
Também
estiveram presentes as Administrações Regionais de Sobradinho e Sobradinho II.
Diego Matos, que responde por esta última, lembrou que a escolha do local para
a construção de Brasília baseou-se na abundância de água da região. “Achavam
que era um bem infinito, mas, sabemos que se não houver cuidado, a água vai
acabar”, afirmou.
Por sua vez,
Ricardo Birmann, diretor-presidente da Urbanizadora Paranoazinho, empresa detentora
das terras lindeiras do Ribeirão Sobradinho, assumiu “compromisso público” para
contribuir com a proposta de transformar o curso d’água em um “exemplo de
conservação e recuperação”.
Fonte: Marco
Túlio Alencar - Agência CLDF, Foto: Carlos Gandra/CLDF
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