DF comemora o Dia da Pessoa com Altas Habilidades/Superdotação com avanços na educação inclusiva
DF comemora o Dia da Pessoa com Altas Habilidades/Superdotação com avanços na educação inclusiva
Desenvolvidas
desde os anos 1970, políticas públicas direcionadas ao ensino para superdotados
no DF apresentam excelência em execução
Lorrane
Santos atribui seu progresso à sala de recursos que frequentou no CEF 08 de
Sobradinho: “Ela me abriu um mundo de possibilidades que eu nunca imaginava. Os
professores me inspiraram tanto que, hoje, sou professora de Matemática na
mesma escola onde tudo começou”
Em uma sala
de aula do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 08 de Sobradinho, Lorrane Tintino
da Silva Santos, aluna do quarto ano, demonstrava uma curiosidade e uma
capacidade de aprendizado que impressionava a todos. Sua professora, percebendo
o potencial da menina em Matemática e Ciências, indicou-a para um programa de
altas habilidades.
A sala de
recursos da escola se tornou um ambiente de descobertas por dez anos, até
Lorrane se formar no ensino médio. Lá ela participava de atividades
desafiadoras, que estimulavam sua criatividade e seu raciocínio lógico,
desenvolvendo habilidades que transformaram a sua vida.
Dia da
Pessoa com Altas Habilidades e Superdotação foi instituído no DF em 2014 para
conscientizar sobre os desafios de
estudantes com essas características
Lorrane
conta que a sala de recursos foi fundamental para sua trajetória: “Ela me abriu
um mundo de possibilidades que eu nunca imaginava. Como uma mulher negra da
periferia, participar de feiras de ciências e congressos foi transformador. Os
professores me inspiraram tanto que, hoje, sou professora de Matemática na
mesma escola onde tudo começou”. A CEF 08 de Sobradinho, afinal, é referência
no ensino para crianças e adolescentes com altas habilidades (AH) ou
superdotação (SD).
Foi visando
promover a inclusão e o desenvolvimento desses talentos que, em 2014, o
Distrito Federal instituiu 11 de novembro como o Dia da Pessoa com Altas
Habilidades e Superdotação. A data busca conscientizar a família, a escola e a
comunidade sobre características únicas
desses indivíduos e os desafios que enfrentam.
Potencial
diferenciado
O Ministério
da Educação (MEC) define os estudantes com AH/SD como aqueles que demonstram
potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas: intelectual, acadêmica,
liderança, psicomotricidade e artes, isoladas ou combinadas, além de potencial
criativo, envolvimento na aprendizagem e na realização de tarefas em áreas de
seu interesse.
Na SEEDF,
para identificação e atendimento especializado aos estudantes com altas
habilidades/superdotação, é adotada a Teoria em Quatro Partes, do pesquisador
Joseph Renzulli, composta Modelo dos Três Anéis, Modelo Triádico de
Enriquecimento Escolar, Operação Houndstooth e Funções Executivas.
“Nossa
metodologia de identificação e acompanhamento permite que cada estudante seja
reconhecido em sua singularidade”, afirma a secretária de Educação, Hélvia
Paranaguá. “Não buscamos apenas identificar talentos, mas criar um ambiente
onde eles possam florescer. É um trabalho minucioso que envolve toda a
comunidade escolar para garantir o pleno desenvolvimento desses estudantes.”
Legislação
e políticas públicas
O
Atendimento Educacional Especializado (AEE) para estudantes com AH/SD no DF
possui uma longa trajetória, iniciada nos anos 1970, quando a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação (LDB) de 1971 mencionou, pela primeira vez, que os alunos
superdotados deveriam receber tratamento especializado, abrindo caminho para
políticas públicas direcionadas exclusivamente para esse público.
Desde então,
o DF tem sido um precursor na implementação dessas políticas públicas,
promovendo a formação de profissionais especializados para atender às
necessidades específicas desse público e construindo um marco legal próprio,
complementar ao produzido em âmbito nacional.
Conceito de
superdotação e altas habilidades foi introduzido no Brasil em 1994, com a
Política Nacional de Educação Especial
Em 1976, o
serviço de AEE, que já era praticado na SEEDF, foi reestruturado, a partir da
adesão à proposta do MEC, com a implantação dos núcleos de atividades de altas
habilidades/superdotação (Naah/Ss) nas 26 unidades da Federação e no DF. O
serviço passou a ser denominado Atendimento Educacional Especializado ao
Estudante com Altas Habilidades/Superdotação (AEE-AH/SD).
Atendimento
especializado
A partir dos
anos 1990, o modelo de integração iniciado nos anos 1970, em que o estudante
era preparado para ingressar em uma classe comum, passou a ser substituído
internacionalmente pelo processo de inclusão, no qual a própria instituição
educacional deveria adaptar-se ao estudante.
Em 1994, a
Política Nacional de Educação Especial introduziu o conceito de altas
habilidades ou superdotação no Brasil. No mesmo ano, o país aderiu à Declaração
de Salamanca, assegurando que alunos com altas habilidades também fossem
beneficiados pelas políticas de educação inclusiva.
Além disso,
diversos instrumentos legais e políticas públicas em âmbito nacional garantiram
o enriquecimento curricular aos estudantes com altas habilidades, a aceleração
de aprendizagem, o direito ao atendimento educacional especializado gratuito e
a identificação, o cadastramento e o atendimento, na educação básica e na
educação superior, de alunos com altas habilidades ou superdotação.
Salas de
recursos
No âmbito
distrital, a partir do final dos anos 1990, o DF construiu um arcabouço legal
próprio para garantir os direitos dos alunos com AH/SD. Um marco importante foi
a lei nº 2.352/1999, que prevê que alunos com de altas habilidades terão
atendimento especial na rede pública de ensino do DF, além de acompanhamento
psicológico e orientação específica aos pais e outros benefícios.
Salas de
recursos de escolas atendem estudantes de 4 a 17 anos com altas habilidades ou
superdotação
Em 2005, a
SEEDF criou um projeto precursor no país no qual os alunos com AH/SD passaram a
ser atendidos em salas de recursos específicas, e não nas sala de recursos
generalistas ou multifuncionais que atendem ao mesmo tempo pessoas com surdez,
cegueira, transtornos, deficiências e altas habilidades, como ocorre atualmente
nas demais unidades da Federação.
Essas salas
de recursos específicas são espaços pedagógicos conduzidos por equipes
especializadas que atendem estudantes com AH/SD de 4 a 17 anos das unidades
públicas e da rede privada, sendo 70% das vagas para a rede pública e 30% para
as escolas particulares. As atividades ocorrem uma vez por semana, no
contraturno escolar.
Organização
curricular
A Resolução
CEDF nº 1/2017, por sua vez, permitiu maior flexibilidade na organização
curricular para esses estudantes. E, mais recentemente, em 2023, foi criada a
Frente de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente com AH/SD na Câmara
Legislativa do DF (CLDF), que se reúne semestralmente para reforçar a
identificação das principais demandas dessa parcela da população e contribuir
para dar visibilidade essas crianças e jovens.
Atualmente,
tramita na CLDF um projeto que institui as diretrizes específicas e os
instrumentos de incentivos destinados ao desenvolvimento dos estudantes com
AH/SD da rede pública e privada de ensino.
“Entre
outras metas, esse projeto pretende
impulsionar as oportunidades para a formação continuada dos professores
e gestores da área de educação, além de promover conhecimento, habilidades,
motivação e engajamento desses profissionais, visto que, nem todos os
professores possuem qualificação profissional para identificar e trabalhar de
forma adequada com esses estudantes”, afirma a distrital Paula Belmonte, autora
do projeto.
Da primeira
sala de recursos, nos anos 1970, até a história inspiradora de Lorrane Tintino,
o atendimento especializado a estudantes com altas habilidades pode transformar
vidas. Com uma legislação em constante aperfeiçoamento e profissionais
especializados, a capital federal mantém sua posição pioneira na educação
inclusiva.
*Fonte : Jornal de Brasilia, com informações da Secretaria de Educação, Foto: Felipe Noronha/SEEDF
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