NUTRIÇÃO - Merenda escolar poderá ter no máximo 15% de alimentos ultraprocessados
Merenda escolar poderá ter no máximo 15% de alimentos ultraprocessados
Prioridade
será para produção local e diversidade da alimentação
O governo federal vai reduzir de 20% para 15%
o limite de alimentos processados e ultraprocessados que
poderão compor o cardápio das escolas públicas brasileiras em 2025,
por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). O objetivo é
oferecer alimentação mais saudável aos estudantes, priorizando
alimentos mais nutritivos, produção local e maior diversidade de cultura
alimentar das regiões do país.
A determinação consta em uma nova resolução do
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia vinculada ao
Ministério da Educação (MEC). Em 2026, o limite de ultraprocessados na merenda
será reduzido ainda mais, para até 10%.
O programa atende 40 milhões de crianças e
jovens em 150 mil escolas dos 5.570 municípios do Brasil. São 50 milhões de
refeições diárias e cerca de 10 bilhões por ano, com custo anual de cerca de R$
5,5 bilhões.
O anúncio foi feito durante a 6ª edição do
Encontro Nacional do PNAE, em Brasília, na tarde desta terça-feira (4), em
Brasília, que contou com as presenças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
do ministro da Educação, Camilo Santana, de outras autoridades, além de
merendeiras, nutricionistas e integrantes da comunidade escolar de diversas
regiões do país, como professores, gestores e os próprios estudantes. O evento
não ocorria há 15 anos.
“Nossa dívida histórica com a educação é quase
impagável em um século. Até o começo do século passado, ninguém se importava se
criança tinha que ir pra escola. Aliás, não era obrigatório ir para escola.
Menina não podia ir pra escola pra não aprender a escrever carta para o
namorado. E menino não tinha que ir pra escola porque tinha que ir trabalhar,
cortar cana, qualquer outra coisa”, afirmou Lula.
“E isso justifica, quando a gente investe na
alimentação escolar, porque ninguém consegue estudar com barriga vazia. Uma
criança que sai de casa sem tomar café, que não jantou uma janta de qualidade
com as calorias e a proteínas necessárias à noite, o que ela vai aprender na
escola? Quem nunca passou fome não sabe a capacidade de não aprender nada com
fome. É duro. Paulo Freire dizia, quando a gente come, a gente fica
inteligente”, acrescentou o presidente.
Qualidade da alimentação
“Nós sabemos os impactos desses alimentos
[ultraprocessados] na alimentação dessas crianças, o problema da obesidade.
Portanto, o PNAE vai garantir qualidade nessa alimentação”, destacou o ministro
Camilo Santana, em discurso ao anunciar a medida.
O ministro também informou que o programa vai
priorizar a compra da agricultura familiar com recorte para mulheres
agricultoras. A lei já prevê que 30% dos alimentos comprados da agricultura
alimentar devem ser provenientes da agricultura familiar. “O PNAE já um grande
indutor e essa nova diretriz potencializa ainda mais esse impacto, garantindo
que mulheres agricultoras tenham papel central na alimentação de nossas
escolas”.
“Nós ficamos muito tempo na escola, e com o
lanche que as merendeiras fazem, nos ajuda na concentração, na hora da
atividade, da explicação do professor, no foco”, descreveu o estudante Miguel
Moura, 13 anos, aluno do 8º ano do Centro de Ensino Fundamental 3 (CEF3), de
Sobradinho, no Distrito Federal.
Saíram biscoitos industrializados, entraram
canjica, cuscuz, maior oferta de frutas, feijão in natura, entre outros gêneros alimentícios, explica
Jaqueline de Souza, nutricionista que participa do programa. “Melhorou muito a
alimentação escolar no país”, afirmou, em um vídeo institucional divulgado pelo
MEC.
“Muitas das vezes, a merenda escolar é a única
refeição de qualidade do estudante naquele dia”, afirmou a presidente do FNDE,
Fernanda Pacobahyba.
De acordo com o Sistema de Vigilância
Alimentar e Nutricional 2023, do Ministério da Saúde, a cada sete crianças
brasileiras, uma está com excesso de peso ou obesidade. Isso significa 14,2%
das crianças com menos de cinco anos. A média global é de 5,6%. Entre os
adolescentes, a taxa é ainda mais alta e atinge 33% do total.
Premiação
Durante o encontro, o governo lançou o projeto
Alimentação Nota 10, para capacitar merendeiras e nutricionistas do PNAE em
segurança alimentar e nutricional. O investimento será de R$ 4,7 milhões, numa
parceria entre FNDE, Itaipu Binacional, Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Sul de Minas Gerais e Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da
Extensão, Pesquisa, Ensino Profissionalizante e Tecnológico.
“A abordagem busca criar um ambiente
colaborativo para promover práticas alimentares saudáveis, sustentáveis e
ecologicamente conscientes para mais de 4,5 mil nutricionistas”, informou o
governo.
Aumento nos repasses
Em 2023, após assumir a presidência, o governo
Lula concedeu reajuste 39% no valor da merenda escolar para os ensinos médio e
fundamental, etapas que representam mais de 70% dos alunos atendidos. Para a
educação infantil e escolas indígenas ou quilombolas, o reajuste foi de 35%,
enquanto para as demais etapas e modalidades, o percentual ficou em 28%. Até
então, a alimentação escolar estava há cerca de seis anos sem reajuste.
Fonte: Agência Brasil, Fotos: Ricardo
Stuckert/PR
Nenhum comentário
Postar um comentário