O programa Jovem Candango é a principal ponte entre jovens do Distrito Federal e o mercado de trabalho
Jovem Candango transforma vidas de adolescentes com vagas de trabalho
Em sua segunda edição,
projeto passou a garantir oportunidades para órfãos do feminicídio e
adolescentes em situação de vulnerabilidade social
O programa Jovem Candango é a
principal ponte entre jovens do Distrito Federal e o mercado de trabalho. Na
segunda edição de 2023, 431 adolescentes com idades entre 14 e 18 anos já foram
contratados, de um total de 1,8 mil selecionados.
“Tem sido
muito bom, é um ambiente de trabalho tranquilo e tem uma importância muito
grande pra mim porque aqui a gente pode desenvolver autonomia”, diz Camilly
Victoria Maciel Alves, participante do Jovem Candango
O projeto do GDF é fruto de uma
colaboração entre as secretarias de Educação (SEE), de Governo (Segov) e da
Família e Juventude (SFJ) com a Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social
e Integração (Renapsi) e a Organização Jerônimo Candinho. Além de garantir uma
vaga como jovem aprendiz, a pessoa inscrita participa de um curso teórico um
dia por semana, com temas referentes ao mercado de trabalho.
“O programa Jovem
Candango possibilita ampliar as oportunidades aos nossos jovens, tirando-os da
ociosidade e capacitando-os”
Rodrigo Delmasso,
secretário da Família e Juventude
O programa é dividido de acordo com a
região do DF em que o jovem contratado mora. A Renapsi atende a Ala Sul, que
abrange o Plano Piloto, Sobradinho, Sobradinho II,
Planaltina, Paranoá, Lago Norte, Varjão, Itapoã, Fercal
e Arapoanga.
Já a Jerônimo Candinho abrange a Ala
Norte, nas regiões do Gama, Taguatinga, Brazlândia, Ceilândia, Núcleo
Bandeirante, Guará, Cruzeiro, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião,
Candangolândia, Recanto das Emas, Lago Sul, Riacho Fundo, Riacho Fundo II,
Águas Claras, Sudoeste/Octogonal, Park Way, SIA, Scia/Estrutural, Jardim
Botânico, Vicente Pires, Sol Nascente/Pôr do Sol, Arniqueira e Água Quente.
As atividades começam na primeira
quinzena deste mês. “O programa Jovem Candango possibilita ampliar as
oportunidades aos nossos jovens, tirando-os da ociosidade e capacitando-os,
qualificando e remunerando por isso, o que impacta diretamente a família”,
reforça o secretário da Família e Juventude, Rodrigo Delmasso. “Ao sair de uma
experiência como essa, teremos jovens mais preparados para o mercado de
trabalho e para a realização dos seus sonhos”.
“Nós que somos
servidores procuramos dar o máximo para eles, para quando saírem daqui eles
estarem preparados para o mercado de trabalho”
Elanne Bastos,
chefe de protocolo e arquivo na Administração Regional do Guará
Além de empregar
adolescentes como jovens aprendizes, o programa Jovem Candango também oferece
um curso teórico que aborda a preparação para o mercado de trabalho, feito uma
vez por semana. É um ciclo de dois anos onde eles são direcionados para
diversas áreas do DF.
“Nós que somos
servidores procuramos dar o máximo para eles, para quando saírem daqui eles
estarem preparados para o mercado de trabalho”, afirma Elanne Bastos, chefe de
protocolo e arquivo na Administração Regional do Guará. “Os jovens têm
facilidade com a tecnologia. Eles sabem de coisas que as vezes a gente não
sabe. Então eles aprendem conosco e nós também aprendemos com eles”,
acrescenta.
Elanne é supervisora
de Camilly Victoria Maciel Alves, de 18 anos. Moradora de Ceilândia, a jovem
aprende o serviço dentro do protocolo: arquivar, mexer nos sistemas do governo,
entre outras atividades. A jovem aprendiz participa do programa desde agosto de
2021.
“Eu me sinto muito bem
trabalhando aqui. A minha chefe é bem flexível e compreensiva com a gente. Tem
sido muito bom, é um ambiente de trabalho tranquilo e tem uma importância muito
grande pra mim porque aqui a gente pode desenvolver autonomia”, conta a jovem.
Camilly diz se sentir
mais preparada para o mercado de trabalho após ingressar no programa. Ela
empreende uma loja virtual de brigadeiros gourmet e fala da ajuda que ela tem
no curso. “Eles têm essa preparação de falar como a gente deve se portar, como
deve ser nossa postura profissional. Então chegando aqui a gente já tem um
norte, a gente não fica perdido”, destaca.
Trabalhando com cultura
Alinne Alves
de Lima, que supervisiona o trabalho dos jovens na Biblioteca Nacional de
Brasília: “Nós, como poder público, temos a obrigação de olhar por quem está
mais vulnerável na nossa sociedade”
Quatro jovens contemplados pelo
programa trabalham na Biblioteca Nacional de Brasília. Entre eles, M.D.S, que
tem 16 anos, mora na região do Itapoã e cumpre medidas socioeducativas.
“Minha expectativa
é, quando acabar o contrato, ter outra oportunidade para continuar uma função
nessa área”
M.D.S, estagiário
do Jovem Candango
O jovem entrou em outubro de 2022 e
atua como estagiário no Jovem Candango, cuidando dos empréstimos de livros na
biblioteca e da reserva das salas de estudo. Para ele, o programa é uma ótima
oportunidade, além de ser uma possibilidade melhor do que estar nas ruas.
“Minha mente está mais ocupada”, conta.
“Estou gostando demais, pegando experiência, conhecendo coisas novas, pessoas
novas. Minha expectativa é, quando acabar o contrato, ter outra oportunidade
para continuar uma função nessa área.”
Extensão familiar
Responsável por supervisionar o
trabalho dos jovens na Biblioteca Nacional de Brasília, a gerente de
atendimento Alinne Alves de Lima afirma que a biblioteca pode proporcionar aos
jovens um contato que talvez eles não tenham em casa.
“O programa traz esses jovens para
aprender a trabalhar, ter um pouco de responsabilidade e novos conhecimentos”,
afirma. “Alguns deles vêm de um lar desfeito, com problemas de violência, ou às
vezes eles mesmos estão envolvidos com problemas de violência. Aqui entra essa
parte da ressocialização, de conhecer outra realidade, outro caminho, enxergar
um ponto de saída.”
Entre os benefícios para os
participantes do programa, há o vale-transporte, vale-alimentação e uma ajuda
de custo. “Lógico que existem os benefícios financeiros, mas eu acho que o
maior benefício para eles é ter o contato com a realidade de adultos”, raciocina
a gestora.
A iniciativa visa à formação
técnico-profissional, dentro dos órgãos do governo, de adolescentes que estejam
cursando o ensino fundamental ou médio, pertençam a famílias de baixa renda,
sejam originários de programas governamentais ou se encontrem em situações de
vulnerabilidade.
Órfãos do feminicídio
Em sua segunda edição
neste ano, o programa passou a garantir percentuais de vagas para órfãos do
feminicídio, filhos e filhas de catadores de recicláveis e adolescentes em
situação de rua. Cada uma das faixas contou com 10% das vagas, somando, no
total, 180 postos.
Dados publicados no Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontam
que cerca de 80% das vítimas de feminicídio eram mães. A estatística, que se
refere ao ano de 2020, foi apresentada pelo Fórum Brasileiro de Segurança
Pública (FBSP).
“A gente tem que pensar que vai existir
uma quantidade imensa de crianças órfãs ou afetadas psicologicamente,
emocionalmente e financeiramente”, analisa Alinne Alves de Lima. “Nosso
objetivo é dar o acesso aos direitos que estão na nossa Constituição. Nós, como
poder público, temos a obrigação de olhar por quem está mais vulnerável na nossa
sociedade.”
Fonte: Jak Spies, da
Agência Brasília , Edição: Chico Neto, Fotos:
Paulo H.Carvalho/Agência Brasília
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