Participação no PAS é negada a estudantes do CEM04 de Sobradinho 2
Participação no PAS é negada a estudantes do CEM04 de Sobradinho 2
No início do
mês de outubro, o Sinpro publicou a matéria “CEM 02 do Gama realiza rifa para
pagar inscrições de estudantes no PAS”, onde mostrou as dificuldades dos
estudantes da unidade escolar para conseguir a isenção da taxa de inscrição no
processo. Infelizmente, essa é uma realidade que atinge toda a rede pública de
ensino do DF. Nesta matéria, o caso do Centro de Ensino Médio 04 de Sobradinho
2.
O CEM 04
comporta um grupo de estudantes que tem como perfil a vulnerabilidade social.
Para eles, a entrada em uma universidade pública é considerada, na maioria das
vezes, um “passo grande demais”. Isso porque as barreiras para garantir uma
vaga no ensino superior passam por barreiras que vão desde a necessidade de
trabalhar cedo até conflitos e afazeres familiares que se mostram insuperáveis
para avançar nos estudos.
Professor Alexandre Cherulli Marçal tentou mudar o curso dessa história, a partir do PAS. Ministrou conteúdos voltados para o processo seletivo; motivou os estudantes em conversas individuais e coletivas; junto com a gestão da escola, construiu mural com contagem regressiva para as inscrições no programa; organizou mutirão para garantir que todos os estudantes interessados pudessem realizar a inscrição, que é feita exclusivamente pela internet. Tudo que pôde ser feito, foi feito pela equipe do CEM 04 de Sobradinho 2.
À esquerda, professor Alexandre Marçal / Foto: arquivo pessoal
O resultado,
entretanto, foi desanimador. Assim como no CEM 02 do Gama, a garantia da
isenção da taxa de inscrição para estudantes inscritos no CadÚnico ou
estudantes de baixa renda ficou apenas no papel.
“Quase
nenhum estudante do CEM 04 inscrito no CadÚnico conseguiu a isenção de taxa
(para inscrição no PAS). E o pior é que não existe nenhuma justificativa por
parte do Cebraspe (empresa organizadora do PAS). Simplesmente aparece ‘pedido
indeferido, realizar pagamento da taxa’”, conta professor Alexandre.
Segundo o
docente, estudantes de baixa renda também tiveram o direito à isenção da taxa
de inscrição do PAS negado. “De cerca de 200 inscrições de baixa renda, apenas
um estudante conseguiu a isenção”, afirma.
“As
barreiras que os estudantes encontram para acessar a universidade federal vão
se confirmando. Seja através do discurso elitista, da distância geográfica, da
realidade econômica, dos processos burocráticos, da falta de diálogo. Eles (os
estudantes) se sentem lesados de um direito”, desabafa professor sobre a
tentativa frustrada de fazer com que os estudantes do CEM 04 de Sobradinho 2
tenham chance de entrar na Universidade de Brasília a partir de um programa
elaborado, em princípio, para somar na luta pela democratização do acesso ao
ensino superior.
Para
professor Alexandre, a privatização do Cesp/Cebraspe, organizadora do PAS, pode
ser o cerne dos problemas relacionados à negativa do pedido de isenção de taxa
de inscrição. “Parece que há uma tentativa da empresa não adotar práticas mais
acessíveis, como o Enem já adota, em que todos os estudantes da rede pública
têm a isenção. É um processo de empresa, visando melhor gestão dos seus
recursos, ou seja, o lucro, se afastando de uma ideia primordial, que é a
democratização do ensino”, avalia professor Alexandre.
Descontente, o professor que empenhou todos os esforços para ver seus estudantes mais perto do ensino superior declara que, mesmo diante de todo desgaste, os principais prejudicados são os próprios adolescentes, que têm negado o direito humano à educação.
Fonte: Jornalista
Vanessa Galassi/SINPRO-DF, Foto: Arquivo pessoal
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