Comissão da Mulher avança no combate à pornografia de vingança e no acesso ao aluguel social
Comissão da Mulher avança no combate à pornografia de vingança e no acesso ao aluguel social
Na primeira
reunião após sua instituição, a Comissão Permanente do Direito das Mulheres da
Câmara Legislativa do Distrito Federal, analisou e aprovou, na tarde de
terça-feira (3/12), dois projetos que tratam de pautas femininas: um que busca
combater pornografia de vingança e outro que facilita o acesso ao Aluguel
Social às vítimas de violência doméstica. Os dois projetos seguem em tramitação
nas comissões da CLDF para, em seguida, serem apreciados no Plenário.
A proposta 1.411/24, de autoria da deputada
Jaqueline Silva (MDB), institui uma política distrital de prevenção e combate à
divulgação de conteúdo íntimo sem consentimento da mulher. Essa prática,
conhecida como revenge porn — pornografia de vingança, em
português — tem a intenção de causar constrangimento, dano emocional ou
humilhação pública à vítima.
De acordo com o texto, a ideia é implementar
campanhas educativas contra essa conduta e estabelecer canais acessíveis de
denúncia, com proteção garantida ao anonimato da vítima. Na avaliação de
Jaqueline Silva, a proposta intensifica a necessidade de apoio especializado
para lidar com especificidades jurídicas e técnicas do crime digital no
atendimento à mulher que faz a denúncia.
“Infelizmente, quando a mulher chega na delegacia,
fica constrangida por fazer esse tipo de abordagem com um policial homem”
destacou a parlamentar. “Precisamos ter dentro das delegacias uma equipe
técnica que também dê conta de mexer com isso, porque estamos falando em
tecnologia”, frisou Jaqueline Silva.
Aluguel
social
Também aprovado pela Comissão Permanente do Direito
das Mulheres, o projeto de lei 1339/24, de autoria da deputada Doutora Jane
(MDB), altera a Lei 6.623/20, que dispõe a respeito da concessão do Aluguel
Social, um auxílio às vítimas de violência doméstica. A proposta estabelece que
o acesso ao recurso do programa deve ser garantido desde o registro de boletim
de ocorrência policial.
Segundo Doutora Jane, a proposta representa um
avanço significativo na proteção dos direitos das mulheres no DF ao oferecer
moradia temporária àquelas que sofreram abusos domésticos, possibilitando-lhes
condições mínimas de segurança e dignidade enquanto buscam reconstruir suas
vidas longe do agressor.
“Quando a mulher registra boletim de ocorrência,
muitas vezes não aceita oferta de casa abrigo, que a lei já determina, mas não
tem para onde retornar. Se ela tiver oportunidade de registrar a ocorrência e
poder lançar a mão do aluguel social, com certeza vai motivar ou fortalecer a
vontade e o desejo dessas mulheres de saírem de uma relação de abuso de
violência doméstica”, ressaltou Doutora Jane.
O deputado Pastor Daniel de Castro (PP) reforçou a
importância do Aluguel Social no combate à violência contra a mulher,
enfatizando que a proposta de alteração da legislação do programa fortalece a
rede de proteção às mulheres e mostra o compromisso do Estado na garantia dos
direitos da população feminina.
“A proposta é coerente com os princípios
constitucionais da dignidade da pessoa humana e da proteção às mulheres em
situação de vulnerabilidade ao antecipar o acesso ao benefício”, citou Castro.
“Este projeto busca evitar que as vítimas permaneçam em ambiente de risco,
promovendo segurança e condições mínimas de dignidade para a reconstrução de
sua vida”, frisou.
Comissão
Instituída em março e lançada em setembro deste
ano, a Comissão Permanente do Direito das Mulheres foi criada com o objetivo de
promover e proteger os direitos das mulheres em diversas áreas, como igualdade
de gênero, combate à violência doméstica e políticas públicas ligadas à
equidade.
Os membros titulares da Comissão são as deputadas
Doutora Jane, Dayse Amarílio (PSB), Paula Belmonte (Cidadania), Jaqueline Silva
e o deputado Pastor Daniel de Castro. Já a suplência conta com os deputados
Joaquim Roriz Neto (PL), Fábio Félix (Psol), Chico Vigilante (PT), Jorge Vianna
(PSD) e Thiago Manzoni (PL), que substituirão os titulares em seus
impedimentos.
“É muito simbólico a demonstração desta Casa a respeito do cuidado com a
política pública em relação a mulher quando define que teremos uma comissão
específica para nós. Somos apenas quatro mulheres na Casa e, ainda assim,
conseguimos fazer política de metade da população do DF”, frisou Doutora Jane.
Fonte: Amanda Gonçalves, estagiária sob supervisão de Bruno Sodré/Agência CLDF, Foto: Vinicius Vicente/Agência CLDF
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