Cuidados que transformam: paciente em vulnerabilidade reencontra dignidade e afeto no DF
Cuidados que transformam: paciente em vulnerabilidade reencontra dignidade e afeto no DF
O cuidado
prestado possibilitou sua inserção em uma instituição de longa permanência para
pessoas idosas no Distrito Federal
Geraldo
Amador recebe a visita da assistente social Carolina Silva, da UPA de
Sobradinho, que ajudou a acionar uma rede de apoio para o idoso - Fotos:
Alberto Ruy/IgesDF
Aos 73 anos, o carioca Geraldo Amador inicia um
novo capítulo de sua vida, agora com acolhimento, dignidade e afeto. Após
décadas vivendo sozinho e em situação de vulnerabilidade, ele recebeu o apoio
das equipes da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Sobradinho e do
Hospital Cidade do Sol (HSol), unidades gerenciadas pelo Instituto de Gestão
Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF). O cuidado prestado
possibilitou sua inserção em uma instituição de longa permanência para pessoas
idosas no Distrito Federal.
A trajetória de Geraldo é marcada por perdas e
resiliência. Ele chegou a Brasília nos anos 1970, após a morte da esposa,
deixando os quatro filhos no Rio de Janeiro, sob os cuidados da família
materna. Com o tempo, perdeu o contato com todos. Trabalhou como caseiro
em uma chácara no Lago Oeste por muitos anos, até que os problemas de saúde e o
avanço da idade o impediram de continuar.
Em novembro de 2024, debilitado e sem rede de
apoio, deu entrada na UPA de Sobradinho com diagnóstico de doença pulmonar
obstrutiva crônica (DPOC). Ele também apresentava histórico de tabagismo,
alcoolismo e vivia em condições precárias de moradia e higiene.
“A escuta atenta revelou muito mais do que sintomas
clínicos. Ele carregava uma história marcada por solidão e ausência de
direitos. Precisávamos enxergá-lo como cidadão, não apenas como paciente”,
relata a assistente social da UPA, Carolina Silva.
Sensibilizada com a situação, a equipe acionou a
rede de proteção social do DF. Com o apoio da Central Judicial da Pessoa Idosa
e da Secretaria de Desenvolvimento Social, o nome de Geraldo foi incluído na
fila por uma vaga em uma instituição de longa permanência para pessoas idosas
(ILPI).
Mesmo após a alta, o acompanhamento seguiu. Pouco
tempo depois, ele retornou à unidade em estado ainda mais frágil. “Foi um sinal
claro de que não podíamos esperar. Era urgente garantir um acolhimento
definitivo”, lembra Carolina.
Em fevereiro de 2025, Geraldo foi transferido para
o HSol, onde continuou recebendo assistência. A equipe de serviço social do
hospital deu sequência ao caso, em articulação com a Central de Vagas.
“Quando ele chegou até nós, já havia um
acompanhamento bem estruturado. Nosso papel foi acolher também sua história e
garantir segurança emocional, além do cuidado técnico”, afirma a assistente
social do HSol, Natalia Barreto.
Após meses de espera, Geraldo foi acolhido na Casa
do Ceará de Brasília, onde reencontrou o que mais sentia falta: segurança,
convivência e afeto.
Nascido no
Rio de Janeiro, Geraldo Amador contou com o suporte das equipes da UPA de
Sobradinho e do Hsol para ser acolhido em uma instituição de longa permanência
para pessoas idosas no DF
A assistente social Carolina Silva, com quem criou
um vínculo desde os primeiros atendimentos, já foi visitá-lo. Durante o
reencontro, relembraram os momentos difíceis das idas e vindas dele à UPA de
Sobradinho. “Ele chegava debilitado, sozinho, sem medicação, sem higiene e sem
qualquer rede de apoio. Agora, ele está bem cuidado, com aparência mais
saudável e acolhido em um ambiente seguro”.
Com os olhos marejados, Geraldo contou que estava
ansioso pelo reencontro. “Ela dizia que vinha, e veio mesmo. Eu ficava
esperando. Ela cuidou de mim desde o começo. Fiquei muito feliz com a visita”,
diz.
Com um sorriso no rosto, confidenciou. “Estou me
acostumando. Não fiz amigos ainda, fico mais quieto, mas o que eu queria mesmo
era arrumar uma namorada por aqui”.
Atuação
integrada
Para o diretor de Atenção Integral à Saúde
Especializada do IgesDF, Rodolfo Lira, a história de Geraldo evidencia o poder
transformador da atuação em rede. “Esse caso mostra como a integração
entre saúde e assistência social pode, de fato, mudar vidas. É o serviço
público cumprindo seu papel com humanidade e compromisso”, ressalta.
Para Carolina Silva, cada profissional teve um
papel essencial. “Agradeço às colegas assistentes sociais Mireile Cruz e Neide
Ribeiro, que estiveram comigo em todas as etapas. O que nos move é garantir
cuidado, respeito e proteção a cada cidadão”.
Hoje, mesmo sem os filhos por perto, Geraldo já não
está mais sozinho. “Graças ao olhar atento e ao compromisso das equipes do SUS
(Sistema Único de Saúde), ele reencontrou dignidade e esperança”, conclui o
diretor Rodolfo Lira.
*Fonte: Jornal de Brasília, com informações do IgesDF
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