Mudança na obtenção de CNH ameaça 300 mil empregos, dizem autoescolas
Mudança na obtenção de CNH ameaça 300 mil empregos, dizem autoescolas
Proposta do
governo federal em consulta pública prevê fim da obrigatoriedade das aulas
presenciais
Mudança na obtenção de CNH ameaça 300 mil
empregos, dizem autoescolas (Foto: Marcello Casal Jr. - Agência Brasil)
A proposta do governo federal que permite a obtenção da Carteira
Nacional de Habilitação (CNH) sem a obrigatoriedade de aulas em autoescolas
reacendeu o debate sobre a formação de condutores e o futuro do setor de ensino
de direção no Brasil. O texto, em consulta pública, prevê que os candidatos
possam escolher entre aulas presenciais, cursos digitais oferecidos pela
Senatran ou acompanhamento de instrutores autônomos credenciados.
De acordo com reportagem da CNN Brasil,
a iniciativa visa reduzir custos e simplificar o processo de habilitação. No
entanto, segundo a Federação Nacional das Autoescolas (Feneauto), a medida
poderia gerar sérios impactos sociais e econômicos, além de colocar em risco a
segurança viária. A federação estima que até 300 mil empregos diretos e
indiretos estejam ameaçados nas 15 mil empresas do setor em todo o país.
Críticas à
proposta e alerta sobre segurança
O presidente da Feneauto, Ygor Valença, classificou a proposta como uma
“substituição do sistema atual”, e não uma modernização. “O texto apresentado
não traz modernização nem desburocratização. O que está em curso é uma
substituição do sistema atual, não um aprimoramento. Modernizar seria revisar
as exigências já existentes, e não eliminar o processo de formação
profissional”, afirmou.
Valença também contestou o argumento do governo de que o novo modelo
aumentaria a segurança nas vias. “Mais pessoas com habilitação não significam
necessariamente mais segurança. É um raciocínio equivocado. Não basta emitir
documentos, é preciso garantir que o motorista esteja realmente preparado”,
disse o representante da categoria.
Feneauto vê
proposta como medida populista
A federação considera que a iniciativa, que promete reduzir em até 80% o
custo para tirar a CNH, tem caráter populista e pode agravar a insegurança no
trânsito. “Se hoje temos 20 milhões de pessoas dirigindo sem habilitação,
liberar o processo sem preparo não vai resolver o problema, vai ampliá-lo. O
foco deveria estar em fiscalização, educação e treinamento, não em flexibilizar
a formação. É como um estádio que comporta 80 mil pessoas e recebe 100 mil.
Regularizar os que entraram sem ingresso não impede o colapso, apenas legaliza
o erro”, afirmou Valença.
Caminhos
legais e mobilização política
Mesmo que a proposta avance após o período de consulta pública, a
Feneauto acredita que existem meios legais para barrar sua implementação. “O
Congresso é quem legisla sobre trânsito. Se o governo insistir, existem
instrumentos como o Projeto de Decreto Legislativo (PDC) ou a anulação judicial
da medida”, explicou o presidente da federação.
Valença acrescentou que a entidade está articulando apoio político em
Brasília para discutir alternativas. “Temos apoio de deputados e senadores que
já manifestaram preocupação com o tema. Queremos uma proposta equilibrada, que
reduza custos, mas preserve a segurança e o papel educativo das autoescolas”,
afirmou.
Expectativas
para o texto final
O dirigente acredita que o processo de consulta pública pode resultar em
um texto mais técnico e equilibrado. “Acreditamos que seja possível corrigir a
minuta. O ideal seria que ela passasse pelas câmaras técnicas do Contran, onde
há pedagogos, especialistas, Detrans e representantes da sociedade civil. Essa
diversidade é essencial para garantir uma norma sólida”, defendeu.
Valença reforçou ainda que o setor não é contrário à modernização, desde
que ela ocorra com responsabilidade. “A tecnologia deve somar, não substituir.
O setor está pronto para evoluir com segurança jurídica e inovação, mas sem
abrir mão da formação de qualidade”, concluiu.
Consulta
pública segue aberta
A consulta pública sobre o novo modelo de formação de condutores está
disponível na plataforma Participa + Brasil até 2 de novembro de 2025. Após o
término do prazo, as contribuições serão analisadas pelo Conselho Nacional de
Trânsito (Contran), que definirá o texto final a ser encaminhado ao governo
federal.
Fonte: Guilherme Levorato - brasil247.com
Nenhum comentário
Postar um comentário