AGRICULTURA - Produção de orgânicos ganha espaço no Distrito Federal
Produção de orgânicos ganha espaço no Distrito Federal
Segundo a Emater, safra de 2023
bateu recorde. Produtores e especialista avaliam a importância de produzir e de
consumir esse tipo de alimento, que não utiliza agrotóxicos ou fertilizantes
químicos e por isso faz bem à saúde e ao meio ambiente
Propriedade no Assentamento Três Conquistas, no Paranoá, produz mamão, limão, couve-flor e couve-manteiga. Modelo orgânico foi implantado no local há cerca de uma ano- Produtor de Mamão e Beringela Jovino Rodrigeus - Assentamento Três Conquistas. - (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)
De acordo
com dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF), a
safra de 2023 de produtos orgânicos bateu recorde no Distrito Federal e
alcançou um Valor Bruto de Produção acima de R$ 142 milhões — 4% maior do que o
de 2022. Além disso, houve um aumento de 50% na demanda por alimentos
orgânicos nas escolas, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar
(Pnae).
Extensionista
rural do Escritório Especializado em Agricultura Orgânica e Agroecologia
(ESORG/Emater-DF), Maíra Andrade explica que a principal diferença entre o
produto orgânico e o convencional é que, no caso do primeiro, não é
utilizado agrotóxico ou
fertilizante químico. "É um produto limpo e mais saudável, fazendo com que
ele tenha, cada vez mais, a preferência do consumidor", ressalta.
A
especialista destaca que, para o agricultor, as vantagens de cultivar um
produto orgânico estão no fato de que, além de estar contribuindo com o meio
ambiente — por causa da não utilização de agrotóxicos — a produção tem um valor
agregado maior, em torno de 30%, em relação ao convencional. "O cultivo
orgânico demanda mais trabalho, porque muitos processos são feitos manualmente,
como a capinagem e o controle de pragas", esclarece.
Maíra
acrescenta que, por causa disso, o preço de um produto orgânico é tão mais caro
do que o cultivado da forma convencional. Mesmo assim, ela avalia que isso não
desestimula o consumo. "A pessoa está pagando mais por um alimento seguro,
essa é a proposta do orgânico. Você pode oferecê-lo desde ao bebê até ao idoso.
Esse movimento tem crescido no mundo inteiro e, no DF, não tem sido
diferente", observa.
Por isso, a
extensionista rural acredita que é preciso ter mais produtos orgânicos nas
prateleiras. "Isso incentiva a produção, pois ao aumentar a demanda,
consegue-se produzir mais. Além disso, o comerciante estará oferecendo algo
saudável para o cliente", argumenta. "Pensando na população do DF,
que de maneira geral tem um poder aquisitivo mais alto, ela prefere pagar um
valor maior para ter algo de qualidade em casa", opina Maíra.
Consciência ambiental
Segundo a
Emater-DF, até 24 de dezembro, o Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, que
é controlado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária
(Mapa), tinha 304 produtores do DF certificados. Um deles é
Anaildo Porfírio, 44 anos, produtor no Assentamento Chapadinha, em Sobradinho.
Ele conta que sua história com esse modelo de agricultura teve início em
2007.
"Fazia
parte de um grupo de famílias que conseguiram terras do governo
federal. Naquela época, para que a gente pudesse se manter, fizemos
algumas discussões com órgãos locais e chegamos à conclusão de que todos os
donos de terras teriam que trabalhar de forma agroecológica, o que incluía a
produção de orgânicos", recorda-se o produtor.
Porfírio diz que, dois anos depois, o grupo começou a trabalhar com essa consciência, para que os agricultores tivessem esse diferencial na produção. "Em 2013, a gente criou uma Organização de Controle Social (OCS), vinculada ao Ministério da Agricultura, onde os produtores podem vender seus produtos direto ao consumidor. A partir daí, alguns agricultores passaram a se certificar como produtores de orgânicos", detalha.
Anaildo Porfírio cultiva orgânicos em seis dos 10 hectares de sua propriedade: ajuda ao meio ambiente (foto: Arquivo pessoal)
Ele
ressalta que, apesar de ser um grande desafio para o agricultor orgânico
conseguir organizar a propriedade, além de produzir e escoar o estoque, o
assentamento é referência. "Atualmente, atendemos a 70 escolas do DF, por
meio do Pnae e outros programas", comenta. "Também conseguimos
projetos de parceria com os restaurantes do Senac. Hoje, a gente consegue
comercializar cerca de R$ 1 milhão por ano de produtos orgânicos, em toda a
rede Senac, por meio dessa parceria", acrescenta.
Anaildo
Porfírio acredita que o mercado de orgânicos é promissor e cresce cada vez
mais. "Precisamos mostrar para a sociedade que essa prática ajuda o meio
ambiente. Também é necessário valorizar mais os agricultores adeptos aos
orgânicos, pois eles fazem um trabalho árduo", avalia.
Lucratividade
Certificado
recentemente como um produtor orgânico, Jovino Rodrigues, 66, do Assentamento
Três Conquistas, no Paranoá, aderiu a esse modelo de produção há cerca de um
ano. "Entrei no projeto de orgânicos por meio do pessoal da Emater, que me
mostrou o conceito de agrofloresta. Por aqui, tenho mamão, limão, couve-flor e
couve-manteiga, por exemplo. Isso é bom para a produção e para o meio
ambiente", salienta.
Ele conta
que a única dificuldade é na hora da roçagem, pois não pode usar qualquer
máquina. "Durante o período de chuva, a gente passa certo aperto. Você
começa a roçar e, quando termina, já está cheio de mato lá no início",
confessa. "Mas é algo que, no geral, é bom, pois consigo ter um lucro bom.
Além disso, não prejudicamos o solo, pelo fato de não utilizar veneno na
produção", pondera.
Auxílio
Segundo a
extensionista rural do Escritório Especializado em Agricultura Orgânica e
Agroecologia da Emater-DF Maíra Andrade, a empresa tem uma gerência
especializada no assunto que, por meio do programa Certifica-DF, auxilia os
produtores nos processos de certificação, além da produção. "Temos vários
técnicos especializados em agricultura orgânica e agroecologia que tiram as
dúvidas dos produtores sobre o processo de certificação, além de intermediar em
algumas tramitações", explica.
Além do
Certifica-DF, a especialista diz que existem outras ações que auxiliam os
produtores. "Realizamos métodos coletivos, como oficinas de controle de
pragas, de sistemas agroflorestais e de plantio", detalha. "Também
temos convênios com instituições, como o Instituto Federal de Brasília (IFB),
que fazem análises gratuitas de solo e água para os produtores",
complementa.
Safra milionária
2021
- R$
108.209.030,00
2022 - R$ 137.236.901,00 (+26,8%)
2023 - R$ 142.712.745,16 (+4%)
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- #agricultura
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Fonte: Arthur de Souza/Correio Braziliense com informações da Emater-DF
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