EUROTUR COOL SORCERY
EUROTUR COOL SORCERY
Depois de mais da metade da turnê concluída,
acredito que o saldo do trabalho é bastante positivo para a banda. Os rapazes
enfrentaram muitas dificuldades. O cansaço de tantos shows, pegar a estrada
todos os dias, um surto de gripe baqueou quase toda banda, atritos entre a
banda e os produtores locais... O saldo de tudo isso? Muito aprendizado e uma
banda cada vez melhor no palco. Eles são verdadeiramente convincentes.
Os jovens passaram por Alemanha, Bélgica e
Polônia nesses últimos dias. Começarei pelo fim. O show em Leipzig – Alemanha,
que ocorreu no dia 23 de setembro, teve elementos ímpares. A casa que recebeu a
apresentação é mantida por jovens da cidade que constroem o seu próprio espaço
cultural, de acordo com seus gostos e vontades de viverem sua juventude.
Leipzig é uma cidade progressista. Segundo moradores, é a cidade que mais vota
em partidos progressistas do país. A apresentação teve mais um elemento importante,
a participação especial do Billiam, artista australiano que ocupa um bom espaço
no rock garagem aqui da Europa. Esse encontro era esperado desde Berlim, mas
por problemas de produção não aconteceu. Billiam tem uma parceria em uma música
da Cool Sorcery, IDC Just Kill me Already,
do último álbum, o TERRA INVADERS.
Acho que é importante abrir um parêntese
para o show de Bruxelas. A Cool Sorcery chegou na cidade exausta, com o
tecladista muito gripado e todos preocupados. Mas o clima que envolveu o espaço
do show foi contagiante. Em plena segunda-feira e o espaço lotou de pessoas
ávidas para conhecer o som dos brasileiros e dançar muito. O Pedro Omar Azul,
tecladista e vocais, superou os sintomas da gripe, mostrou seu talento e
vontade de fazer as coisas acontecerem. É um músico experiente, multifacetado,
toca vários instrumentos e tem grande importância para a execução e organização
das apresentações. A banda superou o cansaço e fizeram um dos melhores shows
até aqui na turnê. Pela primeira vez vi pessoas pedindo músicas, o guitarrista
e vocalista, Marcos Assis, toca vários instrumentos e traz inovações
surpreendentes para o bedroom punk,
introduzindo elementos de vários estilos do rock. Ele é um artista nato,
compositor, arranjador, produtor além de responsável pelas gravações e mixagens
dos álbuns. Ele comandou o público e levou todos a loucura com Detonation, a música mais explosiva nos
shows e a mais tocada nas plataformas de streaming.
Falta falar dos outros três integrantes da
banda que entregaram muito em todos os shows e não foi diferente em Bruxelas.
Naruto, guitarrista, escandaliza com sua guitarra, solos frenéticos, efeitos
delirantes e uma ótima presença de palco, joga gasolina no fogo que a Cool
Sorcery acende em todos os shows. João Assis, baixista, sintetizador e vocais,
torna o som grave e pesado com seus acordes colocados precisamente em meio as
guitarras e teclados. O baixo é elemento importante no som da banda e o João Assis
dá conta do recado com sobra, enriquecendo ainda mais seu trabalho com efeitos
no sintetizador e seu carisma contagiante no palco. Por último, mas não menos
importante, é preciso falar de Sonny Heros, baterista, que dita o ritmo da
banda. Ele toca com uma desenvoltura que impressiona, colocando o peso
característico da banda, mas sem engolir os demais instrumentos e voz, tudo no
seu devido lugar. Passa do punk para o samba, para a bossa, para o jazz, com
uma naturalidade que impressiona a mim e a todos que assistem a Cool Sorcery ao
vivo.
A verdade é que o cansaço e o surto de gripe
não tiraram a energia da banda nos shows até aqui. Para resumir todas
apresentações já realizadas é importante também falar de Hamburgo, por toda a
sua importância na história do rock. A banda The Beatles iniciou seus shows na
cidade. Passaram dois anos tocando ali e foi em Hamburgo que o baterista Ringo
Starr foi incorporado ao grupo. O resto já sabemos. A apresentação da Cool
Sorcery foi em um espaço de resistência cultural chamado The Komet, com um
público conhecedor de rock e que recebeu a banda com certa desconfiança. Mas só
até a primeira música, The Cult Waltz,
que na versão ao vivo, traz uma inserção de Riders
on the Storm do The Doors e costuma conquistar o público de primeira. Ao
final do show o público delirou e pediu bis, a banda atendeu e o pub incendiou.
Foi o lugar onde a banda recebeu mais e melhores elogios nas redes sociais.
A passagem pela Polônia foi uma espécie de nirvana para todos. Stettin, foi como uma visita a velhos amigos, pessoas que receberam os guris com muito carinho, atenção, cuidados. O show foi em uma gravadora independente que também funciona como casa de shows, a Syf Records, gravadora que já havia lançado já o álbum “Sith Love, Maggie”, em fita K7 e que a pouco lançou o Terra Invadiras da mesma forma. O Marcos Assis também produziu e mixou alguns artistas da gravadora no Brasil. Portanto, foi quase uma apresentação para amigos e a banda Cool Sorcery fez questão de entregar um belo show. Stettin, na Polonia, vai deixar saudades.
Nenhum comentário
Postar um comentário