Vida Real em Alta: Por Que Estamos Cada Vez Mais Cansados das Redes Sociais Perfeitas?
Vida Real em Alta: Por Que Estamos Cada Vez Mais Cansados das Redes Sociais Perfeitas?
Nos últimos anos, o feed impecável, as poses
milimetricamente calculadas e a rotina idealizada dominaram as redes sociais.
Mas esse reinado está, aos poucos, perdendo força. Em meio à saturação digital,
cresce um movimento de usuários — influenciadores e anônimos — que preferem
mostrar a vida como ela é: imperfeita, engraçada, caótica, real.
A busca por autenticidade tem ganhado espaço e
engajamento. Cansadas da pressão de parecerem produtivas, felizes e “em forma”
o tempo todo, muitas pessoas passaram a valorizar quem compartilha
vulnerabilidades, mostra o bastidor dos perrengues e abandona os filtros que
suavizam tudo, menos a ansiedade.
A Rotina Real Está Viralizando
O sucesso de perfis que mostram o “lado B” da vida
é um termômetro dessa mudança. Gente como a gente — com olheiras, louça na pia,
cabelo preso e boletos vencidos — passou a atrair seguidores por identificação,
não por idealização.
Influenciadoras como Juliana Góes, que compartilha abertamente os altos e
baixos da maternidade e saúde mental, ou perfis como o da Jout Jout, com vídeos descomplicados e sem produção,
são exemplos de como a espontaneidade virou trunfo. No TikTok e no Instagram,
vídeos com erros de gravação, desabafos sinceros e bastidores de falhas têm
engajamento altíssimo.
“O público está sedento por conteúdo que acolha,
não que pressione. Mostrar que você também tem dias ruins é um gesto de
empatia”, diz a criadora de conteúdo Nathália C., que viralizou ao mostrar seu
quarto bagunçado enquanto falava sobre ansiedade.
A Psicologia Explica: A Estética da Perfeição Cansa
O excesso de idealização nas redes não é
inofensivo. Segundo a psicóloga e especialista em comportamento digital Dra. Fernanda Reali, o padrão de perfeição alimentado
online contribui para a comparação constante e a baixa autoestima:
“A exposição contínua a corpos padronizados,
rotinas extremamente produtivas e relacionamentos idealizados gera a sensação
de que estamos sempre ficando para trás. Isso impacta a saúde mental e pode
gerar ansiedade, sentimento de inadequação e até depressão.”
Além disso, essa necessidade de performance
constante transforma o uso das redes em uma fonte de pressão, não de prazer. “É
como viver num palco. A pessoa sente que precisa estar sempre bem, criativa,
bonita, interessante — e isso esgota emocionalmente”, completa a especialista.
Como Usar as Redes com Mais Leveza e Menos Culpas
A boa notícia é que dá para continuar conectado sem
abrir mão da saúde mental. Aqui vão 5 dicas práticas para
um consumo mais consciente das redes sociais:
- Siga quem te faz bem. Se um perfil faz
você se sentir inadequado, desinteressante ou cansado, silencie ou deixe
de seguir.
- Reduza o tempo de tela. Aplicativos como
Instagram e TikTok têm recursos de controle de uso. Use a favor do seu
equilíbrio.
- Consuma com senso crítico. Lembre-se de que
todo conteúdo é recorte. Aquela manhã "perfeita" pode ter sido
um caos fora da câmera.
- Valorize os bastidores. Compartilhar o
real aproxima. Interaja mais com quem mostra vulnerabilidades, e menos com
quem só entrega a “versão editada”.
- Permita-se desconectar. Ficar off também
é autocuidado. Nem tudo precisa ser postado, nem todo momento precisa de
plateia.
A Força da Imperfeição
Mais do que uma tendência, a valorização da vida
real nas redes sociais é um respiro em meio à exaustão coletiva por validação e
controle. Mostrar as falhas, rir dos próprios tropeços e abrir espaço para
conversas honestas não só humaniza a experiência online, como ajuda a
reconstruir uma relação mais saudável com o digital — e com a gente mesmo.
Talvez, no fim das contas, a vida não precise ser
perfeita. Ela só precisa ser de verdade.
Fonte: Viver Notícia
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