Janeiro Branco: espaços de convivência podem ajudar a diminuir a solidão
Janeiro Branco: espaços de convivência podem ajudar a diminuir a solidão
Especialistas
da Secretaria de Saúde destacam importância da vivência coletiva como recurso
terapêutico
A
Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o isolamento social uma grave
ameaça à saúde pública. Além do impacto na saúde mental, a sensação de estar só
está associada a doenças cardiovasculares, metabólicas e à mortalidade precoce.
A gerente do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) III de Samambaia, Ana Luísa
Lamounier, acredita que espaços terapêuticos como os oferecidos nas unidades
cumprem um papel fundamental ao oferecer um ambiente de convivência.
“As pessoas
vêm para conversar, se encontrar e formar laços. Esses espaços não são só para
cuidados de saúde, mas também para integrar. Muitas vezes, práticas como dança,
fotografia ou rodas de conversa não têm o foco na atividade em si, mas no fato
de estarem juntos e partilharem experiências, o que torna tudo terapêutico”,
explica.
O corretor e
pintor, Francisco José Pereira Júnior, 62, frequenta o Caps III da região
administrativa há mais de cinco anos e concorda com a gerente. “Venho aqui para
participar das turmas, das rodas de conversa e para ver meus amigos, como a
Dra. Juliana e o Gilson. Eu ajudo na horta e plantei aquela roseira ali para
não me sentir tão sozinho”, relata. Ele foi diagnosticado com transtorno
bipolar e utiliza frequentemente o espaço de convivência da unidade. Para ele,
a solidão é o maior incômodo.
Segundo a
OMS, o mundo está se tornando cada vez mais solitário, apesar da projeção de
8,09 bilhões de pessoas no mundo em 2025. A instituição considera o problema
uma ameaça à saúde pública e novos estudos indicam que os impactos do
isolamento vão muito além da saúde mental. Entre as consequências estão
diabetes, maior risco de doenças cardiovasculares, demência e a síndrome da
fragilidade em idosos — condição caracterizada por perda de peso, massa
muscular e força física.
A
profissional do Caps III reforça que a socialização é benéfica para todos,
inclusive para pessoas introvertidas. A vivência coletiva é utilizada enquanto
recurso terapêutico. “Uma pessoa introvertida pode preferir interações mais
curtas e com poucas pessoas, mas isso não significa que ela não precise
socializar. Ter vínculos de amizade, mesmo em grupos pequenos, faz toda a
diferença”. Ela destaca que interações virtuais, como redes sociais e jogos
online, não substituem o contato presencial. “A troca que ocorre no convívio
pessoal é rica em informações e promove um impacto positivo na saúde. O
convívio social diminui o risco de demência e outras doenças. Às vezes, mesmo
quando não queremos, socializar faz bem”, conclui.
Amor como
tratamento
"Eu
acho que o amor também pode ser um tratamento muito terapêutico. Ele ajuda a
desenvolver habilidades sociais que, quando estamos isolados, acabam se
enfraquecendo. Criar vínculos, gostar de alguém, sentir-se apoiado — tudo isso
tem um impacto enorme na felicidade das pessoas. Mesmo aqui no Caps, mesmo que
o motivo principal da pessoa não seja algo relacionado ao humor, a
possibilidade de compartilhar suas experiências é sempre algo muito
terapêutico", explica Juliana Neves Batista, assistente psicossocial da
unidade.
Onde
buscar ajuda
Além das
unidades dos Centros de Atenção Psicossocial, é possível encontrar auxílio de
forma virtual. Promovida pela Gerência de Práticas Integrativas da Secretaria
de Saúde (SES-DF), a Terapia Comunitária Online é um espaço seguro, onde as
pessoas podem falar das suas questões e receber ajuda profissional.
Sempre às 15h de quintas-feiras, o grupo – apelidado de “SUS em casa” – se reúne de forma virtual. Para participar, basta acessar o link da ferramenta Zoom.
Fonte: Secretaria
de Saúde do Distrito Federal/Assessoria de Comunicação
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