Hortaliças sustentam milhares de famílias e movimentam bilhões no DF
Hortaliças sustentam milhares de famílias e movimentam bilhões no DF
Com alta
produtividade, setor fortalece a agricultura familiar e abastece a capital
federal
Com cerca de
250 mil toneladas colhidas anualmente, a produção de hortaliças no Distrito
Federal tem papel fundamental no abastecimento da população local. A atividade
é fonte de renda para milhares de famílias e destaca o DF como um dos
principais polos agrícolas do país. Segundo dados da Emater-DF, o setor da
olericultura movimentou R$ 1,76 bilhão em 2023, com uma produção registrada de
249.275 toneladas. A cadeia produtiva é uma das mais importantes do campo
brasiliense, com destaque para cultivos como alface, mandioca, tomate e
repolho.
Mais de 22
mil produtores rurais estão cadastrados na Emater, e muitos deles têm na
olericultura sua principal fonte de renda. “Temos 3.314 agricultores que vivem
da atividade”, informou o órgão. A agricultura familiar representa grande parte
desse grupo, sendo atendida com programas técnicos, capacitações e orientações
oferecidas pela empresa pública do GDF. Ainda segundo a Emater-DF, em 2023
foram plantados 8.467 hectares com hortaliças convencionais e 462 hectares com
hortaliças orgânicas, de acordo com o Valor Bruto da Produção (VBP).
A maior
parte das hortaliças produzidas no DF é consumida internamente, principalmente
em feiras, mercados e escolas públicas, por meio de programas como o Programa
Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). A Emater orienta os agricultores a
participarem de chamadas públicas para fornecer alimentos à rede pública, além
de oferecer capacitações em áreas como acesso a crédito, saúde do trabalhador,
adoção de tecnologias sustentáveis e adequação à legislação ambiental.
Conhecida
tecnicamente como olericultura, essa atividade é uma das principais fontes de
renda para os agricultores locais e tem grande importância no abastecimento da
população. Segundo o engenheiro agrônomo Antônio Dantas, o termo é mais
específico do que horticultura, frequentemente usado de forma genérica. “Muita
gente não sabe, mas a horticultura engloba outras áreas, como o cultivo de
flores e cogumelos. Já a olericultura trata exclusivamente da produção de
hortaliças, como alface, mandioca e tomate”, esclarece.
Estabilidade
e alta produtividade
Conhecida
tecnicamente como olericultura, a produção de hortaliças é uma das principais
fontes de renda para os agricultores locais e tem grande importância no
abastecimento da população do Distrito Federal. Segundo o engenheiro agrônomo
Antônio Dantas, o termo é mais preciso do que “horticultura”, que costuma ser
usado de forma mais genérica. “Muita gente não sabe, mas a horticultura engloba
outras áreas, como o cultivo de flores e cogumelos. Já a olericultura trata
exclusivamente da produção de hortaliças, como alface, mandioca e tomate”,
explica.
A produção
de hortaliças no DF tem se mantido estável nos últimos anos, tanto em área
cultivada quanto no número de produtores. De acordo com Antônio, o setor já se recuperou das perdas
causadas pela pandemia. “A área cultivada gira em torno de 9 mil hectares. Em
2024, a área cultivada chegou a 8.900 hectares. O número de produtores também
segue estável, com cerca de 3.300 agricultores”, diz.O Agrônomo destaca que
grande parte desses agricultores é formada por pequenos produtores, o que,
segundo ele, está diretamente ligado à rentabilidade da atividade. “As famílias
conseguem viver com dignidade plantando pequenas áreas de hortaliças, diferente
da produção de grãos. Nessa atividade o agricultor teria que ter centenas de
hectares, no caso de hortaliça, com apenas um hectare, o agricultor consegue
viver bem”, frisou.
Um dos
principais diferenciais do DF no cenário nacional é a qualidade e produtividade
dos alimentos, resultado do trabalho conjunto de instituições públicas e
privadas. “Temos a Emater muito presente, a Embrapa Hortaliças, que é
referência nacional, e empresas privadas que fornecem tecnologia e insumos.
Isso favorece bastante os produtores”, explica Dantas. Ele destaca ainda que o
clima e o solo do Cerrado são aliados importantes. O período seco, que dura
quatro a cinco meses, favorece a produção. Já na estação chuvosa, o uso de
técnicas como o cultivo protegido mantém a qualidade. “O solo predominante
aqui, o latossolo vermelho-amarelo, tem boa drenagem e profundidade. Apesar de
pobre, com correção e adubação, ele se torna bastante produtivo”.
A vida no
campo
A rotina de
quem vive da terra, no entanto, nem sempre é fácil. Elenice Moreira, de 60
anos, trabalha com horticultura desde 2018 em sua propriedade no Paranoá, em
Brasília. Ela conta que o gosto pela roça vem de família. “Sempre gostei da
área rural. Acho que herdei isso do meu avô, que era fazendeiro em Minas
Gerais.” Na pequena propriedade, Elenice cultiva alface, cheiro-verde, hortelã,
mandioca e feijão-verde, e já trabalhou com outras culturas, como jiló, quiabo,
berinjela, vagem e abóbora. Segundo ela, as mais procuradas pelos consumidores
são alface, mandioca e cheiro-verde. No entanto, mesmo com uma demanda
relativamente estável, nem sempre consegue vender tudo o que produz. “Aqui não
vende muito porque tem muitos produtores. Quando aparece oportunidade, entrego
para a cooperativa, por indicação de conhecidos ou nas feiras do Ceasa”,
explica.
Os desafios
vão além do mercado. Um dos maiores problemas enfrentados por ela são as
pragas, especialmente a mosca-branca. “Estamos cercados por grandes produtores
que cultivam uma só cultura. Quando eles aplicam veneno, as moscas migram para
nossas plantações”, relata. A falta de água, as dificuldades para escoar a
produção e a ausência de mercado para certos alimentos também tornam o trabalho
mais duro. Elenice lamenta que, apesar do discurso de valorização da
agricultura familiar, muitas melhorias ainda não saíram do papel. “Mesmo
participando de eventos, o apoio na prática é pouco. O que a gente vende, quase
tudo vai para sementes, adubos e insumos”, desabafa.
Segundo ela,
a rotina no campo exige esforço constante. “É muito árdua. Trabalhamos de
segunda a segunda, faça sol ou chuva. Sempre digo que a vida no campo é para
quem gosta de verdade. Às vezes penso em desistir, mas a paixão pela natureza
fala mais alto.” Na produção, Elenice conta com o apoio de poucas pessoas: “Sou
eu, meu companheiro, que não gosta muito da roça, e minha filha, que faz as
entregas na cidade”. Mesmo com as dificuldades, a agricultora mantém a
esperança: “Minha expectativa é construir uma estufa bem grande, com toda a
infraestrutura, e passar a produzir só uma cultura”, planeja.
Fonte:
CARLIANE GOMES/Jornal de Brasilia - redacao@grupojbr.com, Foto: Embrapa
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