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Campeão do Slam DFão, Prince Belofá lança “Neguinho”, álbum que aponta os problemas sobre as estruturas sociais

 Campeão do Slam DFão, Prince Belofá lança “Neguinho”, álbum que aponta os problemas sobre as estruturas sociais

Artista de 21 anos, o rapper Prince Belofá, realizou o lançamento de seu aguardado disco de estreia, Neguinho”, no dia 20 de novembro, data emblemática da Consciência Negra. O disco é marcado pela força lírica e pela profundidade das abordagens temáticas de Belofá, em rimas contundentes que celebra a identidade, a espiritualidade e a resistência negra, embaladas pelas batidas de rap e afrobeat.

“Esse disco me fez ser o homem que eu nunca imaginei que poderia ser! Hoje eu sou o oposto dos exemplos de masculinidades negras que tive contato na vida, na ficção e no rap. Ser um homem preto que não foge da responsabilidade, que não tem medo de se autoafirmar, que não tem medo de declarar o amor às mulheres negras; ser esse homem preto que é sensível e carinhoso, mas sem abrir mão da minha autodefesa, do meu protesto e da minha grandeza”, afirma Prince.

Nascido em Sobradinho (DF), João Victor – seu nome de batismo – aos 10 anos de idade, começou a descobrir o gosto pela escrita ao ter contato com livros de poesias como os de Mário Quintana, e a partir daí a palavra passou a conduzir sua trajetória.

Na adolescência começou a escrever suas próprias poesias e mais tarde, encontrou nas batalhas de rima, nas ruas e na escola, um meio de transformar seus versos em música. Em 2019, mergulhou definitivamente na cultura hip hop, e nos Slams, se tornando em 2023 o campeão do Slam DFão, representando o Distrito Federal no Campeonato Nacional de Poesia Falada.

O disco que celebra a resistência e provoca reflexões sobre as estruturas sociais, conta com uma narrativa coletiva ao reunir nomes como Marcelo Café, Nayê, Aggin, Isa Marques, Aqualtune e Layó.

Após anos de trabalho dedicados ao disco, desde a concepção, à gravação e à mixagem, Prince Belofá reflete sobre o lançamento de Neguinho:

“A principal expectativa com esse disco é conseguir contar a minha história, conseguir mostrar pro mundo quem eu sou. O que eu passei até aqui, o que eu entendi dessas vivências que eu passei, sendo atravessado pelas coisas que eu fui atravessado dentro dessa sociedade, sabe? Eu acho que é por isso que o disco começa com a frase ‘A lágrima no olho, muitas vezes regou meu caminho’ E no final das contas, a última faixa traz ‘Muito prazer, eu sou o Prince Belofá’. Então eu começo abrindo a minha história para o mundo e finalizo agradecendo quem ouviu. Acho que a principal expectativa é que as pessoas conheçam esse universo que eu estou criando no álbum”.

Para Prince Belofá, nomear o álbum Neguinho é, antes de tudo, uma provocação que parte das múltiplas nuances que a palavra carrega. O artista explica que desejava reunir diversas perspectivas possíveis de “neguinho” dentro do disco, já que o termo assume pesos distintos dependendo de quem o pronuncia:

“Quando minha mãe, minha avó, ou meus afetos me chamam de neguinho tem o peso muito diferente de quando uma pessoa branca me chama de neguinho. Tem um peso diferente quando meu pai e meus amigos me chamam de neguinho, e esse título traz essa provocação, porque dependendo da ótica que você olhar, você vai sentir identificação, afeto ou incômodo” E conclui, “Em qualquer um dos casos isso é bom, porque abordo todos esses sentimentos no disco”.

Assim, o álbum atravessa o “neguinho” dito com amor, o “neguinho” marcado pelo racismo e o “neguinho” que acende um alerta ou reforça identidade.

 

Fonte: Redação Pretessências

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