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ELEIÇÕES - Ibaneis diz que disputará o Senado em 2026 e mobiliza aliados e adversários

Ibaneis diz que disputará o Senado em 2026 e mobiliza aliados e adversários

Atual chefe do Executivo local anunciou a intenção, ontem, durante agenda no Recanto das Emas, e reforçou que a vice-governadora Celina Leão assumirá o GDF, após sua saída, e terá seu apoio à uma tentativa de reeleição ao Palácio do Buriti

 

Ibaneis anunciou a construção de um hospital para o Recanto das Emas. Serão investidos R$ 133 milhões para a nova unidade

O governador Ibaneis Rocha (MDB) afirmou, ontem, durante agenda no Recanto das Emas, que será candidato ao Senado pelo Distrito Federal nas eleições de 2026. O movimento, considerado natural por integrantes da classe política, acende uma possível concorrência às duas vagas abertas para a Câmara Alta.

 

É a primeira vez que o chefe do Executivo local declara publicamente os planos para o próximo pleito. Impossibilitado de concorrer a mais uma eleição como governador, Ibaneis demonstrou em diversas ocasiões que a vice-governadora Celina Leão (PP) será sua candidata ao Palácio do Buriti.

 

Ontem, durante assinatura da ordem de serviço para início das obras do Hospital Regional do Recanto das Emas (HRE), ele salientou sua vontade de ser candidato ao Senado. "Eu pretendo me candidatar ao Senado em 2026. Celina assume para concluir o governo e, talvez, se for da vontade dela, deve ser candidata à reeleição", declarou.

 

Disputa


Apesar de estar em uma posição de destaque, o caminho de Ibaneis não será fácil. Mesmo faltando 29 meses para o pleito de 2026, há indecisões no campo da direita na política local que irão parear por um bom tempo. Conforme revelado pela coluna Eixo Capital, no mês passado, a ex-primeira-dama do país Michelle Bolsonaro (PL) cogita ser candidata ao Senado pelo DF. O cenário só mudaria com uma eventual cassação de Sérgio Moro (União) no Paraná. O senador saiu vitorioso no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR), mas o PL e o PT paranaenses, que protocolaram o caso cogitam recorrer da absolvição no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por suposto abuso econômico nas eleições de 2022.

 

Interlocutores da senadora Damares Alves (Republicanos) ainda apontam que, se Michelle e a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) decidirem por se candidatar à Casa maior, Ibaneis não terá apoio da republicana.  "Damares apoiaria a ex-primeira-dama e a Bia. Ela não quer o Buriti, porque demonstrou várias vezes que Celina é o nome dela. É um fato", explicou um político ligado à senadora.

 

Ibaneis é considerado peça importantíssima para 2026, colocando o seu nome, no atual cenário, como um dos candidatos ao Senado. É a avaliação do ex-vice-governador e presidente regional do Partido Social Democrático (PSD), Paulo Octávio. "A decisão dele em se lançar é positiva. É um movimento que traz uma formatação melhor ao processo de 2026. Isso clareia o jogo político do atual governo. É a abertura para se formar um grupo político, tendo em vista que há espaços vagos, como a chapa da Celina e eventuais nomes à suplência no Senado", disse.

 

"Cada eleição é uma eleição. Eu não sei se Ibaneis pretende voltar em 2030, ainda mais do que ele disse hoje (ontem). Mas, ele tem crédito, porque faz um bom governo, com coisas positivas. É natural que governadores de Estado voltem depois de um tempo no Senado. Um dos exemplos é o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que governou São Paulo por 16 anos. É cedo fazer projeções de um futuro já anunciado", completou o empresário.

 

O presidente regional do Movimento Brasileiro Democrático (MDB) e presidente da Câmara Legislativa (CLDF), Wellington Luiz, ressaltou que a escolha de Ibaneis foi referendada por todos os integrantes da sigla. O emebedista pontuou que é natural o chefe do Executivo local considerar o Senado por tudo que desempenhou nos dois mandatos no Palácio do Buriti.

 

"Não foi uma decisão só dele. Ele nos consultou e decidimos que é o melhor nome. O Ibaneis corre risco, como qualquer outra pessoa que se lança como candidato. No meu entendimento, é um dos nomes com mais força. Não menosprezando nenhum outro nome, como a Michelle, por exemplo, mas o governador chega com uma força enorme na disputa pelas duas vagas", garantiu o chefe do Legislativo local. 

 

O nome para ocupar uma possível chapa da progressista é discutida internamente, mas não há um político de consenso. Celina, Bia Kicis e Damares foram procuradas pelo Correio. No entanto, não obtivemos resposta.

 

Oposição


A oposição do governo, consultada pela reportagem, se divide ao avaliar a candidatura de Ibaneis. Alguns nomes consideram precipitada a definição do chefe do Executivo local em considerar ir para o Senado em 2026, enquanto outros julgam natural e oportuno o momento para a definição. Para o futuro, há outra indefinição no campo da esquerda.

 

"É absolutamente natural o Ibaneis ir para o Senado. Não é precipitado do lado de lá, porque as coisas parecem estar bem claras no campo político deles. É um nome bastante forte. Mas no DF não existe nada garantido, antes do fechamento das urnas", analisou o deputado federal Reginaldo Veras (PV). "Ibaneis é uma pessoa que vai levar no seu enredo o 'concreto' que espalhou por toda cidade, que de maneira alguma é algo ruim. Mas o calcanhar de aquiles dele é a saúde e a educação, que deixou e deixa desejar e não é de hoje", analisou o parlamentar.

 

Veras, que recentemente anunciou a pré-candidatura ao Palácio do Buriti, salientou que o nome dele deve ser lançado apenas caso Leandro Grass (PV) não consiga reverter a perda dos direitos políticos na Justiça Eleitoral. Ele, no entanto, não descarta outras possibilidades. "Meu nome é sondado ao governo. Mas, não deixo de lado uma candidatura ao Senado. É cedo para qualquer análise para as eleições, mas tenho certeza de que o Grass vencerá no Tribunal Superior Eleitoral. Ele sendo candidato ao governo, eu não serei. Buscarei outros caminhos", completou.

 

À reportagem, Leandro Grass afirmou que a esquerda colocará os nomes que disputarão 2026 no momento oportuno. Ele recorreu da decisão do TRE-DF no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde o relator do processo é o ministro André Ramos Tavares. "Me preparei para ser governador e sigo pronto para assumir a responsabilidade, se for o desejo da população. Os partidos e lideranças da oposição a Ibaneis, Celina e Damares estão trabalhando por uma grande frente suprapartidária, que terá candidaturas fortes e competitivas ao governo, ao Senado, Câmara Federal e Legislativa", afirmou.

 

Críticas


Para o deputado distrital Fábio Felix (PSol), líder do bloco PSol/PSB na Câmara Legislativa (CLDF), o momento é inapropriado para o debate, pois ainda é muito cedo para debater o cenário eleitoral de 2026. "Ibaneis devia se preocupar em governar o DF, que está em um surto de dengue e com crises em diferentes áreas do governo. No meio de tudo isso, ainda há o debate sobre o Instituto de Gestão Estratégica em Saúde (Iges-DF), que está acirrado na Câmara. Ao invés disso, ele está construindo sua plataforma eleitoral", avaliou.

 

Líder da minoria na CLDF, o deputado Gabriel Magno (PT) acredita que o governador tem se mostrado ausente. "A preocupação tem sido só com eleição. Na verdade ele não tem governado. A população tem visto e sofrido com essa ausência. Colapso na saúde, salas de aula superlotadas, filas na política de assistência social, cidade parada com o caos no trânsito e o fracasso da política urbana do governo Ibaneis, conivência com os ataques golpistas no 8 de janeiro", ressaltou.

 

Fonte: Correio Braziliense, Foto: Renato Alves/Agência Brasília

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